Jorge Maranhão – A Voz do Cidadão https://www.avozdocidadao.com.br Instituto de Cultura de Cidadania Sat, 24 Apr 2021 22:36:31 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.2.6 163895923 Do DCSP: “O país visto das redes”, por Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/do-dcsp-o-pais-visto-das-redes-por-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/do-dcsp-o-pais-visto-das-redes-por-jorge-maranhao/#respond Sat, 24 Apr 2021 22:36:27 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39929 O país visto das redes

Aos amigos das redes sociais, que insistem na insana busca de uma terceira via, tento explicar no privado que, lamentavelmente, não existe esta opção 


  Por Jorge Maranhão23 de Abril de 2021 às 15:07

  | Mestre em filosofia pela UFRJ, dirige o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão e autor de “Destorcer o Brasil. De sua cultura de torções, contorções e distorções barroquistas”. Email: jorge@avozdocidadao.com.br


A terceira via

Diante da crescente campanha de uma “terceira via”, depois que nossos supremos torceram e contorceram as leis para transformar um presidiário em presidenciável, se avizinha a maior farsa de nossa pestilenta política esquerdista: regressar à cultura barroquista de todo poder ao establishment das bancadas de corruptos políticos fisiológicos, aliados às privilegiaturas da alta burocracia e da burritziaesquerdopata de artistas, jornalistas e acadêmicos parasitas do Estado.

Será que acham que é mesmo viável tertius do naipe de humoristas, animadores de auditório, governadores investigados e operadores de retroescavadeiras? Acham mesmo que somos imbecis?

O pior é a enorme massa de manobra, que acredita piamente nos aparelhos ideológicos do barroquismo esquerdista nacional contra a chamada “extrema direita”. Pois simplesmente está equivocada quando acha que existe a tal da terceira via, que não existe só dois lados, mas algo além da verdade e da falsidade. Chama-se a isto “relativismo moral”, arma canalha do gramscismo torcendo e distorcendo a tradição barroca da farsa.

Aos amigos das redes sociais, que insistem na insana busca de uma terceira via, tento explicar no privado que lamentavelmente não existe esta opção na verdade, mas apenas na enganação da estratégia das tesouras da hegemonia de esquerdas, ditas carnívoras e veganas, se alternando no poder para tentar impedir a direita de chegar ao governo. E, se chegar, usar de todos os meios para impedi-la de governar.

Pois a cultura política dominante no país e a da obstrução de pauta!

Exatamente a intolerância das esquerdas em seus vários matizes tenta se passar por tolerante, ao falsear o debate dito democrático, desde que excluída a direita – a que chamam sempre de extrema e reacionária.

Toda a tradição dos valores morais judaico-cristãos, veio da crença, da fé, e não da razão cientificista. As fake news que tanto denunciam nada mais são do que uma retórica eufemística do velho boato, ou rumor da tradição política ocidental. Pois o problema não é o rumor, o boato ou a farsa, mas o uso político que se faz dos mesmos.

O problema é que a retórica barroquista, que pode ser de sentido extremamente moral no campo das letras (a moral da história das fábulas, contos de fadas, das farsas e burlas do teatro), não pode ser transposta para o campo da política e da justiça, sob pena de virar simplesmente engodo e trapaça.

A maior parte do que os profetas afirmaram desde o Velho Testamento jamais foi provada pelo cientificismo. No entanto, têm um sentido paradigmático para o legado moral do Ocidente. Se as esquerdas querem se travestir de modernas e progressistas e não reconhecem isto, é porque na verdade não têm consciência da maior virulência que se abateu na modernidade, que é legado barroco do esquerdismo.

A música barroca, por exemplo, não deixa de ser a catedral estética da beleza musical pelo fato de servir à reforma protestante. Pois pode servir também à contrarreforma católica! Se não tem este discernimento, é por que os ditos ponderados da esquerda light são na verdade os piores esquerdistas, que juram que não são, apenas porque não apresentam os sintomas explícitos.

Isentolândia

Nestes tempos de troca de generais isentões e de culhões, vale refrescar os que questionam o “golpe” de 64 que fez aniversário neste mês. Estão fartamente documentadas em fotos e filmes “as marchas da família por Deus e pela liberdade”. Negar isto ou questionar sobre percentuais de aprovação da população ao movimento militar não é absolutamente um debate honesto.

Por favor! Sobretudo aqueles que foram lobotomizados pela propaganda socialista da imprensa, universidades e artistas ativistas a partir da nefasta barganha da “lei da anistia” de 79, e a entrega do aparelho ideológico da sociedade à esquerda contra a desmobilização das guerrilhas revolucionárias. Vejam vídeo insuspeito da própria USP, que até hoje é um antro de esquerdistas.

Sobre o quadro do processo de subversão socialista: o que não avisaram aos russos foi a retorção barroquista da Justiça brasileira. O Brasil estava no auge da fase de implantação socialista do início da década de 2010, com a hegemonia petista aliada ao centrão, quando começaram as sucessivas megamanifestações contra o mensalão. O que resultou na operação Lava-Jato, e no desmonte da corrupção esquerdista com o petrolão.

O que falta neste quadro é exatamente o papel da justiça, de um novo judiciário, e a mudança de posição da quadrilha do Supremo diante da ameaça da Lava-toga. Este é o ponto de inflexão que acabou por extinguir a Lava-jato: a trincheira decisiva da quebra da hegemonia esquerdista e da consolidação, ou não, da união da centro-direita que ascendeu com Bolsonaro – o que eu chamo da retorção de nossa tradição cultural barroquista, de quatro séculos de corrupção dos valores morais.

Para os que insistem em chamar de golpe militar e ditadura o movimento de 64, fica a questão: ditadura como, se houve eleições indiretas e sucessivas para 5 presidentes militares? Ditadura teria havido se fosse apenas um ditador por período superior a um mandato presidencial, e sem congresso aberto que validasse – como no caso de Pinochet, Videla etc.

Democracia é um conceito discutidíssimo na história das ideias políticas desde Platão. Uma vez que, não raramente, descamba para demagogia e oclocracia. Liberdade dos grupos esquerdistas que tramavam revoluções, guerrilhas, atos e atentados terroristas realmente não houve, mas a repressão/distensão foi equivocadamente “negociada” em troca do aparelhamento esquerdista dos meios de reprodução ideológicos, como academia, imprensa e justiça.

Gerações inteiras a partir das décadas de 60 até 90 sofreram lavagem cerebral. Não reconhecer isto é falsear o debate desonestamente, e permanecer no obscuro e tortuoso túnel barroquista sem vislumbrar a razão iluminista que estávamos a perseguir desde o golpe da república.

República do blefe

Senadores blefam contra ministros do supremo de frango quanto à eventualidade de botar para tramitar os vários pedidos de impeachment protocolados na casa. Por sua vez, os sinistros do supremo tirano federal blefam contra suas excrescências quanto à pauta de julgamento de crimes senatoriais de corrupção e lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e outros mimosos tipos penais.

E se desenha o Oroboro barroquista da serpente abocanhando o próprio rabo, instituições que cuidam apenas de promover ações umas contra as outras e não cumprem mais sua missão constitucional em prol dos cidadãos que lhe pagam as mordomias. Como já se levantou e denunciou: mais de 2/3 da ação estatal cuida da própria ação estatal, e não dos interesses dos cidadãos. A república do blefe de se fazer passar exatamente pelo que se não é, ou do que se não é pelo que de fato é!

Jogos nas redes

Por que será que as pessoas postam tantas fotos de si nas redes sociais? Ou citações de outros, para disfarçar que não são de “auto-ajuda”? E continuam sozinhas na vã expectativa de um mísero like? Pois, nas redes, não se encontram amigos de fato. Apenas a farsa de amigos, a ironia, o paradoxo, os eufemismos e hipérboles: o barroquismo do jeu de mots, jeux d’images, jeux d’idées das artes e letras.

Das artimanhas da pobreza de espírito humana de transformar palavras em trocadilhos que, por sua vez, remetem à jogos de imagens ilusórias. Mas que, quando no campo do pensamento, se tornam ideias enganosas da realidade.

Como diria o grande T. S. Eliot, estamos diante de homens ocos, a enganarem-se uns aos outros nesta Terra desolada de ideias, valores e princípios. Uma modernidade que, na ânsia do novo pelo novo, inspira na verdade o Barroco que, em priscas eras, já foi rico quando se curvava ante divinas imagens. E hoje nada mais é do que o barroquismo da soberba esquerdista que quer que os homens se curvem diante de outros homens.

Educação da ‘psico-política’

A fábrica de antifas em massa da educação pública brasileira, depois de mais de 20 anos de governos esquerdistas, consiste na introdução na base curricular dos temas transversos da ideologia de gênero, do ambientalismo, do globalismo, do abortismo, do relativismo moral, do novo paganismo contra as religiões tradicionais, do imanentismo, da anti-arte, da transgressão da norma gramatical, do ativismo judicial, desarmamentismo, liberação das drogas etc. Em suma, pura militância cultural gramsciana!

Persisto na tese de que o esquerdismo é a última expressão da resiliência barroquista desde que Cervantes prenunciou Gramsci, quando denunciou a intoxicação de Don Quixote pelos romances de cavalaria – da mesma forma como fazem hoje nas escolas públicas os militantes esquerdistas, antifas travestidos de professores, com os temas transversos e tóxicos acima descritos.

Rock ’n’ roll

Um amigo me envia vídeos nostálgicos dos primórdios do rock’n’roll dos anos 50, antes da escalada das revoluções de costumes a partir dos anos 60, entre os quais o famoso “Rock around the world” com Elvis Presley, numa sugestiva coreografia de um bando de jovens revoltados numa prisão.

Lembro a ele que já nos anos 70/80, reagíamos contra os “anos rebeldes” com a onda de canções líricas de B. J. Thomas e até mesmo os maiores sucessos dos Beatles, como “Yesterday”, “Hey Jude”, “Imagine” e outros.

Participávamos da desconstrução dos valores da tradição ocidental judaico-cristã, sem nos darmos conta do tamanho do estrago da “contracultura”. Em “Rock’n’roll lullaby”, B.J. Thomas nos dá um comovente exemplo de como ainda “somos os mesmos e vivemos como nossos pais”, no incondicionado amor de uma mãe pelo seu filho. Reveja o clipe na internet e me contem depois.

Culture de merde

A que nível chegou a torção barroquista de nossa baixa cultura com a decisão esdrúxula do militante Faquinha, acompanhada depois pelo pleno de equívocos… Que decepção esta Carmem Lúcifer, lamentam os incontáveis memes! Viva o resiliente barroquismo da cultura brasileira!

Trocar o mérito de uma sentença pelo detalhe do processo, e conspurcá-lo com falsas provas. Trocar a pintura pela moldura. Trocar a essência pelo efeito. A substância pelo adereço. O mote pela glosa. O efêmero pelo duradouro. O fato pela versão. Torção, retorção, contorção, distorção. Trocar a realidade pela ficção! Culture de merde, comme on diraient les français, resistente a qualquer tentativa de Iluminismo, e já se vão mais de dois séculos atrasados no Brasil!

A ironia

A ironia é um dos mais frequentes recursos para miríades de memes satíricas que viralizam nas redes sociais. No entanto, seus autores talvez desconheçam de que se trata de uma das mais antigas e perversas figuras retóricas barroquistas, pois tomam o que é pelo que não é, e vice-versa, abandonando a alma humana à sua total perdição!

Se nas fábulas e contos de fadas infantis, como bem observou o grande crítico inglês Chesterton, ensejam a educação moral dos jovens, no aprendizado do discernimento e do juízo, nas relações jurídico-políticas da sociedade, são a expressão da própria desordem moral.

Enquanto não entendermos isto, sobretudo os formadores de opinião como os produtores de conteúdo das redes sociais, estaremos retardando nossa entrada na cultura iluminista do bom senso e da plena razoabilidade. 

Basílica de Santa Maria della Salute

Nestes tempos de pandemônio, estamos todos saudosos de nossas viagens de férias. Angustiados mesmo se e quando poderemos retomá-las, sobretudo para os países do primeiro mundo e de alta cultura. E eis que alguém me envia fotos de suas férias passadas em Veneza.

Por trás da pose sorridente de turista feliz, está a Basilica de Santa Maria della Salute, que tem as maiores volutas barrocas entre todas as igrejas e catedrais da Renascença. Estas volutas, e não o alegado chiaroscuro, é que demonstram a maior característica do Barroco e marco da “grande confusão”, como diria Eric Voegelin, que se seguiu à modernidade.

Comecei a estudar este símbolo maior da retórica barroca e seu transbordamento por todas as áreas da expressão cultural ocidental no meu livro “Destorcer o Brasil”. Mas será que a face-amiga quer mesmo saber o que foi fazer em Veneza, para além de passear nas gôndolas?

Creia, amiga, que nunca achei nenhuma reflexão consistente, mesmo entre os conservadores da mais alta estirpe sobre a influência da cultura barroca no pensamento progressista. Por isso, escrevi este livro e estudo o fenômeno da resiliência barroquista em nosso imaginário ocidental. O que cheguei a pensar que se tratasse de fenômeno exclusivo da cultura latina, mas hoje vejo que penetrou também na modelar cultura da anglosfera.

CNM e o tratamento preventivo da covid

Diante da sensatez das declarações positivas do presidente do Conselho Federal de Medicina, temos de dar nomes aos bois e não generalizar a responsabilidade para toda a sociedade. Trata-se de típica artimanha retórica barroquista, herdada pelos esquerdopatas fratricidas da extrema imprensa que perderam gordas verbas de publicidade estatal, acadêmicos ociosos parasitas de universidades públicas, magistrados ativistas judiciais, alta burocracia da privilegiatura nacional, partidecos esquerdistas sem eleitores.

Buscam culpados no governo para se isentarem de qualquer responsabilidade cívica, culpam os outros antes de que possam vir a ser culpados. O fenômeno é antigo, vem da inquisição. Diante da inescapável condenação à fogueira, generalize a culpa, dilua a responsabilidade de suas escolhas para a comunidade, renegue valores da tradição, promova a farsa, finja arrependimento, mude de confissão. Resiliente barroquismo que nos retarda há dois séculos aceder ao Iluminismo!

Nelson Freitas

Respondendo ao vídeo viralizado nas redes do ator Nelson Freitas: – Nosso problema não é o povo nem as riquezas naturais que são abundantes! Mas, exatamente por este transbordamento natural, o desleixo para com os valores da tradição ocidental que nos legou uma orfandade cívica de verdadeiras elites.

Pois não existem elites desprovidas de alta cultura, sem ideal de nação, sequer de pátria; apenas saqueadoras de riquezas desde sempre. Incapazes de enxergar a luz do Iluminismo no fim do obscuro e retorcido túnel do barroquismo, onde empacamos desde o golpe da República.

Faz parte substancial e frequente da retórica barroquista a ironia que, se nas letras é notável, no debate público é imoral! O esquerdismo não tem apreço pelos valores morais da tradição, sobretudo pela vida. Basta ver o genocídio comunista russo, chinês e cubano.

E ainda têm a desfaçatez de chamar de genocida o atual presidente, numa descabida figura de hipérbole que só evidencia a falta de razoabilidade e honestidade argumentativa. Aliás, a hipérbole é outra arma retórica da farsa barroquista que, se nas letras é inigualável, transbordada para o debate público é simplesmente desprezível e estéril.

– O problema, Janaína, da Lava-jato sem a Lava-toga!

Todavia podemos acreditar que evoluímos muito desde 2013 para cá, com as grandes manifestações e a exposição da Lava-Jato. O que antes acontecia sem transparência, hoje é notório. O ponto de inflexão foi a ameaça que não se concretizou da Lava-Toga, onde reinou e reina a corrupção mais perversa.

Mas estamos caminhando. Precisamos de mais uma década da direita iluminista nos governos, e na chegada de uma maioria conservadora e liberal nos legislativos para tirar de nosso caminho a grande pedra que entrava o país, e para vislumbrarmos a luz da sensatez no final deste longo e tortuoso túnel barroquista de nossa história, Pois, como não avançamos na Lava-toga, eis que a Lava-toga avançou sobre a Lava-jato.

O comentarista Rodrigo Constantino reclama de falta de coragem moral, e pergunta até quando deixaremos o Supremo rasgar a Constituição.

Simples. Sabemos muito bem que, até quando não ocuparmos o Senado para exigir a tramitação dos pedidos de impeachment da quadrilha suprema, ao mesmo tempo em que devemos ocupar o Supremo para exigir a pauta de julgamento da quadrilha do senado. Com ou sem apoio das FFAA. Apenas com coragem moral, virtude iluminista.

Enquanto isto não ocorre, nosso SSTF, que não pode se meter em demanda política de hipótese alguma, sob pena de abuso de poder e desvio de função, infelicita toda uma nação. Quando deveria rejeitar tão simplesmente qualquer demanda de procedência e inspiração política para a real independência dos poderes e felicidade geral da nação.

Chega de barroquismos! Janaína Paschoal, que vive denunciando manobras processualísticas dos supremos desmandos, precisa ler minha tese e entender que o buraco é mais embaixo, a questão é cultural, da artimanha barroquista de trocar a pintura pela moldura, o mote pela glosa, a essência pelo acessório, o juízo, enfim, pelo processo.

E volta a circular o vídeo do general Mourão avisando que o exército não vai bater continência ao Lularápio. Foi dada a senha? Enquanto isso, nossos sinistros “executam” o plano de combate à covid. E o Brasil regride mais uma vez ao barroquismo anterior ao século 17, quando o estado tutelava a liberdade religiosa. Porque, de nada adianta as esquerdas serem minoritárias nos executivos e legislativos nacionais se, tendo aparelhado os judiciários, sobretudo as cortes superiores, acabam por impor sua vontade por sucessivos e indevidos recursos aos tribunais superiores. E este tem sido o nó que temos de desatar urgentemente, senão nada vai andar.

o nó do borogodó.

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Do DCSP – “Trump e a ingenuidade retórica dos conservadores”, por Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/do-dcsp-trump-e-a-ingenuidade-retorica-dos-conservadores-por-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/do-dcsp-trump-e-a-ingenuidade-retorica-dos-conservadores-por-jorge-maranhao/#respond Thu, 22 Oct 2020 09:31:16 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39888

Nessas eleições, a questão decisiva não apenas para a cidadania norte-americana, mas para a cidadania de todo o planeta é: queremos mais Estado ou menos Estado?



Acompanhando os debates e as estratégias de argumentação da campanha presidencial norte-americana fico perplexo com a ingenuidade retórica dos conservadores. Já se disse, aliás, que por argumentarem com lógica, acham que seus contendores progressistas se limitam a ela e prezam pelo princípio moral da admissão da verdade.

Desde 1988, quando ainda operava uma agência de propaganda especializada em estratégia de argumentação, assessorei alguns candidatos em campanhas eleitorais, o que me levou a escrever artigos em vários jornais e um livro sobre as experiências (Mídia e cidadania, Rio: Topbooks, 1993).

Nele, descrevo os oito quesitos essenciais para a formulação de uma estratégia de campanha bem-sucedida: o currículo do candidato, o objetivo do mandato, sua argumentação, seu histórico de vida pública, sua equipe, trânsito nacional e internacional nos vários setores sociais, suas crenças doutrinarias e o partido a que pertence.

Sendo que o primeiro quesito, até por isso colocado em primeiro lugar na lista, é o mais importante e determinante dos demais. Ou seja, antes de abrir a boca para argumentar, um candidato tem seu próprio ser como argumento. Argumento ético, do ethos, antes mesmo do argumento lógico, da razão, ou mesmo retórico, da persuasão.

Pois um candidato já diz muito de si na mera exposição de sua figura com a legenda de seu principal oficio independente mesmo do seu histórico político. Sobretudo entre candidatos com níveis de publicidade as mais diversas, quanto mais se diametralmente opostas, como no caso de Trump e Biden.

Somente depois de sua apresentação como sujeito é que se seguirão os atributos do que pensa, do que pretende fazer, na companhia de quem, segundo que princípios e crenças, adendos secundários diante da imagem mesma do candidato.

Tentar argumentar em sentido inverso, colocando os predicados antes do sujeito, é recurso retórico. Pois antes de saber o que pensa, o que pretende e no que crê, precisamos saber de quem se trata. Se não, estamos diante de uma clara artimanha para intimidar o contendor e jogar para a plateia. Especialidade, é claro, dos progressistas para intimidar os conservadores desde a hegemonia da retórica sofista no âmbito da democracia clássica grega, retomada nos tempos modernos.

Em termos clássicos, primeiro temos de saber do ethos do candidato para depois, então, procurarmos investigar e dar publicidade ao seu logos ou mesmo a seu pathos. Pois, em termos lógicos e não retóricos, o sujeito vem antes do predicado, o ser antes do saber, do agir ou do sofrer uma ação.

Vendo o debate de Trump com Biden, não me contive e mandei uma mensagem urgente e carregada nas tintas para a página de contatos de sua campanha na internet, chamando a sua atenção sobre o equívoco da estratégia de participar do debate dentro daquelas regras que só favorecem o candidato progressista independente da argumentação conservadora.

Pois se tratavam de escolhas de dez tópicos todos de interesse da argumentação progressista, democrata-populista, como: pandemia, obamacare, ativismo racial, violência policial, desemprego, comércio internacional, mudança climática, Oriente médio, relações com China, abortismo, casamento gay, votação a distância etc. Enfim, a política fatiada e servida em pedaços pela grande mídia notória adversária de Trump.

Temas que encobrem a radical diferença entre os ethos dos candidatos. Com exceção de um único momento, que não durou um minuto sequer, quando Trump resumiu em termos claros e precisos:

“Em 47 meses, fiz mais do que você fez em 47 anos”, disse Trump ao vice-presidente.

E isto, por que? Simplesmente por que se Trump é um homem de negócios que empreende, corre riscos, produz riqueza e empregos, Joe Biden nada mais é do que um velho burocrata e raposa política do establishment de Washington vivendo do poder, dos recursos públicos e das corporações sindicais e empresariais interessadas no poder.

E esta é a questão que está em jogo. A questão decisiva não apenas para a cidadania norte-americana, mas para a cidadania de todo o planeta: queremos mais Estado ou menos Estado? Pois empresários sempre vão lutar pela sua minoração, enquanto burocratas sempre lutarão pelo seu inchaço. Pura questão de sobrevivência. E tudo o mais é apenas firula, retórica progressista, democratismo populista, a famosa “degeneração da pólis”, como já denunciava Platão na República.

Como digo na mensagem enviada a campanha de Trump: “recomendo uma radical mudança na estratégia argumentativa, cujo foco deve ignorar supostos itens mais importantes do ‘cardápio do dia’ da mídia progressista e se limitar à radical diferença de perfil dos candidatos. Tão simples assim. Pois o resto nada mais é do que o transbordamento contorcionista de ornamentos barroquistas típicos dos progressistas, para iludir incautos”.

Se você, leitor, concordar, e tiver algum contato com alguém próximo a campanha de Trump, por favor passe a mensagem adiante. Por que uma campanha presidencial como a norte-americana é importante demais para ficar apenas nos votos de cidadãos norte-americanos e excluir os cidadãos de todo o planeta.




 Mestre em filosofia pela UFRJ, dirige o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão e autor de “Destorcer o Brasil. De sua cultura de torções, contorções e distorções barroquistas”. Email: jorge@avozdocidadao.com.br


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Filosofia moral – o tortuoso valor da igualdade perante a lei distorce a democracia brasileira https://www.avozdocidadao.com.br/filosofia-moral-o-tortuoso-valor-da-igualdade-perante-a-lei-distorce-a-democracia-brasileira/ https://www.avozdocidadao.com.br/filosofia-moral-o-tortuoso-valor-da-igualdade-perante-a-lei-distorce-a-democracia-brasileira/#respond Thu, 10 Oct 2019 09:35:30 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39605 Todos são iguais perante a lei. Mas no Brasil uns são mais iguais que outros. Esta é a farsa que distorce nossa democracia em cleptocracia! Está é a torção que leva nosso Supremo Jeitinho a desmoralizar a democracia torcendo e contorcendo o próprio fim moral das leis!

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A Voz do Cidadão no YouTube denuncia o sequestro do Iluminismo francês pelo populismo barroquista de seus governantes https://www.avozdocidadao.com.br/a-voz-do-cidadao-no-youtube-denuncia-o-sequestro-do-iluminismo-frances-pelo-populismo-barroquista-de-seus-governantes/ https://www.avozdocidadao.com.br/a-voz-do-cidadao-no-youtube-denuncia-o-sequestro-do-iluminismo-frances-pelo-populismo-barroquista-de-seus-governantes/#respond Sun, 01 Sep 2019 23:35:42 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39419 Inscrevam-se no canal da Voz do Cidadão para que possamos dar continuidade a esta campanha pelo reencontro do Brasil com a sua verdade! Grato!

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Debate público – A corrupção da linguagem e dos valores https://www.avozdocidadao.com.br/debate-publico-a-corrupcao-da-linguagem-e-dos-valores/ https://www.avozdocidadao.com.br/debate-publico-a-corrupcao-da-linguagem-e-dos-valores/#respond Mon, 29 Jul 2019 15:02:50 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39227

Ou como a ideologia esquerdista, cuja hegemonia começa a ser quebrada, insiste na corrupção da linguagem através do abuso de figuras retóricas como a metonímia, quando troca o substantivo defensivos agrícolas por predicados como “agrotóxicos”.

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Artigo – do Diário do Comércio de São Paulo: “A privilegiatura e a farsa da República, por Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-diario-do-comercio-de-sao-paulo-a-privilegiatura-e-a-farsa-da-republica-por-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-diario-do-comercio-de-sao-paulo-a-privilegiatura-e-a-farsa-da-republica-por-jorge-maranhao/#respond Sat, 08 Jun 2019 00:54:42 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=31913 Ainda com relação à polêmica sobre o texto reproduzido pelo presidente Jair Bolsonaro, que é de autoria de Paulo Portinho, funcionário da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e membro do Partido Novo, a ingovernabilidade do país é devida aos inúmeros sindicatos que tomam conta do orçamento público.

E nem precisa dar nomes aos bois, uma vez que passaram a chover campanhas e vídeos de associações e sindicatos de funcionários públicos nas redes sociais que resolveram vestir a carapuça defendendo seus “direitos adquiridos” contra a reforma da Nova Previdência.

Não tenho nada contra as corporações defenderem suas chamadas prerrogativas diante dos empregados do setor privado, mas não podemos argumentar com falácias barroquistas.

Temos de ter em mente de maneira mais clara possível as diferenças entre prerrogativas e privilégios. E o princípio moral que inibe tais diferenças.

Quando todos puderem, se quiserem, ter um mínimo de saúde, educação e cidadania, tudo bem, que se diferenciem os mais indispensáveis para o bem público dos mais comuns dos mortais. Os detentores de prerrogativas diante dos detentores apenas de direitos.

Mas “direitos adquiridos” me parece abuso de direitos. Pois podem ter sido “adquiridos” por meios ilegítimos, uma vez que nem todas as leis se pautam pelos princípios da moralidade pública.

Seguindo a regra de ouro da tradição moral ocidental, de que tudo que não puder ser minimamente constituído como direito de todos, na verdade, não pode ser concedido como direito de ninguém, temos o próprio fundamento da democracia e da república.

O que implica que todos somos iguais perante a lei, ou que não se pode defender apenas para sua categoria o que não possa ser estendido a todas as demais. A menos que se aceite o inaceitável que é a farsa de uma república torcida nos paradoxos do barroquismo mental.

Uma república que não é de todos, mas cativa de corporações organizadas em verdadeiros sindicatos de defesa de privilégios, simplesmente não é uma república. Mas apenas uma farsa.

Não se trata, portanto, da luta decisiva de um presidente contra a chamada privilegiatura, mas uma luta de todos os cidadãos comuns que querem mudar o Brasil para que este se aproxime mais de uma verdadeira república.

Neste sentido, identificar e dar nomes aos bois dos republicanos de araque, dos farsantes da pátria, dos renitentes contorcionistas da realidade, dos sofistas de plantão, dos retóricos das falácias, barroquistas privilecos, passa a ser dever cívico e moral de todos os cidadãos comuns.

Que devem identificá-los para o escrutínio de todos os demais cidadãos. E segue a lista para o conhecimento público, não apenas dos sindicatos das corporações que privatizam os recursos públicos, mas a lista de seus “direitos adquiridos”.

Que o leitor examine e faça, inclusive, contribuições de acréscimo ou de exclusão se os argumentos lhe parecer convincentes, sempre à luz do princípio moral de que se exija mais dos que têm mais para servir do mínimo os que menos têm:

  1. Liste-se o quanto somam os penduricalhos salariais e benefícios das elites dos agentes públicos como magistrados, promotores, procuradores, auditores fiscais e demais que lhes assemelham. Os “servidores-sindicalistas”, para além dos “sindicalistas de toga”.
  2. Mas que se aproveite e se explicite quem são os “sindicalistas de cátedra e de reitorias”, que acabaram estendendo seus privilégios para os demais cargos da cúpula administrativa e “autônoma” das universidades públicas.
  3. E também os “sindicalistas do regime próprio” da Velha Previdência. Das altas pensões do RPPS que sempre poderão ter a previdência complementar privada como alternativa;
  4. Assim como os empresários estado-dependentes, “sindicalistas de oligopólios” com dinheiro público, “os campeões nacionais”. Os que nadam de braçada nos créditos subsidiados dos bancos públicos para grandes empresas;
  5. Ou os “sindicalistas de tribuna”,da privilegiatura das legislaturas parlamentares, com verbas de  gabinete, auxílios-paletó, moradia, correios e outras espécimes raras;
  6. Ou os “sindicalistas das estatais” que se fartam de aportes do tesouro para mais de 400 empresas que só dão prejuízo para a União, sustentados com os impostos de todos os cidadãos e apadrinhados por políticos que são seus verdadeiros controladores;
  7. Ou os “sindicalistas dos subsídios” ou das desonerações de setores empresariais inteiros cevados de ganhos públicos fáceis, sem se expor a qualquer competitividade;
  8. Ou os “sindicalistas da pelegagem” que vivem dos impostos e contribuições sobre os salários dos trabalhadores, tanto para alimentar sindicatos de pelegos como a jabuticaba da justiça do trabalho que só existe no Brasil;
  9. Ou os“sindicalistas da burocracia federal”, que de federal não tem nada, pois que cuidam para que os orçamentos dos entes da União vivam a passear por Brasília para depois retornar aos estados e municípios em forma de toma lá dá cá.
  10. Por fim, quanto aos “sindicalistas da contra-informação”, que se dê melhor uso aos orçamentos escandalosos de publicidade estatal direcionados às grandes mídias que, a cada dia, perdem mais audiência em face da concorrência dos canais independentes das redes sociais.

Já apresentei em meu último livro (*), inclusive, uma alternativa de legitimação dos orçamentos estatais com a mídia. Não através de campanhas ditas de “marketing” dos entes federados ou da União, mas de um programa de publicização de valores, segmento por segmento, dos orçamentos destinados a sindicatos e corporações e seus privilégios, para que a opinião pública tenha condições de formar seu melhor juízo.

Enfim, que se demonstre publicamente os cortes dos privilégios dos que apostam no fracasso do país, dos que se opuseram e se opõem diariamente, não apenas ao governo legitimamente eleito, mas a um Brasil mais justo, próspero e republicano.

(*)“Destorcer o Brasil. De sua cultura de torções, contorções e distorções barroquistas”

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Evento – Começa hoje o II Fórum Federalista Nacional, em Curitiba, com transmissão ao vivo https://www.avozdocidadao.com.br/evento-comeca-hoje-o-ii-forum-federalista-nacional-em-curitiba-com-transmissao-ao-vivo/ https://www.avozdocidadao.com.br/evento-comeca-hoje-o-ii-forum-federalista-nacional-em-curitiba-com-transmissao-ao-vivo/#respond Wed, 29 May 2019 16:26:43 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br/?p=30663 O MAIS IMPORTANTE EVENTO SOBRE FEDERALISMO NO PAÍS

Começa hoje o II Forum Federalista Nacional, em Curitiba, promovido pelo Instituto Federalista. A abertura terá palestra magna do Dr. Jorge Bernardi, que falará sobre as Origens do Federalismo Brasileiro, e os demais painéis ocorrerão ao longo dos dias 30 e 31.

Temas diversos, como Federalismo na “Alemanha, Áustria e Austrália”, “Totalitarismo Tributário”, “Caminhos para uma nova Constituição Federal”, “Autonomia local: Condições, Problemas e Oportunidades”, “Princípio da Subsidiariedade”, “Federalismo e combate à corrupção”, “Federalismo e Reestruturação do Sistema Tributário Brasileiro”, “Poder Moderador e Crise Política Atual: deslocamento de poderes para o STF” e “O Barroquismo Brasileiro e a Crise Nacional” serão abordados em painéis e palestras com a presença de conferencistas do Brasil e do exterior, dentre os quais, o Jurista Modesto Carvalhosa,  o Prof. Augusto Zimmermann – uma das maiores autoridade mundiais em Princípio da Subsidiariedade, Nicholas Aroney diretamente da Austrália, considerado o maior especialista em federalismo no mundo, dentre cientistas políticos, delegados da Polícia Federal, políticos e tributaristas.

O evento será transmitido ao vivo, pelo canal do Instituto Federalista – https://www.youtube.com/watch?v=YS6KXUPXlaY

O site da entidade é www.if.org.br

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Artigo – do Globo: “Pundonor”, por Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-globo-pundonor-por-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-globo-pundonor-por-jorge-maranhao/#respond Mon, 27 May 2019 10:54:57 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br/?p=30652

“Em 6 anos, Rio deixou de gastar R$ 3 bilhões do orçamento em programas para conter efeitos da chuva, diz TCM”, segundo matéria do G1 de 11/5.
Imediatamente me veio à lembrança outra notícia sobre a isenção de IPTU que o Sr. Crivella concedeu a 426 templos na cidade em seus dois primeiros anos na Prefeitura, número recorde diante de gestões anteriores. Quando inquerido pela CPI do impeachment da Câmara de Vereadores sobre a relação dos templos beneficiados pela regalia, com base na lei de transparência, o alcaide simplesmente não respondeu alegando sigilo fiscal.
Como vemos, desculpa esfarrapada, falácia populista, contorção argumentativa. Na verdade, mero uso da res publica para fins de favorecimento ao seu sindicato dos bispos, como tenho demonstrado pela nossa cultura política barroquista renitente.
Nossas autoridades públicas fingem desconhecer os princípios morais que devem reger o interesse público. E depois, quando a cidade está caindo aos pedaços, apelam para as fatalidades meteorológicas ou para a falácia do “deus das lacunas”. Se não blasfêmia, puro cinismo.
Ou, no popular, falta de vergonha na cara. Certeza da impunidade. Aposta na ignorância política da plebe. A mesma que, habitante das zonas mais carentes da cidade, antes isentas de IPTU, passaram a receber carnês de mil reais logo que “o bispo da Universal” assumiu.
No barroquismo castelhano de fins do século XV, quando o Brasil ainda estava para ser descoberto, se cunhou o termo punt d’honor, vertido para o português como pundonor, ponto de honra, decoro, altivez, orgulho, brio, respeito, dignidade, retidão, princípio moral que norteia alguém a procurar merecer e manter a estima e consideração dos demais na sociedade, sobretudo a nobreza, os de nobres sentimentos, como medida mesma de legitimação de sua posição social.
Mas como tenho dito, o Brasil nasceu para além da Renascença, em pleno furor barroquista e, filho cultural de total desmesura, se entregou ao populismo mais chulo que distorce a democracia em demagogia. E o iluminismo, que poderia ter sido o contraponto para nosso barroquismo mental, não foi sequer aventado por nossas toscas elites positivistas desde o golpe da república.
Jorge Maranhão é escritor

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Evento – 2º Fórum Federalista Nacional, em Curitiba, de 29 a 31 de maio próximo. Não perca! https://www.avozdocidadao.com.br/evento-2o-forum-federalista-nacional-em-curitiba-de-29-a-31-de-maio-proximo-nao-perca/ https://www.avozdocidadao.com.br/evento-2o-forum-federalista-nacional-em-curitiba-de-29-a-31-de-maio-proximo-nao-perca/#respond Thu, 16 May 2019 16:30:09 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br/?p=30594

Do site do Instituto Federalista www.if.org.br

ESCRITOR JORGE MARANHÃO FARÁ A PALESTRA DE ENCERRAMENTO DO 2º FORUM FEDERALISTA NACIONAL

Jorge Maranhão dará a honra ao Instituto Federalista de realizar a palestra de encerramento do 2º Forum Federalista Nacional.

O escritor caracteriza-se por ser muito ativo. É jornalista, consultor e empreendedor social. Mestre em filosofia pela UFRJ, tem se dedicado às áreas da cultura, política, arte e comunicação. Fundador da Propaganda Professa, tem prestado consultoria na área de comunicação institucional e cidadania corporativa para empresas nacionais e estrangeiras desde 1981.É autor de dois livros de ficção, além de ensaios como “A Arte da Publicidade”, de 1978, e de “Mídia e Cidadania”, de 1983. Em 2003, lançou “A Voz do Cidadão, o livro de mútua-ajuda da cidadania”e, em 2006,“Cultura de Cidadania, para construir um novo país”.

Em 2018, “Destorcer o Brasil: de sua cultura de torções, contorções e distorções barroquistas”.

Tem colaborado com artigos de opinião para os principais jornais do país desde 1988, como O Globo, Jornal de Brasília, O Estado de São Paulo, revista Época e Valor Econômico. Atualmente é colunista fixo do Diário do Comércio de São Paulo e do Congresso em Foco de Brasília.Dirige o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão e edita o site www.avozdocidadao.com.br tendo produzido e apresentado por 10 anos os boletins da Voz do Cidadão nas rádios Globo e CBN.Fundador do Instituto Millenium em 2005.

É líder Avina desde 2003. E líder cívico RAPS desde 2016.

No seu último livro, cujo título é Destorcer o Brasil: De Sua Cultura de Torções, Contorções e Distorções Barroquistas (Ibis Libris) trata da grande reviravolta política que ocorreu nos últimos anos. O brasileiro deixou de ser um eleitorado que beira a omissão para uma total polarização ideológica.

O autor defende a tese de que o Brasil chegou a um estágio que não anseia apenas por mudanças políticas, mas sim, por alterações em todo o complexo cultural, inclusive no comportamento social da própria cidadania, desde as manifestações de 2013. Jorge acredita que essa nova maneira de pensar e se posicionar vem surpreendendo até mesmo os analistas políticos, defendendo a hipótese de que para compreender o que está por vir a partir de 2019, há a necessidade de se refletir mais profundamente sobre toda a cultura brasileira, debate que deverá ocorrer, para além das redes sociais, nos espaços mais analíticos das mídias tradicionais.O autor sustenta que a mentalidade barroquista, sem os limites estabelecidos pela Renascença e pelo Iluminismo, acabou por “vazar” para a cultura brasileira, como um todo. Por isso crê que os fatos socio-políticos recentes são apenas as manifestações de uma causa muito mais profunda.

O barrquismo que nos caracterizou até agora atingiu os seus limites, por isso é de se esperar que a nação brasileira se torne mais racional, alterando completamente as suas relações sociais e políticas. Está ocorrendo uma mudança de paradigma.

Quem ler o interessante livro de Jorge Maranhão adquirirá uma visão diferenciada da nossa realidade presente.

Este livro poderá ser adquirido no 2º Forum Fedealista Nacional e será autografado pelo autor.

E o evento será transmitido ao vivo pelas várias redes sociais.

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Artigo – do Diário de Comércio de São Paulo: “Notícias falsas, pensamentos falsos”, de Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-diario-de-comercio-de-sao-paulo-noticias-falsas-pensamentos-falsos-de-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-diario-de-comercio-de-sao-paulo-noticias-falsas-pensamentos-falsos-de-jorge-maranhao/#respond Sun, 12 May 2019 11:09:48 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br/?p=30580

https://dcomercio.com.br/categoria/opiniao/noticias-falsas-pensamentos-falsos


Nossa grande imprensa, a serviço voluntário ou involuntário de uma visão de mundo esquerdista, exacerba atribuições sociais como as de investigar, denunciar e julgar de instituições típicas de Estado.

Por Jorge Maranhão 11 de Maio de 2019 às 09:13

Mestre em filosofia pela UFRJ, dirige o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão e autor de “Destorcer o Brasil. De sua cultura de torções, contorções e distorções barroquistas”


Circula nas redes sociais um post interessante que demonstra bem nosso atávico apego pelas contorções do barroquismo mental, pelas falácias da argumentação barroquista e pelo falseamento compulsivo da realidade! Problema mais profundo do que as campanhas contra as alegadas fake news da grande imprensa.  

Trata-se de uma tabela comparativa sobre a média de assassinatos por mil habitantes entre duas cidades americanas, Chicago, onde é proibida a venda e posse de armas, e Houston, onde é liberada.  

No rodapé da tabela, o comentário irônico, não fosse trágica a farsa da argumentação desarmamentista com a qual está comprometida a maior parte de nossa “inteligência”, sobretudo jornalistas, artistas e intelectuais de viés esquerdista.         

Pela ironia da Brilliant conclusion” [conclusão brilhante], não é a legislação que garante o direito de defesa dos cidadãos de Houston, que resulta em menor índice de homicídios por mil habitantes, mas sim a média de temperatura mais fria de Chicago que causa mais homicídios. 

E o que é este falso argumento senão a típica falácia da consequência indevida ou da falsa causa que, dentre tantas que assomam ao debate público demagógico nacional, expressa o nosso barroquista contorcionismo mental.  

Se adoramos retóricas, figuras de linguagem, oratórias discurseiras, caímos frequentemente em falácias.  

Costumo dizer que não salvaremos o Brasil e a civilização latino-americana da estagnação e decadência se, para além de medidas políticas e econômicas, não enfrentarmos a renhida batalha cultural.  

E para aqueles que se apressam em regurgitar a infundada crença de que “cultura não se muda”, aconselho uma reflexão menos rasa sobre o que vem acontecendo com o país desde o advento da Lava Jato. 

Para tanto, temos de recuar aos tempos da descoberta do Brasil, quando a Renascença já não era mais classicista, mas tomada pelo barroco (XVI). E a tal ponto que, visto no seu início como um desvio ou mero ornamento, o barroco passou a ser considerado um novo estilo de época. Se não mesmo uma nova visão de mundo. 

Dois séculos depois, o iluminismo europeu esbarrou no Brasil com a resistência do romantismo, do indianismo e do positivismo! Até mesmo nosso modernismo nas letras, no cinema e na arquitetura é pleno de barroquismo. Vide Guimarães Rosa, Glauber Rocha e Oscar Niemayer e seu gosto inarredável por espirais, volutas, circunlóquios, hipérboles e paradoxos. 

O esquerdismo só foi doença infantil do comunismo na Europa que teve Iluminismo! Na América Latina, por escassez de bom senso, o esquerdismo tem sido a doença senil do barroquismo. Mal de cura muito mais difícil! 

E nossa imprensa, de viés socializante e coletivista, consegue fazer de uma campanha contra  fake news o próprio fake thought em que está irremediavelmente imersa. Pois o que se tratava primordialmente de expedientes tão antigos da luta política que remontam aos tempos de Roma, como calúnia, boataria, rumores, persistiu na idade moderna com as notícias plantadas, a imprensa marrom, os panfletos destruidores de reputações.  

Mais recentemente se tornou libelo de acusação de Trump contra uma grande mídia de viés esquerdista, que insiste em lhe rotular as pechas as mais negativas. Com o advento das redes sociais como ferramenta de luta política, a grande mídia passou a fazer campanha contra o fake news por uma alegada imparcialidade em face da blogosfera.  

Mas a grande mídia progressista, seja a liberal americana ou esquerdista populista latino-americana, mesmo excluindo deliberadamente os atores políticos conservadores de seu noticiário, sempre acaba por deixar à mostra seu rabo preso ao facciosismo tendencioso do esquerdismo 

Com uma agenda decidida a priori da própria cobertura de qualquer fato social, atesta que pior do que o fenômeno do fake news é o fenômeno do fake thoughts que o fundamenta. 

Senão, vejamos a agenda esquerdista, progressista, desarmamentista, abortista, anti-família, gaysista, sexista, feminista, estatista, banditista, vitimista etc, que toma como verdade absoluta termos e expressões que só revelam a defesa da mesma  

Como por exemplo a de definir como “Golpe de 64”, bem como a “ditadura militar” que lhe seguiu, como versão definitiva inquestionável   sobre o período histórico, quando correntes cada dia mais representativas de historiadores conservadores estão a defender abordagens as mais diferenciadas.  

Ou a de se referir ao filósofo Olavo de Carvalho como “guru ou “ideólogo” do novo governo sem sequer avaliar a grandeza de sua obra, se apegando aos impropérios do personagem que o próprio escritor resolveu assumir nas redes sociais e inexistem na sua obra filosófica.  

Aliás, se o filósofo é seguido por centenas de milhares de leitores e frequentadores de seu curso, os grandes ativistas do novo conservadorismo brasileiro que saiu do armário e elegeu um presidente, a despeito de todos os prognósticos da imprensa, isto não significa nada? 

É mesmo curioso que as estrelas do jornalismo político brasileiro não admitam seus erros da mesma forma como os próceres petistas condenados não admitem os seus. 

Ou quando veiculam pesquisas “científicas” de “especialistas” e ongs ativistas do desarmamento que associam a posse e porte de armas como “causas” da escalada de homicídios como desmascarado na tabela acima.  

Ou quando assacam contra a fé religiosa e os valores morais da tradição judaico-cristã da maioria da população brasileira com expressões do tipo “viúva de uma mulher mortaou “marido de outro homem. 

Quando falseiam o debate público conotando negativamente como de direita ou de extrema direita legítimos argumentos conservadores contra os argumentos de esquerda sempre enaltecidos. Quando a etimologia dos termos sempre foi exatamente o contrário na tradição da  sinonímia de direita com “direito” e esquerda com “sinistro ou canhoto”.  

Quando bombardeiam os noticiários com notícias de “feminicídios”, novilíngua criada por movimentos feministas mundiais, apelando para a falácia de amostragem e testemunhos escolhidos. 

Quando falam de “cortes no orçamento das universidades públicas”, omitindo que são no custeio e que o mesmo é para realocar recursos para o ensino fundamental.  

Quando apelam para motes retóricos do tipo “meu corpo, minhas regras”, sugerindo que um atributo de natureza possa justificar uma propriedade humana indevida. 

Quando abusam de metonímias tomando um princípio geral como a liberdade de expressão como licença para assaques à reputação alheia. 

Quando abusam das figuras de generalização diluindo a responsabilidade individual penal para o coletivo inimputável da sociedade.   

Enfim, nossa grande imprensa, a serviço voluntário ou involuntário de uma visão de mundo esquerdista, exacerba atribuições sociais como as de investigar, denunciar e julgar de instituições típicas de Estado como o Ministério Público e a própria Justiça, num flagrante barroquista de contorção do fake thoughts em fake news [pensamentos falsos em notícias falsas]. 

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