governo Bolsonaro – A Voz do Cidadão https://www.avozdocidadao.com.br Instituto de Cultura de Cidadania Tue, 17 Dec 2019 10:03:20 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.2.6 163895923 Nova Imprensa – Gazeta do Povo: surge fora dos grandes centros uma imprensa que abriga os conservadores https://www.avozdocidadao.com.br/nova-imprensa-gazeta-do-povo-surge-fora-dos-grandes-centros-uma-imprensa-que-abriga-os-conservadores/ https://www.avozdocidadao.com.br/nova-imprensa-gazeta-do-povo-surge-fora-dos-grandes-centros-uma-imprensa-que-abriga-os-conservadores/#respond Tue, 17 Dec 2019 10:03:15 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39706 “O fim não está próximo – Bolsonaro continua firme e forte

Por J.R. Guzzo

[02/12/2019] [18:03]

Falta um mês para acabar o ano de 2019 e, pelo jeito, o governo do presidente Jair Bolsonaro vai conseguir completar o seu primeiro aniversário. Como assim? Já não deveria ter acabado? Desde o dia em que tomou posse, em 1º de janeiro, os mais sábios debates de ciência política levados ao público por um regimento inteiro de comunicadores cinco estrelas, “influenciadores”, politólogos, intelectuais, mestres de sociologia, filosofia e brasiologia, homens e mulheres de intelecto superior, etc, etc, asseguraram a todos: “O fim está próximo. Arrependam-se.”

De lá para cá, porém, parece que alguma coisa deu errado. O governo continua aí, dando expediente diário a partir das 7 horas da manhã. Seu falecimento foi adiado, pelo que mostram os fatos. Quem sabe ficou tudo para o ano que vem?

O fato é que o cidadão passou os últimos onze meses sendo informado da existência de acontecimentos que não estavam acontecendo. Escolha por onde você quer começar: para qualquer lado que olhe, o resultado vai ser o mesmo. Não saiu, até agora, o genocídio dos negros, gays, índios, mulheres, favelados e pobres em geral que tinha sido anunciado como uma certeza quase científica – era só o novo governo assumir, garantiam os especialistas mencionados acima, e o extermínio dessa gente toda ia começar.

Onde o projeto falhou? Continuam todos vivos – e não há sinais de que o governo vai fazer neste último mês de 2019 o que não conseguiu fazer durante o ano inteiro. Também não foi possível observar a liquidação do Congresso Nacional, a eliminação dos direitos e garantias constitucionais e o envio dos dois soldados e do cabo que iriam fechar o Supremo Tribunal Federal. A floresta amazônica não foi queimada para agradar o “agronegócio”; até ontem continuava lá, do mesmo tamanho que tinha em janeiro.

Onde foi parar, igualmente, a “morte política do governo”, que não tinha sabido negociar a distribuição de ministérios e outros cargos “top de linha” com os políticos – e, por isso, “não conseguirá governar”? Deve ter ficado para o ano que vem ou ainda mais adiante, pois o governo conseguiu aprovar, com velocidade recorde, a reforma da Previdência e o “Pacto Federativo”, que funcionará como um grande tratado de paz com os estados e municípios – além de uma penca de outras coisas.

O ministro do Exterior iria destruir praticamente todo o sistema de relações diplomáticas entre o Brasil e o resto do mundo. Não aconteceu. A ministra da Agricultura seria banida da cena internacional civilizada, por liberar “agrotóxicos”. Não aconteceu. O ministro do Meio Ambiente não aguentaria 15 minutos no cargo, por ser uma afronta à comunidade ambientalista, aos cientistas e ao Tratado de Paris. Não aconteceu.

E a China, então? Onze entre dez altíssimos especialistas em “comércio exterior” garantiram, com convicção definitiva, que as exportações do Brasil para “o nosso maior parceiro” seriam destruídas em poucas horas, pela postura do governo a favor do presidente Donald Trump. O mesmo, exatamente, iria acontecer com “o mundo árabe”, outro importador gigante de produtos brasileiros. Como o governo havia anunciado sua intenção de mudar a embaixada do Brasil de Telavive para Jerusalém, em Israel, nunca mais os árabes comprariam um único e miserável frango nacional.

Mais que tudo, talvez, há o mistério do ministro Sergio Moro. Foi provado nos mais sagrados santuários da mídia, da vida política e do universo intelectual, com a exatidão com que se calcula a área do triângulo, que ele “estava fora” do governo – liquidado pelas “gravações” de delinquentes digitais, pelo Coaf, pelos ciúmes de Bolsonaro, e 100 outras crises fatais. O homem continua lá, firme como o cacique Touro Sentado.

Com crises assim, vai ser preciso engolir esse governo não apenas por um ano – ou mudam as crises, ou eles ficam lá pelos próximos sete.”

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/jr-guzzo/bolsonaro-um-ano-governo/
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Artigo – De Ratio pro Libertas: “O bombardeio cruento e nojento”, por Ubiratan Iorio https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-de-ratio-pro-libertas-o-bombardeio-cruento-e-nojento-por-ubiratan-iorio/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-de-ratio-pro-libertas-o-bombardeio-cruento-e-nojento-por-ubiratan-iorio/#respond Mon, 08 Apr 2019 12:12:39 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br/?p=30449

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Quarta, 03 Abril 2019 14:22

O BOMBARDEAMENTO CRUENTO E NOJENTO

Escrito por  Ubiratan Iorio

 “Não existe oposição. O que existe é uma gritaria contra tudo o que o governo fez, acha que deve fazer ou está fazendo. Nunca houve tanta indignação por parte dos adversários em relação a quaisquer gestos do presidente, por mais banais e irrelevantes”.

Quem conhece a história do nosso país, a verdadeira, aquela que relata os fatos tal como aconteceram – e que é bem diferente daquela outra, distorcida e escrava da ideologia, que os professores “progressistas” enfiam irresponsavelmente nas cabeças de crianças, jovens e adultos – pode afirmar com total segurança que desde o ano de 1500 nunca um chefe de Estado, seja Governador Geral, Vice-Rei, Príncipe Regente, Imperador ou Presidente, sofreu tantos ataques sucessivos como o atual Presidente.

A parcela da população brasileira que não se deixa guiar, atônita, perplexa e embasbacada, vem assistindo, desde o primeiro dia deste ano e mesmo antes da própria posse do atual mandatário, a um bombardeamento cruento, impiedoso e terrível por parte dos ditos meios de comunicação. É, sem exagero, estarrecedor o canhoneio quase bélico contra o chefe de Estado, seus ministros e qualquer pessoa ou mesmo simples ideia ou acontecimento que se atreva a ser identificado, ainda que longinquamente, com o alvo das arremetidas.

Nessa guerra sem trégua dos meios de comunicação contra o primeiro governo não esquerdista em mais de três décadas, os meios baixos que têm sido utilizados têm sido tão perceptíveis que chegam ao ponto de levar o veterano jornalista José Roberto Guzzo, que pertence ao seleto grupo de profissionais da imprensa que procuram informar com isenção, a assim resumir em seu twitter:

“Não existe oposição. O que existe é uma gritaria contra tudo o que o governo fez, acha que deve fazer ou está fazendo. Nunca houve tanta indignação por parte dos adversários em relação a quaisquer gestos do presidente, por mais banais e irrelevantes”.

É verdade. Estamos presenciando uma verdadeira histeria protagonizada por “formadores de opinião”, meios políticos e o restante do “Brasil relevante”, viciados nos três velhos cacoetes: o de moldar o julgamento alheio para atender a interesses próprios, o de receber algum agrado em troca de apoio e o de julgar que sua agenda esquerdista-progressista é compartilhada por todos no país, com exceção de uma irrelevante meia dúzia de três ou quatro, que carimbam sem pestanejar como direita radical.

Cada suspiro, ou mesmo ameaça de suspiro, ou até ausência de ameaça de suspirar do governo é perseguido, difamado, caluniado, enxovalhado, detratado, injuriado e pisoteado, de manhãzinha até a mais alta noite, seja oralmente, por escrito, por imagens, por manchetes capciosas, por entrevistadores, apresentadores, locutores e escritores. Um inacreditável circo de horrores! Mentem descarada e despudoradamente em cadeia nacional e com ares de superioridade moral.

Na semana passada, por exemplo, uma jornalista conhecida por suas tendências esquerdistas do tipo maria-vai-com-as-outras, “demitiu” um ministro ao vivo, em um programa noturno de um conhecido canal fechado de TV, com ares de que estava dando um espetacular furo de reportagem, a ponto de provocar reação quase imediata do próprio presidente no twitter, desmentindo o tal furo. Retratação? Nem pensar, nem pela emissora e nem pela profissional responsável pela barrigada. E assim é sempre. Plantam mentiras que não são confirmadas, queimam reputações e fica tudo por isso mesmo.

Não quero me alongar, mas preciso convidar o leitor a pensar nos porquês de toda essa caça implacável. A meu ver, são dois.

O primeiro é mais do que evidente. Trata-se da apropriação da “verdade” por parte da esquerda e seus representantes, no bojo da conhecidíssima revolução branca gramsciana, que vem se esparramando em todos os espaços ditos culturais desde muito tempo, mas que, por incrível que pareça, infelizmente ainda é negada por muita gente contrária ao socialismo e considerada uma narrativa fantasiosa e conspiratória. Só que, enquanto os iluminados debochavam dela, essa apropriação cultural da esquerda avançou a tal ponto que hoje, se fosse feita uma pesquisa, muito provavelmente resultaria na constatação de que em cada dez jornalistas, vinte professores de escolas e universidades e trinta artistas, respectivamente nove, dezoito e vinte e sete são de esquerda. Ou seja, a praga do politicamente correto injetou socialismo nas veias e no cérebro de quase todo o mundo, sem que a maioria percebesse.

Ora, se esse esquerdismo vem ditando cartas na educação, na cultura, na política e na economia pelo menos há três décadas, quando surge alguém que se rebela, torna-se necessário destruir esse atrevimento, não é? E tome pancada, tome mentira, tome insinuação, tome acusação, tome até facada!  Não importa se esse “rebelde” recebeu carta branca com cinquenta e três milhões de assinaturas, porque assim determinam os comandos emitidos pelos três ou quatro neurônios em permanente ebulição de um jornalista típico de esquerda: é preciso dizimar esses fascistas. Chega a ser curioso e risível que muitos inocentes úteis cultivados por anos e anos de doutrinação não saibam exatamente o que foi o fascismo e boa parte deles até escreva facismo, sem s… Claro, a lógica dessa gente é vazia como um terreno baldio e por isso torna-se importante acusar os rebeldes, mesmo que seja de alguma coisa que se desconhece.

O segundo dos porquês é aquilo que um conhecido meu chamava de dor no bolso. Ora, os grandes veículos de comunicação e uma infinidade de blogueiros e sites oportunistas foram sustentados durante pelo menos treze anos pelas verbas bilionárias dos governos petistas. O novo governo, ao anunciar na campanha que acabaria com essa boa vida, estava mexendo em casa de marimbondos e, uma vez empossado, quando cumpriu o que anunciara, entende-se perfeitamente a intensidade, covardia e torpeza do bombardeio.

É difícil afirmar qual dos dois porquês, já que são visíveis e evidentes, é mais determinante e por isso parece apropriado considerar o seu resultado como o produto da fome com a vontade de comer: se um jornalista esquerdista sente incômodo com um governo de direita, é fácil imaginar o que sente um jornalista esquerdista que se sente ameaçado de perder o emprego e os altos ganhos obtidos com palestras em que é contratado na pessoa jurídica.

Assim sendo – e dado o pouco apreço que têm à ética -, tudo passa a ser válido para atacar o governo e tentar desestabilizá-lo: se o presidente suspende a concessão de novos radares eletrônicos, procuram “especialistas” que defendam os radares; se o grupo terrorista Hamas se manifesta estranhando a proximidade do governo com Israel, não titubeiam em apoiar os inocentes terroristas; se o governo dá um duro no Maduro, engolem em seco e passam a tratar Guaidó como “presidente autoproclamado”; se o governo trata o assassino terrorista Battisti como deve ser tratado – um bandido – ficam do lado do facínora, tratando-o como um militante ou ativista… E tocam o barco no jogo sujo, na certeza de que somos um bando de idiotas incapazes de pensar.

Essa oposição irresponsável, contudo, parece não ter ainda se dado conta do abismo que criou e vem alimentando incessantemente. A mídia diz é pau, mas o público sabe que é pedra. A mídia anuncia alhos, mas o povo sabe que se trata de bugalhos. A mídia quer que as pessoas aceitem suas mentiras, mas as pessoas fazem exatamente o oposto: passam a duvidar dela.

Quero reafirmar que, como todos sabem, não sou um bolsominion, um seguidor fanático do presidente. E que só decidi que votaria nele por dois motivos singelos: quando percebi que, dentre todos os candidatos, era uma voz isolada e corajosa na defesa dos valores morais em que sempre acreditei e quando vi que o seu programa econômico era muito próximo às minhas ideias. Um conservador nos costumes e um ministro da Economia liberal. Portanto, sinto-me à vontade para criticar algumas falhas que vêm acontecendo no governo e para apoiar muitas medidas que vêm sendo tomadas.

E, portanto, para dizer que esses ataques sub-repticiamente orquestrados contra o programa que o povo escolheu e o candidato que, com todos os seus defeitos, acabou com os anos das trevas (2003-2018) não têm nada a ver com liberdade de expressão. Seu objetivo é desestabilizar o país.  São, simplesmente, irresponsáveis e criminosos.

UBIRATAN IORIO

UBIRATAN IORIO, Doutor em Economia EPGE/Fundação Getulio Vargas, 1984), Economista (UFRJ, 1969).Vice-Presidente do Centro Interdisciplinar de Ética e Economia Personalista (CIEEP), Diretor da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ(2000/2003), Vice-Diretor da FCE/UERJ (1996/1999), Professor Adjunto do Departamento de Análise Econômica da FCE/UERJ, Professor do Mestrado da Faculdade de Economia e Finanças do IBMEC, Professor dos Cursos Especiais (MBA) da Fundação Getulio Vargas e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Coordenador da Faculdade de Economia e Finanças do IBMEC (1995/1998), Pesquisador do IBMEC (1982/1994), Economista do IBRE/FGV (1973/1982), funcionário do Banco Central do Brasil (1966/1973). Livros publicados: “Economia e Liberdade: a Escola Austríaca e a Economia Brasileira” (Forense Universitária, Rio de Janeiro, 1997, 2ª ed.); “Uma Análise Econômica do Problema do Cheque sem Fundos no Brasil” (Banco Central/IBMEC, Brasília, 1985); “Macroeconomia e Política Macroeconômica” (IBMEC, Rio de Janeiro, 1984). Articulista de Economia do Jornal do Brasil (desde 2003), do jornal O DIA (1998/2001), cerca de duzentos artigos publicados em jornais e revistas. Consultor de diversas instituições.

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Artigo – Do Congresso em Foco: “A falta que a cultura faz”, por Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-congresso-em-foco-a-falta-que-a-cultura-faz-por-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-congresso-em-foco-a-falta-que-a-cultura-faz-por-jorge-maranhao/#respond Thu, 17 Jan 2019 12:36:19 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br//?p=30022

Talvez pelo vício de restringir a cultura às suas meras expressões artísticas, intelectuais, folclóricas ou de lazer. Ou às pautas dos suplementos de artes e espetáculos da grande mídia. Esquecendo-se de suas manifestações judiciais, morais, religiosas e ideológicas. E, no máximo, estabelecendo suas relações com a economia, irmã gêmea da política. Quando não insistem em diagnosticar e prever o desenrolar dos fatos políticos em comparação com fatos tidos como semelhantes e ocorridos em tempos passados.

Já os analistas e críticos culturais se obrigam à dura tarefa de estabelecer relações entre os mais variados campos da expressão cultural, incorporando para tal, os recursos conceituais da filosofia da arte e da cultura. Mas não têm a merecida visibilidade por parte da grande mídia dominada pelo imediatismo da cobertura política e econômica, quando não social e criminal.

Para além da proposta de uma nova visão de nossa identidade, trata-se de uma estratégia de argumentação sobre a fadiga da República como nossa maior farsa “progressista”, ao mesmo tempo da descoberta desconcertante de nosso atávico conservadorismo, amor mesmo pelas nossas tradições.

Sobretudo pelo nosso gosto pelas torções, contorções e distorções barroquistas, pura cultura brasileira desastrosamente transbordada para a política, a justiça, a moral e os costumes, sem reconhecimento crítico, mas apenas tomada como nosso “jeito” (ou jeitinho?) de ser.

Tenho trabalhado nos últimos anos – sobretudo a partir das megamanifestações de 2013 de uma emergente classe de cidadania política – com a hipótese de esgotamento de nosso legado cultural barroquista e com a promessa, enfim, de inauguração de uma era iluminista de nossa cultura.

Nesse sentido, tenho defendido a tese de que talvez estejamos vivendo o momento histórico de superar definitivamente a hegemonia barroquista em que estamos enredados há quatro séculos. Mas talvez não estejamos percebendo.

Todavia, todo cuidado é pouco, pois se o iluminismo europeu, impregnado de romantismo, denunciou o esquerdismo como a doença infantil do comunismo, o nosso legado barroco, manco de Renascença e Iluminismo, só agora, depois de um século de defasagem e desastroso transbordamento cultural, está a denunciar nosso esquerdismo como a doença senil do barroquismo.

Nenhum de nossos maiores ficcionistas, sábios ou profetas poderia imaginar essa verdadeira reviravolta dada por nossa cultura política nos últimos anos. Chamaria mesmo de radical torção, um verdadeiro cavalo de pau de nosso legado contorcionista.

Mesmo os grandes intérpretes do Brasil – dentre os mais de 50 que inventariei em meu novo livro – denunciaram causas e fenômenos singulares de nossas raízes históricas e culturais, como o patrimonialismo e o corporativismo, o familismo e o cunhadismo, o coronelismo e o patriarcalismo, o fisiologismo e o bacharelismo.

Mas nenhum culminou no fenômeno mais abrangente, e causa última a meu ver, de todo o complexo cultural brasileiro como o barroquismo, do qual esses outros lhe seriam meros caudatários ou mesmo de incidência setorial nos âmbitos da vida social, familiar, artística, econômica, política ou moral, com suas características mais gerais de gosto pela retórica da farsa, do paradoxal, da ironia, alegoria, paródia e hipérbole.

Para além da proposta de uma nova visão de nossa identidade, trata-se de uma estratégia de argumentação sobre a fadiga da República como nossa maior farsa progressista, ao mesmo tempo da descoberta desconcertante de nosso atávico conservadorismo, amor mesmo pelas nossas tradições, e sobretudo nosso gosto pelas torções, contorções e distorções barroquistas. Nosso libidinal gozo com o arrocho das volutas da cultura nas fartas espirais da natureza.

Aliás, neste meu novo livro, faço um vasto inventário de nossos costumes barroquistas, em todos os campos da expressão cultural nacional para além das artes e das letras barrocas, e que podem ser simbolizados pelas figuras centrais das volutas e espirais barrocas, sobretudo como figuras de representação retórica do paradoxo, da farsa, da ironia e da hipérbole.

Redobradas e desdobradas volutas como formas de se ir para a direita pelo sentido da esquerda e para a esquerda pelo sentido da direita. Torções, retorções, contorções e distorções em campos tão insuspeitos como os registros históricos, os feitos empresariais, os processos judiciais, políticos, culturais e sobretudo morais.

Somos assim mesmo, o estilo da arte barroca do século XVI, sem a mediação e temperança da boa forma e da justa medida da Renascença que lhe antecedeu, nem tampouco da prudência e do equilíbrio da cultura iluminista que lhe sucedeu, desde o século XVII e XVIII, transbordou para todo o complexo cultural brasileiro, nossa chamada mentalidade barroquista, nosso apego à uma visão de mundo moldada em torções, contorções e distorções da realidade.

Enfim, nosso espírito hiperbólico, irônico, alegórico, paradoxal, parabólico, farsesco e burlesco, com que vemos, nos inserimos e tratamos tudo em nossa volta. E reviravoltas.

Meio a nosso barroquismo moral pleno de relativismo, os recursismos de nosso Judiciário plenos de atenuantes e agravantes e a farsa, para não dizer a burla, de nossa política que quer a todos enganar por todo o tempo, eis que um capitão imbuído dos valores da ordem, da disciplina e hierarquia aprendidos no Exército, se empenha em levar ao cenário central de nosso barroquismo político, o Congresso Nacional, o bom senso e a clareza do senso comum, tal qual a fábula O rei está nu, de Hans Christian Andersen.

Só não ouviram os que não quiseram ouvir a voz do capitão que representava a indignação de milhões de cidadãos desde as megamanifestações de 2013 em repúdio aos desmantelos e esbulhos de nossa cínica classe política.

A partir daí, tem sido definitivo o exercício de outro valor muito caro aos militares, a humildade de reconhecer seus próprios limites e se cercar dos melhores de cada área em que terão de atuar.

Assim, o capitão está a convocar os melhores da alta cultura brasileira para pôr em prática políticas públicas plenas de razoabilidade e efetividade, o que pode resultar numa oportunidade histórica de passarmos para uma era iluminista de afirmação do bom senso e do senso de proporção, de desapego, enfim, pelo adjetivismo, ornamentalismo e as desmesuras da vã retórica barroquista.

Para além de um novo governo, o que vemos no Brasil é um grande embate entre duas grandes tradições culturais do Ocidente, o iluminismo e o barroquismo em que temos vivido imersos todos esses séculos, por não conseguirmos reunir verdadeiras elites para empreender, enfim, a mudança do paradigma cultural da vã retórica populista para a ordem da razão no trato da coisa pública.

Nesse sentido, é um equívoco extinguir o equipamento público de maior garantia de transformação cultural contra a hegemonia da revolução cultural na área da mídia privada que teve vigência nos últimos governos petistas.

Para além do desaparelhamento esquerdista nas áreas da educação, da Justiça e das artes, se faz urgente não apenas um Ministério da Cultura, mas sobretudo uma rede de televisão pública. Assim como uma campanha pelo senso comum do cidadão comum.

Aliás, uma única rede pública não pesa no orçamento se for gerida harmônica e independentemente pelos três poderes da República, extinguindo-se esta jabuticaba barroquista de três redes para cada um dos três poderes chamarem de sua, e apenas fazerem propaganda corporativa de seus feitos, uma prova de quão desarmônicos e dependentes são de suas desmesuras.

Sobretudo uma única rede pública, como a BBC, mantida pela assinatura de seus usuários voluntários, os cidadãos, e os compulsórios, com parte ínfima do orçamento publicitário astronômico que empresas e autarquias federais destinam às redes privadas de conteúdo duvidoso.

Manter uma única rede de televisão pública até mesmo como reguladora da pluralidade cultural, ideológica e doutrinária e na conservação de nossas tradições e costumes, que deveria haver na mídia privada, mas não há, é uma oportunidade única de garantir a restauração dos valores morais da tradição ocidental judaico-cristã anunciada pelos ministérios da Educação e Relações Exteriores, uma vez que é a cultura a determinante estratégica do próprio sucesso das políticas econômicas e sociais a serem implementadas.

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https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-congresso-em-foco-a-falta-que-a-cultura-faz-por-jorge-maranhao/feed/ 0 30022
Gestão pública – Agência Futuro faz seu primeiro prognóstico do governo Bolsonaro para 2019 e 2020 https://www.avozdocidadao.com.br/gestao-publica-agencia-do-futuro-faz-seu-primeiro-prognostico-do-governo-bolsonaro-para-2019-e-2020/ https://www.avozdocidadao.com.br/gestao-publica-agencia-do-futuro-faz-seu-primeiro-prognostico-do-governo-bolsonaro-para-2019-e-2020/#respond Wed, 19 Dec 2018 12:08:07 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br//?p=29909 Tendo como traço característico uma visão integrada das áreas de política e gestão, para além da visão econômica simplesmente, a Agência Futuro faz seu primeiro prognóstico sobre os dois primeiros anos do governo Bolsonaro. Em que pese que “a relativa boa vontade da mídia” tem de fato se demonstrado como absoluta má vontade, é com bons fundamentos que a Agência comprova seu otimismo. Em que pese sobretudo a pouca atenção que é sempre dispensada à variante cultural por quase todos os analistas políticos e econômicos que, como  demonstramos em nosso livro recém-lançado “Destorcer o Brasil”, pode tornar mais lúcido nosso entendimento do passado histórico e o quanto ele determina nossa conduta política e econômica até os dias de hoje.

Veja o estudo em:

CENARIO BRASIL 2019_AGENCIA FUTURO_DEZ 2018

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