Brasil – A Voz do Cidadão https://www.avozdocidadao.com.br Instituto de Cultura de Cidadania Wed, 03 Feb 2021 20:49:27 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.2.6 163895923 Artigo do DCSP – “O Brasil que nos querem fazer acreditar”, por Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-dcsp-o-brasil-que-nos-querem-fazer-acreditar-por-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-dcsp-o-brasil-que-nos-querem-fazer-acreditar-por-jorge-maranhao/#respond Wed, 03 Feb 2021 20:49:24 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39915 O Brasil se encontra há mais de um século numa encruzilhada cultural entre avançar para o iluminismo ou permanecer no barroquismo. Para ser preciso, com o golpe da República, passamos a achar que golpes valiam a pena, e nos persuadimos por décadas seguidas em seus correlatos jeitinhos, manobras, pastiches, puxadinhos e acochambramentos que caracterizam a retórica barroquista.

Entre seguir no caminho do discernimento, último fim do iluminismo que marcou a Monarquia Constitucional brasileira, e permanecer no registro cultural dominante da farsa e do fingimento, último fim do barroquismo, escolhemos chafurdar nesse lodo!

Infeliz escolha entre as excludentes opções da razão e do bom senso iluministas, contra a paixão e insensatez barroquistas!

Passamos a confundir arte com ciência, ideologia com filosofia. Conservadorismo com reacionarismo. Progressismo com voluntarismo. Temperança com soberba!

Três décadas depois do golpe da República, sob a vil desculpa do nacionalismo, da busca pela identidade nacional, começamos a inventar e cultuar várias jabuticabas no âmbito da vida política, judicial e moral do país, como federalismo centrífugo, moeda sem lastro, milagres econômicos, democracia racial, cunhadismo e bacharelismo burocráticos, sincretismo religioso, teologia da libertação e antropofagia cultural, entre outros fenômenos.

Assim como nossas narrativas históricas e literárias começaram a se povoar de místicos religiosos, coronéis de engenhos, barões de café, heróis da jagunçagem, juízes de fora e de paz, altos burocratas servidores de si mesmos, engenheiros de obras feitas, médicos de mezinhas, curandeiros de espíritos, santos de pau-oco, moças meio-virgens, santos milagreiros, pescadores de almas, mulas sem cabeça, bois de piranha, vacas de brejo, e tantas e mais tantas fantasias e lusco-fuscos semânticos. Mas nada como a mítica figura do Curupira de pés invertidos, nossa legenda maior, a nos desviar nos caminhos da razão e do bom senso.

E nos lançamos, enfim, na Semana de Arte Moderna em 1922, que no ano que vem completa mais outro século de confusão entre arte e ciência, paixão e sensatez, conchavo e política. Pois as artes podem tudo, sobretudo transbordar de sua competência imaginária para a distorção da realidade. De torções, retorções, contorções e distorções da realidade.

Sobretudo o modernismo que, no Brasil, nunca foi tão barroquista exatamente por querer escamotear o seu solene desprezo pela nossa origem barroca, sua arrogante ignorância esquerdista porque progressista e de raiz romântica. Pois, se o modernismo europeu é o último grito de estertor romântico, o modernismo brasileiro é o chafurdar na pocilga retórica barroquista pesando a mão nas hipérboles, nas metáforas, nas ironias e, sobretudo, nos paradoxos, nossa mania visceral e nacional de ver o mundo.

Salvo algumas exceções de sempre que me veem de memória, e que vieram mais para sublimar nosso barroquismo do que propriamente para superá-lo, como os grandes Machado de Assis, Joaquim Nabuco, Euclides da Cunha, Mario de Andrade, Sergio Buarque de Holanda, Gilberto Freire, Mario Ferreira dos Santos, Villa-Lobos, Manuel Bandeira, Guimarães Rosa, Portinari, Burle Marx, Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Dorival Caymmi, Tom Jobim, Glauber Rocha, e tantos outros, que nos fizeram acreditar na transcendência de nossa miserável condição barroquista, e resgataram a alta cultura promovida durante o Império.

Mais trinta anos depois do surto modernista, vivemos uma verdadeira renascença cultural com os movimentos da Bossanova, Cinema Novo, arquitetura e literatura Modernas, quando Brasília esqueceu-se de sua missão política e virou uma Versailles distante do povo, museu a céu aberto.

Mas, desde a década de sessenta, perdemos outra vez o rumo do iluminismo brasileiro. Por viés esquerdista, a doença senil do barroquismo retornou, e achamos que, depois da transição do regime militar para a democracia, viveríamos um outro apogeu cultural.

Ledo engano barroquista, mais uma senda equivocada indicada por Curupira para a perda da razão iluminista. Meio a trinta anos de governos socialdemocratas e socialistas, eis que chegamos a uma vexaminosa estagnação cultural – para não falar mesmo em baixa cultura marginal de massa e de barbárie, especialidade da demagogia esquerdista.

A alta cultura que nos inseria na cadeia da tradição clássica do Ocidente se reduziu a arte de rua, pichação, funk music, batidão e demais acrobacias.

Porque digo isto? Por que falta a mínima união, o mínimo consenso entre brilhantes conservadores e egocêntricos liberais, sobre a melhor estratégia de argumentação para enfrentar o dragão de mil faces do esquerdismo mundial, e os estragos que deixou no Brasil carente de resistência cultural em suas elites. Malgrado as evidências históricas do fracasso socialista, na distribuição de pobreza e na crueldade ímpar na condução dos governos de inúmeras nações, estamos sempre confundindo, pelas manhas e diatribes de Curupira, a democracia com demagogia, a vilania com cidadania, a justiça plena com a justiça social, a vida com condições de vida, a liberdade como libertinagem.

Porque atacar a esquerda com argumentos racionais singulares não adianta! É mero barroquismo. Somente no atacado, no seu fundamento ético, como provou o fracasso recente da retórica trumpista. Somente em suas raízes culturais barroquistas podemos quebrar a hipocrisia e denunciar que o rei está nu! Retórica feita de farsa, paradoxo, hipérbole e transbordamento das artes para o campo da política, da justiça e da moral! Não adianta argumentar com a razão e o bom senso, pois o esquerdismo irá sempre invocar a beleza das artes!

Paulo Guedes, por exemplo, embora a razão maior entre os ministros, não soube ganhar o dispositivo militar que, por sua vez, anda sempre às turras com a ala ideológica do primeiro governo eleito por uma aliança entre conservadores e liberais. Só formando uma nova mentalidade na oficialidade podemos equilibrar as forças de doutrinação esquerdista largamente disseminadas na academia, na justiça, na imprensa, na política e nas artes e espetáculos! O professor Olavo tem razão. Mas não adianta xingar. Temos de incluir a academia militar na argumentação conservadora-liberal! Levar a sério o programa de educação cívico-militar.

Os ativistas pró-vida, anti-desarmamentistas, pró-família, da ortodoxia católica de um Bernardo Kunster, Pe. Paulo Ricardo e Bene Barbosa, os comentaristas do bom senso, ímpares destruidores de mitos, como Percival Puggina, Leandro Ruschel, Rodrigo Constantino, Caio Coppola, Ana Paula Henkel, os juristas contra a corrupção e o ativismo judicial esquerdista como Modesto Carvalhosa, Evandro Pontes, Felipe Gimenez, Ives Gandra Martins, Janaína Pascoal, Ludmila Grillo, etc.

Sobretudo os jornalistas demolidores de farsas dos poucos veículos imparciais e canais noticiosos mais influentes, como Alexandre Garcia, Augusto Nunes e Guilherme Fiúza, Claudio Lessa, Luis Ernesto Lacombe, José Luiz Datena, JR Guzzo, José Nêumane Pinto, Diego Casagrande, Diogo Mainardi, Felipe Moura Brasil, Silvio Grimaldo, Alan dos Santos, Leda Nagle, Karina Michelin, Fabiana Barbosa, Paula Marisa etc.

Os humoristas Danilo Gentili, os Hipócritas, Porta dos Fundos, Te Atualizei, Embrulha para Levar. Os canais conservadores de educação e cultura como Brasil Paralelo, Instituto Mises, Instituto Borborema, Instituto Burke, Rodrigo Gurgel, Senso Incomum, Mauro Ventura, e das editoras Vide, É Realizações, LVM, Resistência Cultural, Ecclesia e outras.

Todos unidos ainda serão poucos diante das mentalidades tomadas pela retórica esquerdista! Que joga em peso pelo #foraBolsonaro, mesmo quando quer aparentar bom senso, isenção e imparcialidade.

Veja a CNN que se diz “campeã de imparcialidade”! Evidente que não é uma #Globolixo que resolveu jogar no lixo décadas de jornalismo dito imparcial na sua campanha suicida pelo impeachment do presidente, o qual não perde uma chance em desmascará-la!

Basta ligar em qualquer telejornal, em qualquer hora do dia, e logo-logo constataremos sua rendição à retórica esquerdista. Noutro dia, e a título de mero exemplo, presenciei a âncora da CNN, Monaliza Perrone, disparar que o ministro Lewandovsky acabara de determinar que o ministro Pazuello seria “totalmente” investigado pela Polícia Federal, e ele seria “mais um dos generais investigados” no governo Bolsonaro. Fica no ar a dúvida se alguém pode ser parcialmente investigado, se na verdade é ou não é simplesmente investigado – o que deixa em aberto a parcialidade de crença da própria jornalista.

Fora o uso indiscriminado do advérbio de lugar “ali” a cada frase enunciada, como se pudesse ser “aqui” ou em qualquer outro lugar o relato, não importa do que está sendo relatado.

Aliás, esta mania de “ali” virou uma febre viral no jornalismo tupiniquim. Um verdadeiro cacoete narrativo. Repare você mesmo que, qualquer repórter ou mesmo cidadão das redes sociais, na função de narrar um acontecimento, relatar um evento qualquer, acaba lançando mão desta irritante bengala do “ali” no meio da fala. O que demonstra, como manda o bom modelo barroquista, a repetição ad nauseam e a sobrevalorização de advérbios e adjetivos sobre quaisquer substantivos, e até mesmo sobre as ações verbais.

Poderia dar mais outros infindáveis exemplos, mas nossos agentes de reprodução da cultura, repórteres da suposta realidade em cruzada mitológica contra os dragões das fake news, não demonstram sequer apreço pelo idioma, sequer dedicação à verdade dos fatos, ao menos pela reputação dos veículos de mídia através dos quais desfiam suas retrógadas retóricas.

Como disse, a Globolixo não tem mais jeito por que se trata de uma ação deliberada de campanha difamatória para além da parcialidade jornalística. Mas a CNN, soi disant “líder em imparcialidade”, precisava ter mais juízo e recorrer a alguém de fora para exercer a função de contrarregra e dar retorno aos seus jornalistas de seus atos falhos narrativos. Fica a sugestão.


]]>
https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-dcsp-o-brasil-que-nos-querem-fazer-acreditar-por-jorge-maranhao/feed/ 0 39915
Artigo do DCSP: “Os votos de que o Brasil precisa para um próspero ano novo”, por Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-dcsp-os-votos-de-que-o-brasil-precisa-para-um-prospero-ano-novo-por-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-dcsp-os-votos-de-que-o-brasil-precisa-para-um-prospero-ano-novo-por-jorge-maranhao/#respond Wed, 30 Dec 2020 07:48:42 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39909

                                                                                                       Passou “desapercebida” pela nossa facciosa mídia barroquista a nota de repúdio do Movimento Federalista contra a manutenção em cárcere do jornalista Osvaldo Eustáquio,

“Vítima de arbitrariedade da atual composição do Supremo Tribunal Federal, e da ilegalidade de sua prisão promovida por agentes do próprio Estado Brasileiro, notadamente o Poder Judiciário, pelas razões que seguem:

Inexiste no ordenamento jurídico brasileiro prisão de cunho político de cidadãos, bem como, prisão por opinião.

Inexiste no ordenamento jurídico brasileiro prisão de pessoas sem o devido processo legal e sem o direito ao contraditório, fatos que se verificam no caso do Jornalista Osvaldo Eustáquio;

A soma dos fatos dos itens anteriores caracteriza ato ditatorial incompatível com a República. No caso em tela, é claramente compreensível pelo mais simples dos cidadãos que o Supremo Tribunal Federal, bem como parcela expressiva do Poder Judiciário brasileiro, que deveriam ser a garantia dos preceitos constitucionais, tornaram-se insurgentes contra a Carta Magna do Povo Brasileiro, ao estabelecer um verdadeiro “Estado Nacional Paralelo”, uma espécie de “República Unitária do STF”, ao, gradativamente, escreverem uma nova e própria constituição, baseada no terror, na arbitrariedade, subvertendo as normas legais vigentes e destruindo o Estado de Direito.

A omissão continuada dos outros poderes da Nação em relação à essa escalada autoritária conduzirá o País à completa insegurança jurídica e institucional, que, em conjunto com as medidas restritivas decorrentes, uma pandemia, de todo suspeita, e a ameaça da obrigatoriedade de aplicação de vacinas com efeitos incertos, poderá resultar em graves conflitos civis internos, quiçá uma guerra civil de enormes proporções.

Por tais razões, exigimos:

Que o poder Executivo e o Legislativo Federal, intervenham imediatamente no STF, no sentido de sustar, enquanto ainda há tempo hábil, a deterioração da instituição judiciária.

Que o Sr. Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, lembre-se do seu juramento como militar e como Chefe da Nação, com a mão direita sobre a nossa Constituição, quando no momento de sua posse jurou defender o Povo Brasileiro e a Pátria, e para tanto, com vistas a restaurar a Ordem legal e institucional, o respeito ao ordenamento jurídico e à democracia, adote imediatamente as medidas constitucionais protetivas da Nação e da República acionando as Forças Armadas do Brasil, instituição fundamental da Nação e pertencente ao Povo Brasileiro, por meio do Artigo 142 da própria Constituição Federal.

Brasília, DF 22 de dezembro de 2020

(Ato praticado sob o Direito Constitucional de Livre Expressão – Art. 5º e incisos correspondentes).

Movimento Federalista.

Há dois anos que circula nas redes sociais uma preciosa análise de nossa miséria política feita por um de nossos maiores juristas, Dr. Ives Gandra Martins, sobre a usurpação de competências levada a cabo diuturnamente pelo nosso Supremo em desfavor dos demais poderes, notadamente o Poder Executivo, eleito majoritariamente pelos cidadãos brasileiros. O vídeo pode ser conferido aqui e o leitor pode tirar suas próprias conclusões com o bom senso que se exige. 

Bom senso e prudência de que carecem as torcionistas exegeses de nossa Lei Maior e resumem de maneira clara e objetiva o que o país precisa para superar, não apenas um ano de involuntárias dificuldades em escala mundial, mas décadas de más escolhas e consequências fatais geradas por certos ministros, com a cumplicidade do pleno de nossa Suprema Corte, e que tem condenado o país a um grande impasse civilizatório.  

Em breves palavras nosso grande jurista explana o verdadeiro sentido do Artigo 142 que titula as FFAA como o poder moderador no caso de desordem institucional, exatamente para restabelecer a ordem constitucional que versa sobre a harmonia e independência dos poderes. Pois são as FFAA que têm como comandante o chefe do Estado brasileiro, para além de sua função de chefe de governo.

Nunca é demais termos consciência de que elegemos duas funções na mesma pessoa do Presidente da República, como manda a Constituição. Tanto o chefe de governo quanto o chefe de Estado, mas parece que só o primeiro está cumprindo o mandato. 

Por conta disso, começo a me convencer de que trinta anos de hegemonia socialista e socialdemocrata no Brasil condicionaram turmas e turmas de militares de patente superior, não apenas a se omitir do dever de intervenção cívica na degradação de nossas instituições jurídicas e políticas, mas a serem cúmplices mesmo dos desmandos e abusos de seus malfadados representantes, de resto, os de nível mais baixo da história do país!

Pois foram trinta anos da mais sórdida campanha de demonização institucional levada a cabo pelas mesmas forças de esquerda que dominaram os aparelhos ideológicos do Estado, a imprensa falada e escrita e os estamentos burocráticos da academia e da justiça. Sim, pois quem tem realmente mandado no país tem sido a alta burocracia estatal esquerdista, civil e militar, exatamente para lhe eternizar a odiosa privilegiatura de um Estado cativo de seus interesses corporativos e não servidor do cidadão que lhe sustenta. 

No entanto chega a ser um prodígio hoje em dia as FFAA serem reconhecidas pela opinião pública como uma das instituições de maior credibilidade nacional. O que, aliás, nossos historiadores ainda nos devem esclarecer: que “entendimento” teria havido entre a inteligência esquerdista e militar de outrora no sentido de trocar o prosseguimento da guerrilha comunista pela sua ocupação “pacifica” dos aparelhos ideológicos do Estado? 

Na sua última entrevista nas redes sociais, a raposa felpuda de Bob Jefferson afirma que as FFAA não tomarão a iniciativa de intervenção no nosso degenerado Supremo. Mas, se insistirem em legislar como puxadinho de partidecos esquerdistas em minoria perdedora de votações nas casas legislativas, e o Senado de rabo preso não cumprir sua função de julgar os pedidos de impeachments de alguns de nossos sinistros, a iniciativa de enxotá-los de suas enlameadas togas terá de partir dos movimentos sociais, cabendo as FFAA apartar o impasse institucional e botar ordem na casa.

Pois o país não aguenta mais a sabotagem da autoridade do Poder Executivo pelo Judiciário, que custa a todos ficar à mercê de executivos mini ditadores municipais, promovendo a ruína da economia, a irresponsabilidade maníaca dos chefes de bancadas parlamentares que boicotam as reformas condenando a crescimento pífio toda uma nação.

Pois, os votos de prosperidade de um ano vindouro para toda a nação brasileira, passa necessariamente pelos votos de consciência cívica de cada uma das lideranças nacionais, sobretudo das FFAA, sobre o seu indelegável dever de agir contra a alta e sibilina delinquência e dos abusos de poderes do Legislativo e Judiciário nacionais. 

Jorge Maranhão, mestre em filosofia pela UFRJ, dirige o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão e é autor de “Destorcer o Brasil. De sua cultura de torções, contorções e distorções barroquistas“. Email: jorge@avozdocidadao.com.br

]]>
https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-dcsp-os-votos-de-que-o-brasil-precisa-para-um-prospero-ano-novo-por-jorge-maranhao/feed/ 0 39909
Artigo – do blog de Stephen Kanitz: “Entenda Essa Crise Política. É O Poder Mudando De Mão.” https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-blog-de-stephen-kanitz-entenda-essa-crise-politica-e-o-poder-mudando-de-mao/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-blog-de-stephen-kanitz-entenda-essa-crise-politica-e-o-poder-mudando-de-mao/#respond Fri, 12 Jun 2020 10:45:44 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39856

Essa súbita polarização na política, que deve estar assustando muita gente, é na realidade um fim de ciclo.

O poder reinante nesse país nos últimos 25 anos está sucumbindo, lutando com todos os seus meios para impedir o inevitável.

Usam jogo sujo sim, mas é por puro desespero. Acreditem.

Quem está perdendo miseravelmente nesses últimos 30 anos são as indústrias, os sindicatos, os trabalhadores chão de fábrica, as grandes cidades, os industriais cada vez mais falidos e subsidiados.

Quem está crescendo e ganhando é a Agricultura.

A agricultura por si só já representa 25 % do PIB, contra 10% anos atrás.

O Agronegócio, que incorpora as indústrias que o fornecem, como mineração de fertilizantes, a indústria de tratores, os bancos, as seguradoras, as transportadoras passam a ser 40% do PIB, tranquilo.

Ter 40% do PIB significa dinheiro, crescimento, poupança, prosperidade.

Significa crescente poder político, que ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, o setor Agrícola não tinha como mensurar a esses 40%.

Foi sempre a agricultura que gerou exportações e super avitaminose no câmbio, foi sempre a indústria que importou máquinas estrangeiras.

A Indústria sempre foi muito mais forte politicamente do que a Agricultura, mas agora ela definha, não apresenta lucros, não tem mais poder financeiro.

Foi sempre a Indústria que indicava os Ministros da Fazenda, normalmente economistas ligados a Fiesp como Delfim Netto e Dilson Funaro, por exemplo.

Foi esse total descaso pela nossa Agricultura que resultou no enorme êxodo rural, que tanto empobreceu o país e fortaleceu justamente partidos que atendiam as demandas dos bairros pobres.

Nada menos que 45% de nossa população teve que abandonar a agricultura, abandonada que foi pelos Ministros da Fazenda.

Que nem sabem mais o significado de “Fazenda”, apropriado para um país destinado à agricultura, como o Brasil e a Argentina.

Foi Raul Prebisch, que convenceu economistas argentinos e brasileiros como Delfim, Celso Furtado, José Serra, FHC e toda a Unicamp, a esquecer nossa agricultura a favor da “industrialização” para o mercado interno, a famosa “substituição das importações ”.

Por isso investir fortunas em “incentivos”, leis Kandir, subsídios via o BNDES em indústrias antigas, mas que “substituiriam as nossas importações”, importações que geralmente eram dos mais ricos, produzir produtos populares para classe C e D, nem pensar.

Somente a partir de 1994, que passaram a produzir para a Classe C e D, movimento do qual fiz parte.

Além das milícias que invadiam terras, a luta por reservas, contra a ampliação de terras produtivas, destruição de pesquisas de aprimoramento genético.

Nossos industriais perceberam tardiamente que foi justamente essa “substituição das importações” que iria gerar nossa estagnação e não inovação, e lentamente destruímos a nossa indústria nascente a partir de 1987.

De 27% do PIB, 45% com seus agregados, a indústria entrou numa espiral descendente para 14,5% hoje.

Que reviravolta!

Essa atual crise política no fundo é a crise da indústria e das famílias ricas desesperadas, empobrecidas, mas ainda com certo poder político.

É a crise dos sindicatos trabalhistas que viviam dessas contribuições sindicais.

Perdem poder econômico e percebem que estão perdendo o político, do qual nunca mais se recuperarão a curto prazo.

Quem acha o contrário, que pense nos números.

Isso explica o desespero da imprensa, dos artistas subsidiados, dos intelectuais das grandes cidades.

Ele é violento, por ser desesperado.

Mas é simplesmente o canto da sereia desse grupo que vivia da indústria e de seus impostos.

Os números que apontei são inquestionáveis e só tendem a crescer.

A Agricultura, justamente por ter sido esquecida pelo Estado, venceu a Presidência e 15 Estados.

Ronaldo Caiado, representante eterno dos agricultores, vence em Goiás. As grandes cidades foram contra, elegendo Doria e Witzel.

“Bolsonaro é quase unanimidade no setor”, disse Bartolomeu Braz Pereira, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja).

Mais Brasil Menos Brasília, é na realidade o brado
“mais campo e comunidade e menos cidades gigantes e em decadência moral”.

Bolsonaro foi eleito não pelos liberais nem pelos conservadores das grandes cidades, que hoje se sentem enganados e só falam mal dele.

Com o Covid, haverá uma fuga das grandes cidades para o campo, dos apartamentos para casas, dos escritórios para o Zoom.

E em mais 4 ou 5 anos, a Agricultura terá provavelmente o poder político que merece, elegerá quem quiser, com ou sem Bolsonaro candidato em 2022.

E todos sabemos que no Brasil “dinheiro é poder”.

“Follow the money”, como diria Sérgio Moro.

Infelizmente, Moro não percebeu que não foi o combate à corrupção que elegeu Bolsonaro.

Foi o apoio à Agricultura.

Na cidade Agronômica, Bolsonaro ganhou com 79% dos votos.

Na cidade de Sorriso teve 74% dos votos.

Na cidade Rio Fortuna teve 68% dos votos.

Em Mato Grosso do Sul teve 61% dos votos.

Vejam os mapas da fronteira agrícola e os votos dados ao Bolsonaro em 2018.

Quem elegerá os nossos Presidentes em 2022, 2026, 2030 será provavelmente a bancada agrícola, não a bancada industrial, sindical, nem a urbana.

A tese de que Bolsonaro não foi eleito, mas que foi Haddad que foi rejeitado não se sustenta numericamente.

Haddad tinha 41% de rejeição contra 40% de Bolsonaro. Ou seja, a diferença era de somente 1 ponto percentual.

Ricardo Salles é que está dando um chega para lá aos ecologistas que querem destruir nossa agricultura, e foi quem ajudou termos esse superavit colossal em 2020.

Ele demonstra que conseguem colocar pessoas além do Ministério da Agricultura, dando suporte a essa tese.

Bolsonaro colocou uma engenheira agrônoma como Ministra da Agricultura, em vez de um político e advogado como Wagner Rossi, indicado por Lula e Dilma.

Será o constante crescimento do Comunitarismo da pequena cidade daqui para a frente, em detrimento das ideologias do passado que fracassaram.

É o crescimento do interior Comunitário e Solidário.

Sem dúvida, uma batalha que será violenta nos próximos anos, mas tudo indica que o Brasil agrícola será o vencedor.

]]>
https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-blog-de-stephen-kanitz-entenda-essa-crise-politica-e-o-poder-mudando-de-mao/feed/ 0 39856
Filosofia – um dos maiores pensadores do mundo contemporâneo sobre o Brasil! https://www.avozdocidadao.com.br/filosofia-um-dos-maiores-pensadores-do-mundo-contemporaneo-sobre-o-brasil/ https://www.avozdocidadao.com.br/filosofia-um-dos-maiores-pensadores-do-mundo-contemporaneo-sobre-o-brasil/#respond Sat, 14 Sep 2019 14:37:34 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39485 Trata-se de Roger Scruton que visitou recentemente o Brasil e fez longa entrevista sobre a atualidade do pensamento conservador no mundo contemporâneo! Mas aqui neste depoimento vale conhecer o que ele pensa dobre o Brasil, país onde tem crescido com destaque a difusão de seu pensamento, bem como a edição de sua obra!

]]>
https://www.avozdocidadao.com.br/filosofia-um-dos-maiores-pensadores-do-mundo-contemporaneo-sobre-o-brasil/feed/ 0 39485
Artigo – “O Brasil dos trouxas”, por J. R. Guzzo https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-o-brasil-dos-trouxas-por-j-r-guzzo/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-o-brasil-dos-trouxas-por-j-r-guzzo/#respond Sun, 04 Aug 2019 14:34:18 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39267 O ex-candidato presidencial João Amoêdo tem um problema sem solução junto à maioria dos economistas brasileiros. Quando diz alguma coisa sobre economia, em geral todo mundo entende na hora — e, como se sabe, nada deixa um economista brasileiro tão incomodado quanto ouvir alguém falando em português compreensível para o cidadão comum. Acham que não é “sério”, nem aceitável “a nível” acadêmico, nem à altura do que definem como “ciência econômica”. (Essa impaciência é especialmente aguda entre as autoridades universitárias, ou descritas como tal, que são ouvidas regularmente pela mídia na condição de “especialistas” em economia.) Amoêdo fez há pouco, num de seus canais de comunicação pela internet, a seguinte continha: um brasileiro que tinha 1.000 reais depositados no seu Fundo de Garantia em 2008 tem hoje 1.510, enquanto um outro, que colocou os mesmos 1.000 reais, no mesmo ano, numa aplicação de Tesouro Direto, está com 2.800. É quase o dobro — só isso. E qualquer pessoa alfabetizada é capaz de ver, na hora, quem ganhou e quem levou na cabeça nesse negócio.

A conta de padaria feita por Amoêdo comprova mais uma vez o fabuloso conto do vigário contido na ideia segundo a qual o “Estado” tem um papel essencial na redistribuição de renda no Brasil. O papel do Estado é essencial, sim, mas para fazer exatamente o contrário do que se diz: concentrar renda, transferir dinheiro do mais pobre para o mais rico e deixar o trabalhador no prejuízo em qualquer negócio que faça, enquanto mantém de pé uma monstruosa estrutura de “proteção social” que serve sobretudo aos que mandam na máquina pública. Dão uns trocadinhos para o pobre diabo que dizem proteger — mas cuidam, quase o tempo todo, dos interesses, salários, benefícios e privilégios dos seus próprios funcionários, sobretudo os mais bem pagos, e dos grandes reformadores sociais que inventaram essa aberração toda. O demonstrativo de João Amoêdo não é novidade, nem vai lhe valer um prêmio Nobel de Economia. É apenas claríssimo. Pronto: é o suficiente para ser dado como “simplista”, “ingênuo” etc. — e por isso mesmo vamos continuar assim, decidindo em mesas redondas na televisão como promover a justiça social no Brasil através de atos administrativos e recomendações de professores universitários.

Naturalmente, não há nada de errado em lucrar investindo dinheiro ganho honestamente em títulos no Tesouro Nacional. O que há de errado é a farsa de um “Fundo de Garantia”, pago integralmente pelo empregador privado, que só garante mesmo uma coisa: que o sujeito vai ser roubado todos os dias nas contas que calculam seu saldo, e roubado justamente pelo Estado que gere esse seu dinheiro e diz ser o seu protetor. A trapaça do FGTS é apenas uma, entre as dezenas de exemplos de “programas” de governo que funcionam ao contrário do que dizem ser. “Somos 200 milhões de trouxas explorados por algumas empresas neste país”, disse há pouco o ministro Paulo Guedes numa palestra em São Paulo. “Duas empreiteiras, quatro bancos, seis distribuidoras de gás, uma produtora de petróleo…” É difícil fazer um resumo melhor de como funciona, na vida real, a economia brasileira — um Estado que manda em tudo, com a desculpa de que pensa e gasta para todos, e só dá vida boa a uns poucos. Nessa balada pelo “social”, na teoria, e pelo magnata, na prática, o “Estado forte” torra a maior parte do que o país produz. “O gasto público”, disse Guedes, “é o grande vilão do Brasil nos últimos 40 anos”.

Com diagnósticos como esse, Guedes nunca terá, também ele, grande cartaz junto à maior parte dos nossos professores de economia. Claro que não: como pensadores de esquerda, eles acham que quanto mais um governo gasta, e quanto mais fica devendo, mais admirável será como executor de “políticas sociais”. Custa uns 500 bilhões de reais por ano, ou algo assim, em pagamento de juros para os infames “rentistas” que tanto abominam — metade do que se vai economizar em dez anos com a reforma da Previdência. Mas e daí?

J.R. Guzzo
Publicado na edição impressa da Revista EXAME

]]>
https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-o-brasil-dos-trouxas-por-j-r-guzzo/feed/ 0 39267
Artigo – da Gazeta do Povo: “Positivismo e populismo ou um golpe branco verde oliva”, por Carlos Ramalhete https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-da-gazeta-do-povo-positivismo-e-populismo-ou-um-golpe-branco-verde-oliva-por-carlos-ramalhete/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-da-gazeta-do-povo-positivismo-e-populismo-ou-um-golpe-branco-verde-oliva-por-carlos-ramalhete/#respond Wed, 15 May 2019 01:33:10 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br/?p=30587

Quem acompanha política no Brasil está vendo a ponta de um iceberg de um debate que está na verdade ocorrendo por todo o Ocidente, em sua versão brasileira. Tentarei explicar o que está realmente em jogo e como isso se encaixa na situação da democracia ocidental como um todo.
A primeira coisa a fazer, como sempre recomendaram os sábios, de Confúcio a São Tomás, é esclarecer os termos. Nada mais enganoso que reduzir, como se vem tentando na mídia, a disputa a uma briga entre um “grupo militar” e outro “grupo olavete”. Isto por várias razões. A primeira é que não se trata de grupos, na verdade, mas de visões de mundo abraçadas por pessoas que podem ou não se reunir em grupos. De um lado, sim, temos predominantemente militares. Do outro há pessoas como a ministra Damares Alves, que nem sei se já teve qualquer contato com o professor Olavo de Carvalho, ou o deputado Marco Feliciano; se eles tivessem um grupo, seria a base crente do governo. A segunda é que o que estamos testemunhando aqui é apenas o reflexo nacional de uma disputa que está em curso em todos os Estados herdeiros – diretos e indiretos – do Império Romano.
Ao longo dos séculos, formou-se – com a união do monoteísmo judaico enriquecido com a noção teológica do Deus feito homem no Cristo Jesus (comumente representado por Jerusalém), a lógica e filosofia gregas (comumente associadas a Atenas) e o legalismo racionalista romano (dito Roma) – uma união a que se acostumou dar o nome Ocidente, em função de sua situação geográfica e histórica de herdeira direta do Império Romano do Ocidente. Outro nome, talvez mais justo, seria o de Civilização Latina, na medida em que é estritamente a sua união com Roma e com o Rito Latino católico que dá a medida certa de pertencimento de cada uma das diversas nacionalidades e subculturas que vieram a gerar esta grande cultura, à qual não pertence, por exemplo, a Rússia (igualmente cristã, quase tão igualmente influenciada pela Grécia, mas à qual falta justamente o elemento latino).
Esta civilização foi varrida, quinhentos anos atrás, por um grande cisma, originalmente iniciado, inadvertidamente, pelo monge alemão Martinho Lutero. Em enorme medida ele veio a mandar para escanteio o que era o grande polo de união de todas as sociedades ocidentais: o monoteísmo cristão. Nasceu a modernidade, fruto de uma sociedade modelada pelo monoteísmo mas que, num impulso freudiano, negava pai e mãe e queria-se surgida do nada. A sociedade moderna caracteriza-se pela preponderância da ideia sobre a realidade, numa versão alucinada do legalismo romano pagão. Ao contrário deste, a nova ordem que chegou apoiava-se ainda sobre o fantasma de uma ordem social cristocêntrica, nos Dez Mandamentos e em todas as demais heranças “éticas” da Cristandade, que a modernidade preferia ou bem fingir ter surgido do nada ou estar ao alcance de uma suposta razão universal desprovida de premissas. Em outras palavras, era evidente a todos que não se deveria matar, roubar ou cometer adultério, mas as razões por que se deveria ter este comportamento não eram examinadas, para que não se encontrasse, por trás do que parecia “evidente”, a figura odiada da Igreja Católica.
Esta sociedade, ao mesmo tempo em que negava sua origem e fingia-se “racional” e “isenta”, continuava o avanço tecnológico e científico iniciado no Medievo e tornado possível apenas pela visão cristã de um mundo ordenado por um Criador, Cujas obras podiam e deviam ser examinadas como forma de conhecer mais sobre seu Autor. Em meados do Século 19, três séculos e meio após a apostasia e cisma luteranos e o surgimento da modernidade, chegou-se finalmente a um ponto de ruptura civilizacional mais grave, a que chamamos Revolução industrial. A técnica havia finalmente criado de fato uma situação objetivamente diferente para a imensa maioria das pessoas, e a própria sociedade havia sido tremendamente modificada em função dela. Trens de ferro movidos a vapor – as simpáticas “marias-fumaça” que encontramos como passeio turístico em muitos lugares do interior – haviam tornado possível o transporte em larga escala de pessoas e mercadorias por terra, e os navios a vapor haviam eliminado a dependência das estações e dos ventos favoráveis que tornavam imensamente lento o transporte marítimo anteriormente. A humilde bicicleta, no nível do indivíduo, permitira ao mais humilde dos cidadãos deslocar-se sem custo e com velocidade e distância muito maiores que as que seria capaz de alcançar a pé. Sistemas de iluminação pública e domiciliar a gás tornaram possível andar pelas ruas ou mesmo ficar em casa acordado à noite. As tecelagens mecanizadas fizeram com que o preço das roupas despencasse brutalmente. A teoria de Darwin cortara o laço de criatura e Criador, fazendo do homem o fruto maior de mutações quase infinitas, que teriam elevado aos píncaros da dominação sobre o planeta o descendente de símios, peixes e protozoários. Definitivamente, era ineludível que chegara uma nova era.
Uma pessoa de qualquer outro momento histórico anterior a essa época, se magicamente transportada a qualquer outro momento e lugar igualmente anterior, estranharia sem dúvida as roupas e a língua, mas seria capaz de encaixar-se sem muito problema na sociedade. Afinal, todas as sociedades humanas até então haviam cozinhado em braseiros ou fornos de barro ou pedra, tecido suas próprias roupas, iluminado as noites com o fogo, deslocado-se a pé ou em veículos de tração animal (quando não montados em cavalos, normalmente privilégio dos poderosos). Já uma pessoa normal nascida daquele momento em diante não saberia mais se encaixar em nenhum outro momento histórico, tamanha a diferença entre o seu modo de viver e o de seus pais e avós. Ela jamais teria aprendido a acender uma lâmpada a óleo, por ter sido acostumada desde criança a luz elétrica ou lampiões a gás. O mesmo combustível a teria poupado de saber acender uma pilha de lenha ou carvão. A tecelagem doméstica seria para ela um mistério. E por aí vai. Criara-se, era o que se pensava, uma nova pessoa, uma nova sociedade, uma nova civilização: a civilização moderna.
Neste contexto, o espanto e o orgulho que se tinha em relação às novas descobertas era tamanho que há uma história segundo a qual um responsável pelo escritório de patentes do governo inglês – então hegemônico no mundo inteiro, com seu “Império onde o sol nunca se põe” – teria proposto o fechamento do seu escritório, porque, afinal, tudo já teria sido inventado. Foi então que na França, do outro lado do canal da Mancha, surgiram duas pragas extremamente dependentes desta visão de mundo, pragas estas que, por razões culturais que não vale a pena explicar aqui, vieram a criar raízes e frutos apenas no Brasil. São elas o espiritismo kardecista e o positivismo comtiano. Tanto Kardec quanto Comte nasceram na virada do século 18 para o 19 tendo portanto testemunhado enquanto cresciam e amadureciam a imensa transformação do modo de viver da sociedade francesa. Ambos, do mesmo modo, tentaram dar algum sentido filosófico ao que viam, àquela transformação gigantesca, àquela “evolução” acelerada. Kardec escolheu atribuí-la a espíritos, que creu investigar “cientificamente” e com os quais cria conversar. Comte, por sua vez – nisso criando a sociologia tal como a conhecemos hoje – desenvolveu uma teoria segundo a qual a humanidade, na sua evolução, passaria por três estágios. O primeiro deles, e mais primitivo, seria o “teológico”, em que o homem atribuiria tudo a um deus. O segundo seria aquele em que os valores sociais teria passado a prescindir de uma referência à divindade – como passara a ocorrer na era moderna –, por ele batizado “metafísico”. O terceiro, e final, seria o estágio “positivo”, de dominação completa do homem sobre toda a Criação, ops, todo o Universo. Neste o homem, finalmente livre de entraves e superstições, empregaria as ciências e o método científico para não apenas dominar a matéria (como nas invenções que haviam modificado tanto a vida das pessoas), mas para dominar a si mesmo e a sociedade. Assim, a sociedade seria regida por leis científicas, descobertas pela experimentação prática, e assim estaria livre de revoluções, motins, greves, crimes, etc.
O positivismo é a aplicação prática e teóricas destes princípios comtianos, e apenas no Brasil veio a criar raízes fortes, mormente nas Forças Armadas. Há ainda no Brasil – que eu saiba ao menos no Rio de Janeiro e em Porto Alegre – curiosíssimas “igrejas positivistas”, iguais em quase tudo a igrejas católicas antigas, mas com as imagens de santos substituídas por imagens de Darwin, Newton, Galileu, etc. Mas é nas Forças Armadas, especialmente na visão de mundo que é dada a seus oficiais em sua formação, que o positivismo permanece mais forte. A própria bandeira da república brasileira – que, não podemos esquecer, foi fruto de um golpe efetuado por estas mesmas Forças Armadas – traz uma menção aberta ao dístico comtiano “O amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim”. Só ficou de fora o amor, afinal a melhor parte.
O positivismo, todavia, era um fruto de seu tempo, e neste mesmo tempo vivia toda a sociedade ocidental. Desta mentalidade persistiu na Europa, ainda que não em estado puro e bruto, como nas nossas Forças Armadas, uma noção permanente de que a gestão do Estado poderia e deveria ser feita de uma maneira mais “racional” que as revoluções e motins do populacho. As horrendas guerras que arrasaram a Europa no século passado, bem como o trauma da descoberta do Mal em estado quase puro no genocídio nazista e o da perda das colônias e da preponderância mundial até então desempenhada pela Europa, levaram a um aumento desta sensação. A administração pública, pensavam, deveria se tornar algo mais racional e mais “limpo” e organizado que a política. Foi desta escola de pensamento que vieram a surgir o mercado comum que acabou por gerar o colosso burocrático que é hoje a União Europeia.
A este modo de ver a administração pública, fruto do enlevo do final do século retrasado com a aplicação prática do método científico e amadurecido nas convulsões genocidas da Europa do século passado, chamamos tecnocracia. O pensamento tecnocrático presume, como o nome indica, que o governo deva ser “técnico”. O tecnocrático substitui o povo (demos, em grego) pela técnica (technos, em grego): a democracia vê-se tecnocracia. Deve ser gerido por técnicos: engenheiros sociais, por assim dizer. Para o tecnocrata, a ideologia é, antes de tudo o mais, uma fonte de confusão e desordem, algo que impede a “ordem e progresso” de tomar forma. A política, por sua vez, é tida por uma coisa suja, enquanto o populacho é uma massa ignorante que deve ser alijada do mando. Tanto é que a própria União Europeia aparentemente deixou de fazer consultas públicas nos países antes de lançar novas regulamentações, porque estas consultas, de modo geral, resultavam em evidenciar a maciça repulsa popular às medidas “técnicas e racionais” que lhes eram propostas.  Os fazendeiros franceses, por exemplo, nunca viram nada “técnico e racional” nas obrigações europeias de modificar os métodos artesanais de produção de queijos maravilhosos herdados de seus pais.
Aqui no Brasil não tivemos União Europeia; tivemos, por outro lado, cerca de duas décadas de tecnocracia militar positivista. Em grandes linhas, mesmo por já ter tratado deste assunto em vários outros textos, na prática isso significou que os governos militares tentaram impedir que a política atrapalhasse o que viam como uma administração “técnica”. Para isso, cortaram as pernas de todos os políticos de direita, percebidos por eles como arrivistas meio malucos que se fossem soltos seriam como macacos numa loja de louças. Afinal, em um governo teoricamente direitista, faria sentido uma transição ao poder civil efetuada em prol de um político de direita, o que fazia dos políticos desta linha ideológica um perigo muito maior que os de esquerda. Assim, eles foram substituídos na prática política por políticos fisiológicos, ladrões e bajuladores que serviam aos governos militares por desejo de poder e de acesso ao cofre da Viúva. Esta corja não-ideológica acabou dominando a política brasileira, e até hoje permanece como a maior força no Congresso Nacional, sob o apelido de “Centrão”. Não se trata de “centro” no sentido clássico de direita e esquerda, mas de uma massa amorfa de representantes nada ideológicos de interesses pessoais ou ao menos particulares, que só age se comprada por alguém.
À ideologia de esquerda, por outro lado, sempre dentro da mentalidade positivista dos militares brasileiros, foi dada carta branca no ambiente acadêmico (a tese do infame Gen. Golbery – chamado por Gláuber Rocha de “gênio da raça” – segundo a qual a política era uma panela de pressão que precisava de uma válvula inofensiva, que absurdamente seria para ele a Academia, encarregada da formação intelectual das futuras gerações. Menos “inofensivo” é difícil, se não impossível, de achar…). A esquerda política igualmente não foi incomodada, por não ser percebida como concorrente real ao poder político. Apenas quem se meteu a fazer terrorismo ou guerrilha foi incomodado pelos militares. Aliás, incomodado, não: chacinado. Este era o único “perigo” que os militares percebiam, por terem sido treinados justamente no ofício das armas. Enquanto os filhos dos militares, das elites e dos demais brasileiros eram doutrinados por comunistas nas escolas em que estudavam (com a louvável exceção, curiosamente, das escolas militares), os generais governantes preocupavam-se em matar muito bem matado meia-dúzia de jornalistas desempregados brincando de guerrilha no Araguaia, como se num país de dimensões continentais, como o nosso, fosse possível a tomada do poder por estes meios.
O resultado foi o que seria previsível para qualquer um que vivesse no mundo real e não tivesse sido criado na estufa artificialíssima dos quartéis, com seus meios-fios pintados de branco e suas casinhas iguais para cada oficial da mesma patente: as universidades tornaram-se celeiros de esquerdistas, que passaram a dominar o ensino todo (pois é das universidades que vêm os professores das crianças e adolescentes), até o ponto em que toda uma geração, educada por esquerdistas sob o olhar desinteressado dos militares ocupadíssimos em cuidar “técnica e cientificamente” da administração pública, levantou-se contra os governos militares, exigindo eleições diretas para Presidente. Nisto, claro, havia também o dedo dos políticos de esquerda e, mais ainda, dos ativistas de extrema-esquerda que haviam sido expulsos do País por envolvimento em ações armadas de desestabilização do governo, mas que já haviam voltado graças à Lei de Anistia. Quando aconteceu a transição de poder dos militares aos civis, por a direita ter sido alijada do campo político, sobraram apenas os esquerdistas, e a estes foi dado o poder. Uma Constituinte composta quase que unicamente por eles nos deu a aberração jurídica que hoje nos desgoverna.
Nos anos seguintes, aqui no Brasil, os militares fizeram a gentileza de recolher-se a suas casernas e dedicar-se a repintar seus meios-fios, que talvez possam ter ficado um pouco encardidos enquanto brincavam de “administração científica”. Enquanto isso a esquerda, cada vez mais tresloucada e poderosa, uniu-se numa organização continental, em grande medida bancada pelo Brasil, o Foro de São Paulo. Do socialista fabiano FHC passamos à extrema-esquerda lulopetista, de que acabamos nos livrando (em termos, na medida em que a ocupação do Estado foi muito maior que a mera ocupação da Presidência, e a da Academia continua intocada) apenas com o impeachment de Dilma por incompetência absoluta.
Resumindo, para traçarmos um paralelo entre o Brasil e a Europa, nós tivemos, de uma certa forma, uma antevisão do que esperava os europeus hoje submetidos à tecnocracia da União Europeia, que por sua vez levou a eleições de tecnocratas teoricamente apolíticos, ou quase, para os governos da maior parte dos países europeus, hoje reduzidos a províncias da UE. Nosso país tem, inclusive, área semelhante à da União Europeia, o que aumenta a possibilidade de comparação, ainda que não tenhamos uma história de separação ou sequer autonomia de unidades administrativas menores que nossa União.
A diferença é que a Europa, após a Segunda Guerra, passou por um período de reconstrução e enriquecimento, seguido de um período de governos relativamente ideológicos (mais pela sua obrigação de se colocar contra o inimigo soviético, sempre às portas com milhares de tanques e homens), e depois mergulhou totalmente na tecnocracia transnacional. Já o Brasil passou quase diretamente da ideologia (primeiro semi-capitalista, com JK, seguida do breve interlúdio esquerdista de Jânio e Jango) à tecnocracia desenvolvimentista, substituída no final do século passado pela ideologia esquerdista cada vez mais extremista. Ou seja, entramos e saímos antes da Europa da etapa tecnocrática, e amargamos um retorno a coisas que já haviam sido esquecidas por lá após o fim da tecnocracia. Isto, aliás, como já escrevi, aconteceu por culpa única dos tecnocratas positivistas das Forças Armadas. Foram os militares que entregaram o Brasil à extrema-esquerda ao eliminar a direita da política pela imbecilíssima razão de não acharem que política é coisa séria.
Diga-se de passagem, foi o fato de a Europa estar nas mãos de tecnocratas e da política não ser levada muito a sério por aquelas bandas que possibilitou a Lula fazer-se de Nélson Mandela ou Gandhi por lá. A ideia de um governo raivosamente esquerdista, disposto a tudo para implantar uma ditadura, como foi o caso dos desgovernos petistas, simplesmente não registrava na mente dos europeus, que haviam passado a ver a política como uma espécie de teatro de variedades em última instância inócuo.
A tecnocracia, contudo, justamente por desprezar a política (e a democracia, e a opinião popular…) acaba distanciando-se cada vez mais do que a própria população espera de um governo. É o que se passou aqui, e é o que finalmente aconteceu na Europa, já neste século. O governo na Europa – tanto o transnacional quanto os nacionais – passou a ser progressivamente percebido como um intruso cujos interesses em nada, ou quase nada, coincidem com os dos cidadãos. A gota d’água no caso da Europa veio a ser o problema das imigrações em massa. Elas são necessárias e bem-vindas do ponto de vista tecnocrático. Afinal, para o tecnocrata as pessoas são intercambiáveis; assim, se os europeus “de raiz” não têm filhos suficientes para pagar as pensões dos aposentados, a coisa evidente a fazer é importar rapazes para tomar o lugar das inexistentes novas gerações. Como os rapazes disponíveis mais próximos são os árabes e magrebinos, que venham todos. Já para o cidadão comum, é assustador – como foi maravilhoso o surgimento das novas tecnologias no século 19 – que subitamente ele seja o único falante nativo da língua de seus ancestrais num ônibus ou num edifício de apartamentos na cidade em que sua família sempre viveu. Que o cardápio das merendas das escolas seja modificado, eliminando os pratos típicos da região, porque a maioria ou mesmo a totalidade dos alunos é muçulmana e não come aquilo.
Como reação, surgiu o mais importante fenômeno político já ocorrido neste século: o populismo. “Populismo” vem de populus, termo latino equivalente ao grego demos e significando “povo”. Enquanto a democracia é o governo do povo, o populismo é um “povismo”. Poderíamos dizer, de uma certa maneira, que o populismo é a ânsia por democracia, é a protodemocracia. A democracia em semente ou broto. O populismo é um grito contra o que o povo considera os desmandos de uma elite governante. No caso europeu, esta elite é a que faz parte da burocracia tecnocrática da União Europeia e dos governos locais, igualmente tecnocráticos e subordinados em tudo aos ditames da organização maior. Foi na França que o primeiro sinal do populismo europeu surgiu – como aliás frequentemente foi o caso ao longo da História: para metafísicas diferentes, olhemos para os alemães; para confusões governamentais, para os franceses. Um senhor francês um tanto ou quanto amalucado, firmemente preso às ideias da direita francesa do Entre-Guerras e do governo de Vichy (parte da França não invadida pelos alemães, mas por eles tutelada, durante a Segunda Guerra), começou a vociferar contra a imigração, em termos abertamente racistas.
Este senhor chamava-se Jean-Marie Le Pen, e a organização que fundou era chamada Fronte Nacional. Inicialmente, ele conseguiu atrair a si, além de outros senhores reacionários como ele, uma pequena massa de comerciantes modestos, motoristas de táxi, suboficiais… Em suma, pessoas com uma visão de mundo mais tática que estratégica, que simplesmente queriam uma “França para os franceses” (definidos em termos basicamente étnicos). Com o passar dos anos, todavia, seu discurso alcançou um teto; o partido passou a dominar as eleições municipais do Sul – área com mais imigrantes – mas não conseguia aumentar sua representação parlamentar nem avançar para novos territórios. Sua filha, então, Marine Le Pen, assumiu a frente do partido e praticamente escondeu o velhinho, que aliás ela expulsou formalmente do partido que fundou, com medo de suas declarações demasiadamente polêmicas. Hoje ela e sua sobrinha Marion são as figuras-chave da Reunião Nacional (nome novo do partido), que por muito pouco não levou a Presidência da França nas últimas eleições, tendo subido muito além do que havia conseguido durante os tempos de Jean-Marie.
Enquanto isto se passava, novos partidos do mesmo gênero, em geral com uma plataforma em muito semelhante – voltada para o problema da imigração e do que eles costumam chamar de “substituição étnica” dos europeus “de raiz” por imigrantes negros ou árabes – foram surgindo por toda a Europa: o AfD na Alemanha, por exemplo, é em muitos aspectos quase um clone do Fronte Nacional de Jean-Marie Le Pen. Estes partidos têm algumas características extremamente interessantes:
Em primeiríssimo lugar, eles são tocados por demandas populares, não por ideologias. A imprensa – lá como cá predominantemente ideológica e de esquerda – tende a apelidá-los de “extrema-direita” e mesmo, como aconteceu aqui com Bolsonaro (calma que a gente chega lá; você já chegou na metade deste textão, parabéns), a traçar absurdas comparações com o fascismo. Ora, nada mais distante da realidade. Uma ideologia é basicamente um plano, uma utopia a ser atingida pela “solução” de um problema que os ideólogos creem ser a origem de todos os outros (a luta de classes para o marxista, a interferência estatal para o capitalista, os traços da presença humana para o ambientalista…). Os populistas não têm ideologia. Eles não têm uma ideia de como o país deveria ficar; só são contrários ao que está acontecendo. O populismo é um fenômeno fundamentalmente reacionário. O populista europeu, por exemplo, vê na imigração um problema presente e real, e quer que “algo” seja feito. O quê, exatamente, ele nem mesmo saberia dizer. A expulsão dos imigrados? A mera cessação da imigração? Ele não sabe. Mas sabe que é desconfortável estar em seu próprio país e perceber-se o tempo inteiro cercado de estrangeiros.
Aqui no Brasil, o populismo bolsonarista chegou ao poder apoiado em reações dirigidas contra as políticas divisivas da extrema-esquerda, que batem de frente com a cultura pátria e sua prioridade à tolerância, sua resistência ao conflito aberto, sua preferência pela paz. Para o brasileiro médio, o surgimento súbito de acusações de “ódio” e a forte divisão incentivada pelos governos esquerdistas das últimas décadas fazem soar um forte alarme. O travestismo, a homossexualidade, o uso recreativo de drogas e demais comportamentos minoritários sempre foram tolerados, sendo no máximo objeto de piadas. Mas eis que subitamente não basta a tolerância: é preciso apoiar, bater palmas, bradar aos sete ventos que uma dupla homossexual que conviva na mesma casa é exatamente o mesmo que um casal casado, com filhos; quem não o fizer, dizem os esquerdistas, estaria demonstrando “ódio” aos homossexuais. Ora, o brasileiro orgulha-se de não odiar ninguém, de “dar-se bem com todo mundo”. Ele foge de briga e de “confusão”. Mas as acusações se multiplicavam e se sobrepunham, e eis que subitamente ele se via acusado de homofobia, transfobia, racismo, gordofobia e o que mais pudesse sair da cabeça de um neomarxista pós-moderno para fazer as vezes da antiga luta de classes. Ao mesmo tempo, devido à farra petista com o dinheiro público, a economia só fez piorar. Daí, e bem daí e só daí, veio o sucesso de Bolsonaro.
Escrevi aqui mesmo, desde o tempo do delicioso jornal impresso que nos manchava os dedos, primeiro que Bolsonaro encontrara um nicho ecológico no Congresso colocando-se como o antipetista por antonomásia. Ao misturar declarações inflamatórias com outras ainda mais explosivas, ele podia ir muito além dos limites do politicamente correto sem medo de represálias. Ele podia falar o que quisesse, pois era percebido pela maioria política esquerdista como meio louco. O caso, porém, é que o que ele falava ressoava e amplificava a voz do brasileiro médio, alijada da mídia e do governo. A esquerda não percebia isso, mas ele percebia. E foi espertamente surfando esta onda de insatisfação com o esquerdismo e suas políticas divisivas que ele pôde se colocar em situação favorável para lançar-se candidato. O problema de fazer a sua voz chegar a todos foi providencialmente resolvido pela tentativa de assassinato (aliás jamais resolvida; quem foi o mandante?) que forçou os meios de comunicação de massa a dar-lhe espaço. E assim ele chegou ao poder, ao contrário de seus confrades populistas europeus.
Nos EUA, o fenômeno Trump teve, mutatis mutandis, um percurso algo semelhante ao de Bolsonaro: tornou-se conhecido do público em um reality show em que demitia incompetentes, e ganhou a chapa republicana movido pela fama de self-made man que não temia falar o que fosse politicamente incorreto. Lá como aqui, foi o fato de o candidato negar-se a baixar as orelhas para o discurso politicamente correto que o catapultou à liderança. Lá como aqui, foi eleito alguém que para a grande mídia era na melhor das hipóteses um bobo da corte, e na pior um fascista (a mesma acusação absurda feita na Europa aos populistas de lá, mais absurda ainda neste caso por Trump ser evidentemente um capitalista de quatro costados).
O politicamente correto, o controle orwelliano da linguagem pela elite, é uma das marcas da pós-modernidade, que veio fraturar o pensamento ideológico e enfatizar o relativismo individualista. Para o pós-moderno, a palavra cria realidade, como evangelizam os coaches que tentam convencer suas vítimas, ops, clientes, que estariam usando energias quânticas ou besteira do gênero quando ficam repetindo para si mesmos que são belos e ricos. Assim como o feioso que se diz lindo no espelho e assim se tornaria lindo, o homem de vestidinho de chita, ao ser chamado de mulher, tornar-se-ia membro do belo sexo. E é aí que vem o politicamente correto, como um coach nacional ou transnacional, a exigir que o chamemos no feminino, sob pena de sermos acusados de odiar o pobre rapaz. O populismo, então, em toda parte, é em grande medida uma reação contra o politicamente correto. Ele é simplesmente a voz da maioria silenciosa, daqueles que a grande mídia recusou-se sempre a ver, dos que Hillary Clinton chamou de “deploráveis”.
Na Europa, esta revolta mostrou-se uma ameaça gigantesca ao status quo, na medida em que o populismo europeu reage contra algumas das bases do pensamento tecnocrático europeu: ele quer a descentralização da legislação; ele demanda um fim à ditadura da União Europeia (na Inglaterra o populista Nigel Farage conseguiu que fosse aprovada a saída da Inglaterra da União Europeia, mas pelo andar da carruagem parece que, mais uma vez, a voz do povo pode até ser a voz de Deus, mas certamente não é percebida pelas elites como tendo valor algum); ele quer que os habitantes tradicionais de cada país sejam os dominantes no território, se não os únicos habitantes; ele é contra o casamento gay, o aborto e a adoção por duplas do mesmo sexo; ele quer que as crianças aprendam patriotismo na escola; ele quer poder andar de carro sem restrições ecológicas; ele quer, em suma, o contrário do que lhe é imposto pela burocracia da UE em muita coisa que é importante para os tecnocratas.
Estes, por sua vez, são incapazes de compreender o fenômeno populista, pelo simples fato de que este nem é ideológico – e a tecnocracia sempre considera seu inimigo maior a ideologia, que percebe como a fonte da “desordem que impede a gestão técnica da administração pública” – nem tem interesses outros que possam ser saciados pelo Estado, de modo a fazer dele um aliado de ocasião, como os militares fizeram no Brasil com os políticos corruptos que hoje compõem o “Centrão”. O populismo sequer deseja o poder pelo poder, como sempre foi comum. Os populistas, quaisquer populistas, aqui como ali ou acolá, deseja simplesmente que o cidadão comum possa viver e deixar viver, sem que venha alguém – a administração da União Europeia, o PT… – mandar que cale a boca, que mude sua maneira ancestral de fazer queijo, que coma isso e deixe de comer aquilo, que chame homens de saiote de menininhas, o que for. O populista quer basicamente ser deixado em paz.
Daí, por exemplo, ter Farage, o populista inglês, deixado a política após a aprovação em plebiscito da saída da Inglaterra da UE: ele não queria o poder pelo poder, ele não tinha nem tem uma ideologia a impor para que seu país se torne um paraíso, ele não tinha interesses particulares outros que não o de tirar da Inglaterra a cangalha europeia. Assim que conseguiu ganhar o plebiscito saiu de cena e voltou ao trabalho que tinha antes de entrar para a política. Agora, todavia, com a aparente vitória dos tecnocratas em impedir que se consume a saída, ele resolveu voltar a se candidatar, desta feita ao Parlamento Europeu. E provavelmente há de sair de cena novamente se conseguir uma vitória final. Assim são os populistas; e para tanto os tecnocratas quanto os ideólogos, eles são completamente incompreensíveis, e por isso não apenas vistos como perigosos, como confundidos com “perigos” com que não têm nada a ver, como o fascismo.
E é agora que chegamos à situação no Brasil. Nossos militares estavam fora de cena, tendo-se dedicado a pintar seus meios-fios nas últimas décadas, enquanto os desgovernos lulopetistas aproximavam cada vez mais o Brasil do caos completo (processo mais avançado no Rio de Janeiro e no Ceará), forçavam a aprovação entusiástica do travestismo pela população brasileira, a que acusavam em massa de racismo e outras absurdidades. Note-se que os militares simplesmente não dão importância alguma a este tipo de coisa, por uma razão simples: são positivistas. Estaríamos, pensam eles, na “era positiva”, em que tudo é técnica, tudo é ciência. A administração pública não teria segredos, desde que, claro, seja afastada a “desordem” (que é a política) do campo. Foi exatamente por pensarem assim que eles entregaram o País à extrema-esquerda ao se retirar de cena. É exatamente por pensarem assim que não apenas não sabem lidar com a guerra cultural e com a luta pela preponderância de narrativas – por exemplo, a esquerda transformou o tempo dos governos militares em algo parecido com uma Alemanha de Hitler ou um Camboja sob Pol Pot, só que piorado, na cabeça dos jovens que não viveram aquele tempo. Para os militares, tanto fez como tanto faz. Isso lhes é indiferente. Nos quartéis, eles continuaram a comemorar o 31 de Março, enquanto do lado de fora as coisas mais absurdas eram ditas em rede nacional de TV. Quando as ofensas pessoais atingiam alguém e destruíam sua reputação, como com o Cel. Ustra, eles tampouco se mexiam. O livro em que Ustra se defende e comprova a falsidade de muito do que foi dito sobre ele foi lançado por ele mesmo, não pela Biblioteca do Exército.
Pois Bolsonaro foi eleito como populista, pelo voto populista, por razões populistas. Em outras palavras, ele foi eleito basicamente para desmontar as armas predominantemente culturais com que os governos anteriores atacavam a cultura tradicional brasileira, e para fazer com que o Brasil volte a ter uma economia em bom estado. Ele decididamente não foi eleito para levar o Brasil de volta à tecnocracia, sim para retirá-lo da loucura bolivariana dos desgovernos lulopetistas e reverter o processo de desmanche da sociedade por eles encetado. Mas os militares não entendem. Mais ainda: eles acreditam firmemente, como escreveu um coronel em texto publicado pelo Clube Militar, que teriam sido “os valores militares que ajudaram a eleger o atual governo”. Não entenderam absolutamente nada. Ouviram o galo cantar e não só não sabem onde como acharam que se tratava do miado dum gato.
Outro exemplo claríssimo disso ocorreu recentemente, quando o Banco do Brasil produziu um comercial que evidentemente valorizava a “diversidade” no sentido pregado pela esquerda neomarxista: pessoas que seriam consideradas “esquisitas” na imensa maior parte do país, em praticamente todo ambiente. Pelo modo de agir tradicional da cultura brasileira, essas pessoas seriam toleradas, e as demais fingiriam, por educação, que elas não são assim esquisitonas. Mas para o neomarxista, a esquisitice (sexual, de vestuário, de corte de cabelo, etc.) deve ser celebrada, e quem não concordar com a celebração da anormalidade estaria demonstrando “ódio”, racismo e sei-lá-o-quê-fobia.
O comercial lacrador, assim, esfregava na cara dos espectadores normais a esquisitice, como que os desafiando a aplaudi-la, ou… Pois bem; o presidente, assim que assistiu o tal comercial, o vetou. Ora, bolas, foi exatamente para isso que foi eleito. Contudo, logo depois, o Gen. Santos Cruz veio a público proclamar que acabara de retirar do presidente este poder. Há alguma leizinha que lhe permite fazer isso, não duvido. O que o general fez certamente foi legal, mas politicamente falando foi péssimo. Ele na prática agiu em benefício da extrema-esquerda e contra os desejos dos eleitores de Bolsonaro.
Como, todavia, para os militares o político e a guerra de narrativas, bem como a guerra cultural, são apenas ruído de fundo ao qual por princípio não se deve prestar atenção para que não se distraia da “administração científica” positivista, o general, por mais cara de mau que faça, nem se deu conta de estar desautorizando o presidente e atrapalhando, e muito, o seu trabalho real. Bolsonaro não foi eleito para fazer “administração científica”. Ele foi eleito para acabar com a “lacração”, para fazer com que o governo não seja a fonte de ataques à família, à tradição e à propriedade.
O mesmo aconteceu várias vezes, em vários lugares. Ações do presidente foram desautorizadas em público por seus subordinados. O general vice-presidente trabalhou com tanto afinco contra o presidente, que este teve que despachar de um leito de hospital para impedir seu vice de fazer besteiras maiores ainda. Aparentemente o Gen. Mourão considera sua missão evitar que a “bagunça” do populismo bolsonarista contamine a “administração científica” positivista que ele considera naturalmente certa, e por isso se compraz em apresentar-se à imprensa esquerdista como alguém mais “sensato” que Bolsonaro.
Em recentíssimo tuíte, o Gen. Villas Boas deixou perfeitamente clara a visão de mundo militar acerca da situação atual. Declarou ele que “substitui[r] uma ideologia pela outra não contribui para a elaboração de uma base de pensamento que promova soluções concretas para os problemas brasileiros”. Com isso, o general indica que percebe tanto o neomarxismo ideológico petista quanto o populismo não-ideológico bolsonariano (cuja criação teórica ele parece atribuir, erroneamente, ao Prof. Olavo de Carvalho, a quem dirigiu a investida) como “ideologias”, o que, no pensamento positivista, significa coisa antiga, ultrapassada, resquícios da “era metafísica” que já deveria ter sido substituída pela era positiva da administração científica. Ruído, bagunça. Obstáculo no caminho da “ordem e progresso”.
Ora, o populismo não é uma ideologia, como vimos acima. Nem é – como ainda julgam os militares, com sua mentalidade presa às concepções absurdas do final do século retrasado – a política uma ciência exata. Na verdade, a administração inexiste separada da política, na medida em que o que se administra não é um quartel, com uma quantidade certa de pessoas que comem num refeitório em comum e subordinam completamente seus objetivos aos da instituição. A política é a arte do possível, é a arte – não a técnica, jamais a técnica – de dar meios à população para que ela se desenvolva ao máximo. A população, por sua vez, tem tantos objetivos quantas são as pessoas, ou ainda mais. É simplesmente impossível ouvir a um por um; é por isso que se tem eleições, é por isso que é premente a necessidade de lutar pelo controle das narrativas.
Cada eleitor é convencido pessoalmente de que aquele candidato, e não este, é o que melhor representa os seus interesses. E dentre os interesses que a população brasileira manifestou certamente não está uma volta à mesma tecnocracia estúpida que levou ao domínio da extrema-esquerda. Muito pelo contrário, aliás. Durante as duas décadas de controle absoluto da narrativa pela esquerda, em que era proibido falar dos governos militares senão como “anos de chumbo” ou “horrenda ditadura”, os militares estavam quietos, mantendo seus meios-fios bem caiados.
Olavo de Carvalho era a única voz em toda a mídia a anunciar que o comunismo estava vivo e continuava perigoso. O processo de dominação da cultura formal do país pela extrema-esquerda estava quase pronto. Era virtualmente impossível manifestar-se contra os absurdos esquerdistas. O próprio prof. Olavo perdeu, uma a uma, suas colunas na grande imprensa. Mas neste momento surgiram as redes sociais. E nelas cada brasileiro pôde se manifestar livremente, pela primeira vez. E aos poucos, olhando em volta ressabiados, cada um percebeu que a sensação de opressão, que o desagrado com as exigências delirantes da ideologia de gênero e outras fantasias esquerdistas, era algo quase geral.
Foi então que pôde surgir e crescer o populismo brasileiro encarnado em Bolsonaro, assim como ocorreu com Trump (cuja vitória foi uma absoluta surpresa para a grande mídia internacional e americana). Bolsonaro no Congresso era um ninguém, um bobo da corte ou palhaço aos olhos de seus confrades, divididos entre ideólogos de extrema-esquerda e fisiologistas sem ideologia. Mas nas redes sociais ele rapidamente tornou-se o “Mito”, por dizer de sua tribuna o que a maioria silenciosa pensava. A luta pelo controle da narrativa, que parecia ganha pela extrema-esquerda, deu uma virada fenomenal aos 47 minutos do segundo tempo, com a ascensão do Bolsomito, reacionário até a medula, avesso a teoria de gênero, a bandidolatria, a tudo o que a extrema-esquerda tentava enfiar a força goela abaixo do brasileiro.
Sua eleição foi ganha nas redes sociais. Seus eleitores são brasileiros de todo tipo. Alguns poucos deles – dentre os quais os seus filhos – são em algum grau ligados a Olavo de Carvalho. Outros vêm de uma base protestante, como Feliciano. Outros são ligados ao movimento pró-vida, como Damares ou Ângela Gandra Martins. Outros vêm das polícias, como o Sargento Fahur. Outros, ainda, vêm da direita católica, como a Chris Tonietto. Mas a imensa maioria, a imensíssima maioria, não é ligada a ninguém. É gente que foi para as ruas em 2013 mas voltou para casa quando a extrema-esquerda começou a vandalizar os protestos. É gente que foi de novo para a rua em 2016, que botou uma camisa amarela e saiu por aí para pedir a remoção de Dilma (e com ela do PT) do poder. E, principalmente, é gente que transmitiu por WhatsApp ou Facebook sua insatisfação generalizada e que reagiu contra os absurdos do lulopetismo. Em suma, é uma massa democrática levantada pelo populismo reacionário encarnado no nosso atual presidente e interconectada pelas redes sociais.
Esta massa entende, a seu modo, a importância do controle da narrativa, coisa que escapa completamente aos militares. Essa massa é reacionária, e quer que acabem os abusos e que o governo deixe de ser parte do movimento internacional muito bem financiado que visa desestabilizar a unidade familiar, legalizar as drogas e proibir o tabaco, equiparar as relações homossexuais ao matrimônio, e por aí vai.
E, sendo uma massa populista, ela não tem ideologia. É isso que os militares, na sua visão trancada em 1850, não conseguem compreender. Não havendo ideologia, evidentemente não há ideólogo; é por isto que o papel do prof. Olavo escapa completamente à compreensão dos militares. Ele é um formador de opinião, um modelador de narrativas, alguém que começou a surgir politicamente como a voz que clamava no deserto contra o comunismo, voz esta que levou muito tempo para ser ouvida. É certamente um pensador e um conhecedor profundo da ciência política. Mas não é um ideólogo, nem de Bolsonaro nem de ninguém. Por ter nas redes sociais um alcance provavelmente semelhante ao da própria Globo, em seus melhores dias, sua voz soa mais alto que as outras vozes que apoiam Bolsonaro. Mas o que ele diz é dele, não de um movimento organizado, nem é – mais uma vez – um projeto de conformação política da sociedade rumo a uma utopia, como são as ideologias. Não faz mais sentido chamá-lo de ideólogo do governo que dizer o mesmo de Chris Tonietto ou mesmo Alexandre Frota. O governo é populista, logo não-ideológico por definição. Agora vá tentar explicar isto a um positivista!
O resultado desta complicadíssima ópera é que a crise atual pode ser perfeitamente compreendida se percebermos que os militares – que na prática expulsaram Bolsonaro de suas casernas quando era ainda capitão e não têm por ele respeito algum – estão tentando dominar um presidente que consideram “confuso” por estar, em sua visão limitada, ligado a “ideologias”, para que possam instaurar no Brasil outra ditadura positivista, outra “administração científica”, em que “detalhes” como o controle da narrativa (o politicamente correto, a ideologia de gênero, etc.) são um ruído irrelevante. Em outras palavras, estão literalmente trabalhando contra o presidente, que os chamou por crer que o apoiariam e agora se vê traído pelos antigos companheiros, que acham em sua cegueira política que ele foi eleito como representante das Forças Armadas.
Tal golpe branco verde-oliva seria a pior coisa que poderia acontecer com o Brasil neste momento. A guerra é principalmente cultural. O que importa acima de tudo ao presidente neste momento é ganhar a guerra pelo controle da narrativa, fazendo coisas como a que o Gen. Santos Cruz impediu-o de continuar a fazer. Trata-se de um projeto reacionário, que foi escolhido pela maioria esmagadora da população: desmontar a máquina de destruição da sociedade montada pela extrema-esquerda. Retomar um sentido de normalidade no Brasil. Fazer com que a esquisitice e a bizarria voltem a seu cantinho, em que eram e continuarão sempre sendo toleradas, pois tal é a nossa cultura, mas sem forçar a população conservadora a bater palmas para aberrações. É uma guerra cultural, que os militares não só não sabem como fazer (e por isso entregaram o Brasil à extrema-esquerda), mas sequer conseguem entender que existe, devido às limitações intelectuais no pensamento estratégico e social causadas pelo seu positivismo.
Marx disse que a História se repete como farsa. E, realmente, o que temos agora no Planalto é uma versão farsesca do Cerco de Canudos, com o presidente no papel de Antônio Conselheiro.
Se ele conseguir retomar o controle; se ele conseguir rebaixar os militares a seu devido lugar e fazê-los perceber que foi ele, não o projeto tecnocrático idiota deles, que foi eleito; se ele conseguir, em suma, fazer o que foi eleito para fazer, sem que o apoio militar se transforme num entrave e sem que a atual tentativa de golpe branco verde-oliva tenha êxito; aí o Brasil terá jeito. Aí teremos uma verdadeira democracia, em que o poder pertence ao povo e não apenas em seu nome, mas também visando os seus interesses reais, é exercido. Será possível que isto aconteça?

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/colunistas/carlos-ramalhete/positivismo-e-populismo-ou-um-golpe-branco-verde-oliva/

]]>
https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-da-gazeta-do-povo-positivismo-e-populismo-ou-um-golpe-branco-verde-oliva-por-carlos-ramalhete/feed/ 0 31228
Artigo – Do Diário de Comércio de São Paulo, “A grande mídia e o Brasil”, por Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-diario-de-comercio-de-sao-paulo-a-grande-midia-e-o-brasil-por-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-diario-de-comercio-de-sao-paulo-a-grande-midia-e-o-brasil-por-jorge-maranhao/#respond Sat, 06 Apr 2019 14:48:25 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br/?p=30443

Quando os controladores da grande mídia irão intervir para garantir uma mínima imparcialidade e a própria sobrevivência de seus negócios?

por Jorge Maranhão 05 de Abril de 2019 às 11:00Mestre em filosofia pela UFRJ, dirige o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão e autor de “Destorcer o Brasil. De sua cultura de torções, contorções e distorções barroquistas”

Durante décadas apostei que a grande mídia no Brasil, pelo peso de sua influência cultural e empatia da população, seria decisiva para promover o desenvolvimento de uma elite política de que o país tanto necessita.
Vendo a transmissão da sessão da CCJ inquerindo o Paulo Guedes nesta semana, no momento em que um desqualificado deputado o chama de Tchutchuca, tive vergonha de ser representado por tamanho baixo clero. Para não dizer baixo nível mesmo!

Senti vergonha de fazer parte de uma elite cultural que fracassou pela sua omissão em participar da vida política de modo a não dar lugar ao circo em que tais sacripantas transformaram as Casas Legislativas brasileiras.

Tenho em todos esses anos defendido a tese de que só escaparemos da armadilha do baixo crescimento, do impasse civilizatório e de nosso atávico complexo de vira-latas se uma elite verdadeiramente cidadã colocar a reconstrução do país acima de seus interesses corporativos por mais legítimos que sejam.

E para além das trincheiras política, social, econômica e judiciária, começar esta revolução cultural na trincheira da mídia. Não apenas pela sua excelência técnica, seja no campo do entretenimento, seja na do jornalismo.

Mas sobretudo por ser a única instância de transformação cultural com escala nacional e capacidade de persuasão quase instantânea. Pois não basta expor o circo ao ridículo. Temos de condená-lo!

Durante décadas apostei que a Globo, por exemplo, poderia ser a nossa Fox Corporation que construiu e unificou o espírito nacional americano a partir da magistral campanha “Crime doesn’t pay” da década de 40.

Sobretudo depois do advento da Operação Lava-Jato, que tem mobilizado o civismo e patriotismo transformador de milhões de cidadãos e cidadãs despertos, enfim, para a verdadeira cidadania política.

Mas uma decisão desta magnitude tem de ser tomada pelos controladores das grandes redes de mídia e não pelos artistas e jornalistas produtores de conteúdo e o quadro de executivos que os transforma em gigantescas máquinas de faturamento. Pois nem tudo pode ser delegado.

Se até hoje nossa maior empresa de mídia se saiu bem nesta equação é de se perguntar porque de uns anos para cá os seus programas, até então merecedores de audiências recordes, não têm conseguido transferir esta admiração para a reputação da própria corporação.

Diante de campanhas vigorosas nas redes sociais que difamam a imagem da Rede Globo, por exemplo, os produtores e executivos de seus programas têm feito a escolha errada ao peitar os produtores de conteúdos independentes das redes sociais e os formadores de opinião da sociedade civil, ao invés de aprender com eles as suas estratégias de argumentação que resultaram no fenômeno de descoberta da face oculta de nosso conservadorismo.

Ao contrário, os globais partiram para uma radicalização que, não apenas atrasa o Brasil, como pode colocar em risco o futuro da própria organização.

Pela primeira vez desde a morte de seu fundador, os seus sucessores terão de fazer uma escolha entre a visão de mundo progressista da maioria de seu quadro de funcionários e o novo imaginário social, conservador na sua essência, que surgiu a partir das megamanifestações de 2013.

Ou seguem a opinião democrática da maioria dos cidadãos a favor do atual governo -que compõe a maior parte de sua audiência -ou as opiniões de seu pessoal interno com relação às pautas em jogo no debate público nacional, como desarmamento geral x permissão de armamento em casos especiais, família tradicional x construção social, feminismo x feminicídio, aborto x luta pró-vida, minorias sexuais x militância LGBT, resgate da honra policial x vitimização de bandido, fatos e versões de registros da história recente do Brasil etc

Tirar a esquerda da educação pública de repente vai ser mais fácil pois o patrão mudou. Mais difícil será tirar da empresa de mídia privada, onde os patrões não mudam e compram a farsa de sempre de seus jornalistas e artistas.

Conversando com um dos mais graduados do jornalismo da emissora, ele me disse que imparcialidade para eles é a socialdemocracia mesmo, que não é nem o petismo desmoralizado pela corrupção nem a extrema direita do bolsonarismo obscurantista! Tentei argumentar que não, mas não adiantou.

São todos “ungidos” e acima da plebe ignara moralista que cometeu a insânia de eleger um governo conservador! É de lascar!

Proponho então, em prol do Brasil, um desafio para os controladores das grandes empresas de mídia: que se faça um daqueles testes ideológicos triviais –que o próprio jornal O Globo já publicou –com os próprios produtores de conteúdo de informação e entretenimento para se verificar a hipótese que levanto.

Teste com questões relativas às próprias pautas dos telejornais e telenovelas: desarmamento, programas assistenciais, cotas raciais, direitos trabalhistas, carga tributária, maioridade penal, pena de morte, migrações, corporativismo e sindicalismo, família tradicional, sexualidade e ideologia de gênero, entre outros.

Verificaremos claramente que a quase totalidade de nossos produtores de conteúdo são de extrema esquerda, de esquerda ou de centro, e jamais de direita!

E aqui a pergunta essencial: imparcialidade jornalística é ser de centro, socialdemocrata, sem incluir a direita para relativizar eventual posições da extrema direita, como incluem a extrema esquerda para relativizar posições de esquerda?

Lamento discordar. A socialdemocracia não é centro ou garantia de imparcialidade. Como diria nosso gênio da raça Roberto Campos, que se confessava de direita e liberal quando a imprensa lhe pespegava o rótulo de extrema-direita, “a socialdemocracia nada mais era do que o socialismo envergonhado”.

Eu diria que se trata de uma torção barroquista, a farsa de apresentar como imparciais posições de centro quando não acompanhadas de uma posição clara de esquerda e de direita.

É o mesmo que ocorre com nossa crença barroquista na alegada “democracia racial” brasileira, onde somos todos pardos, mais pretos ou mais brancos dependendo da conveniência da situação.

Na verdade, se trata exatamente ao contrário, de parcialidade. Da chamada estratégia das tesouras de alternar o poder entre a esquerda carnívora e a esquerda vegetariana, exatamente o esquema de poder que democraticamente os cidadãos brasileiros repudiaram nas urnas, elegendo um conservador nos costumes e liberal na economia, sem voz no elenco de produtores de conteúdo da grande mídia.

E agora? A grande mídia manterá a farsa barroquista da hipérbole de chamar direita de extrema-direita e a esquerda socialdemocrata de centro? Mesmo batendo de frente com a opinião da maioria dos cidadãos que lhe garante a audiência?

Mesmo perdendo audiência a olhos vistos e, junto com ela, a credibilidade e o faturamento? Ou recuará, convocando produtores de conteúdo de direita legítima para garantir de fato a tão alegada imparcialidade?

No caso da Rede Globo, por exemplo, a decisão que poderá evitar a trajetória de confronto com a opinião pública conservadora que resolveu sair do armário será a de manter ou recuar do editorial de 2013, feito pela sua equipe de produtores de conteúdo, que revisou como erro o apoio dado pelo seu fundador à intervenção militar de 64.

Quando os controladores da grande mídia irão intervir para garantir esta mínima imparcialidade e a própria sobrevivência de seus negócios? Como diria Nelson Rodrigues: “O pênalti é tão importante que tem de ser batido pelo presidente do clube”.

]]>
https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-diario-de-comercio-de-sao-paulo-a-grande-midia-e-o-brasil-por-jorge-maranhao/feed/ 0 31190
História do Brasil – Brasil Paralelo lança documentário sobre 1964 destorcendo as narrativas esquerdistas da mídia e da academia https://www.avozdocidadao.com.br/historia-do-brasil-brasil-paralelo-lanca-documentario-sobre-1964-destorcendo-as-narrativas-esquerdistas-da-midia-e-da-academia/ https://www.avozdocidadao.com.br/historia-do-brasil-brasil-paralelo-lanca-documentario-sobre-1964-destorcendo-as-narrativas-esquerdistas-da-midia-e-da-academia/#respond Wed, 03 Apr 2019 15:57:05 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br/?p=30432 A mídia pode tentar suprimir a narrativa de direita sobre a recente história do Brasil, sobretudo se houve ou não houve uma ditadura no Brasil a partir da intervenção militar de 1964, o que vem fazendo desde então ocupando os aparelhos de produção cultural do país, academia, justiça, imprensa, artes etc.  Mais recentemente, pode também questionar e tentar ridicularizar o direito de manifestação do presidente da república eleito, e dar sua versão  hegemônica de que a direita é sempre formada por capetas sanguinários e a esquerda por nobres santos e idealistas. Mas está ficando cada dia mais difícil manter esta hegemonia, sobretudo na mídia onde deve imperar a imparcialidade e não a tomada de posição da esquerda, sobretudo em sua versão light de socialdemocracia. Como manda a prudência iluminista, tudo pode admitir duas versões opostas, dependendo sempre da perspectiva de quem olha. Assim como na outra recente polêmica sobre se o nazismo é de esquerda ou de direita, sempre será tomado como de esquerda pelos liberais conservadores, assim como sempre será de direita pelos esquerdistas. Se estes ressaltam as bases nacionalistas e militaristas do regime como armas típicas da direita, incluindo erradamente os conservadores nesses credos, estes  últimos ressaltam o aspecto coletivista do nazismo redundantes no próprio nome do partido nazista – nacional socialista dos trabalhadores alemães.

Como a história é mais complexa do que os rótulos das narrativas de propaganda, imparcialidade de fato demonstraria a nossa grande mídia se, ao invés de se engajar apressadamente na narrativa do “golpe de 64” e boicotar a inovadora visão da direita do documentário, garantisse as duas visões para sua audiência cada vez menores, chamando para seu time de comentaristas alguém mais conservador. Até por que é o próprio cidadão eleitor brasileiro que está assim querendo. A não ser, é lógico, que nossos jornalistas estejam tentados a dançar na beira do abismo a que estão empurrando as próprias empresas de mídia.

Em tempo: o documentário já está com quase 2 milhões de visualizações em menos de 24 horas de postado nas redes sociais.

]]>
https://www.avozdocidadao.com.br/historia-do-brasil-brasil-paralelo-lanca-documentario-sobre-1964-destorcendo-as-narrativas-esquerdistas-da-midia-e-da-academia/feed/ 0 31187
Política – “Fora, Renan!”, a agenda mais importante da política brasileira! Pressione seu senador! https://www.avozdocidadao.com.br/politica-fora-renan-a-agenda-mais-importante-da-politica-brasileira-pressione-seu-senador/ https://www.avozdocidadao.com.br/politica-fora-renan-a-agenda-mais-importante-da-politica-brasileira-pressione-seu-senador/#respond Thu, 31 Jan 2019 12:38:44 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br//?p=30103 Vamos voltar ao assunto mais importante do momento?

A eleição nas Casas Legislativas.

Pois bem, de todos os males que podem nos atingir, temos um de grande impacto para nossa incansável e constante LUTA CONTRA A CORRUPÇÃO. Se quisermos resguardar nossas conquistas nessa seara e avançarmos ainda mais, não podemos ter Renan Calheiros na presidência do Senado Federal!

Renan Calheiros representa o pior da velha política! Há vários processos judiciais contra ele e ele, por influência, já conseguiu arquivar pelo menos dois processos no STF. Outros estão parados. Renan é inimigo público da Lavajato e do combate à corrupção e à impunidade no país! Renan é Lula. Renan fatiou o impeachment de Dilma juntamente com Lewandowisk. Renan é inimigo do Brasil que queremos ser!

*Acesse o Mapa Fora Renan e pressione senadores a não votarem em Renan Calheiros, que declarou guerra ao combate à corrupção!*

https://forarenan.vemprarua.net/

 

]]>
https://www.avozdocidadao.com.br/politica-fora-renan-a-agenda-mais-importante-da-politica-brasileira-pressione-seu-senador/feed/ 0 30103
Educação – Inovações na Educação, por Viviane Mosé, para parar com nosso complexo de vira-lata https://www.avozdocidadao.com.br/educacao-inovacoes-na-educacao-por-viviane-mose-para-parar-com-nosso-complexo-de-vira-lata/ https://www.avozdocidadao.com.br/educacao-inovacoes-na-educacao-por-viviane-mose-para-parar-com-nosso-complexo-de-vira-lata/#respond Tue, 29 Jan 2019 17:27:18 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br//?p=30095 Vejam esta apresentação de Viviane Mosé no programa Café Filosófico sobre a possibilidade real de reversão de anos de negligência com a educação brasileira. Pois o grande impasse civilizatório do Brasil é encerrarmos de vez com nossa mentalidade barroquista de uso maníaco da retórica, de suas hipérboles, ironias e farsas. E entrarmos de vez na era do iluminismo da sensatez e prudência. Caso queira ver toda a apresentação, acesse https://www.youtube.com/watch?v=hyVBULSDimI 

]]>
https://www.avozdocidadao.com.br/educacao-inovacoes-na-educacao-por-viviane-mose-para-parar-com-nosso-complexo-de-vira-lata/feed/ 0 30095