bom senso – A Voz do Cidadão https://www.avozdocidadao.com.br Instituto de Cultura de Cidadania Tue, 29 Jan 2019 17:28:00 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.2.6 163895923 Educação – Inovações na Educação, por Viviane Mosé, para parar com nosso complexo de vira-lata https://www.avozdocidadao.com.br/educacao-inovacoes-na-educacao-por-viviane-mose-para-parar-com-nosso-complexo-de-vira-lata/ https://www.avozdocidadao.com.br/educacao-inovacoes-na-educacao-por-viviane-mose-para-parar-com-nosso-complexo-de-vira-lata/#respond Tue, 29 Jan 2019 17:27:18 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br//?p=30095 Vejam esta apresentação de Viviane Mosé no programa Café Filosófico sobre a possibilidade real de reversão de anos de negligência com a educação brasileira. Pois o grande impasse civilizatório do Brasil é encerrarmos de vez com nossa mentalidade barroquista de uso maníaco da retórica, de suas hipérboles, ironias e farsas. E entrarmos de vez na era do iluminismo da sensatez e prudência. Caso queira ver toda a apresentação, acesse https://www.youtube.com/watch?v=hyVBULSDimI 

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Redes sociais – Vejam como o senso comum desmonta o discurso da grande mídia no caso do motorista de Flávio Bolsonaro e a defesa dos artistas por Fernanda Montenegro https://www.avozdocidadao.com.br/redes-sociais-vejam-como-o-senso-comum-desmonta-o-discurso-da-grande-midia-no-caso-do-motorista-de-flavio-bolsonaro-e-a-defesa-dos-artistas-por-fernanda-montenegro/ https://www.avozdocidadao.com.br/redes-sociais-vejam-como-o-senso-comum-desmonta-o-discurso-da-grande-midia-no-caso-do-motorista-de-flavio-bolsonaro-e-a-defesa-dos-artistas-por-fernanda-montenegro/#respond Mon, 17 Dec 2018 13:44:19 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br//?p=29904 Se o hermético e contorcionista discurso da grande mídia podia ser isento de razão e de bom senso, sobretudo com o uso indevido do princípio da proporcionalidade das penas, hoje não é mais para qualquer cidadão comum analisando e desmontando as narrativas da grande mídia através de seus principais defensores como a classe dos jornalistas e dos artistas celebridades. É por isto mesmo que o processo de sua perda de credibilidade avança como nunca antes. Avalie e comente você também.

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Cultura iluminista – Agora vejam o outro lado do discurso de bom senso e prudência da pasta da justiça do novo governo https://www.avozdocidadao.com.br/cultura-iluminista-agora-vejam-o-outro-lado-do-discurso-de-bom-senso-e-prudencia-da-pasta-da-justica-do-novo-governo/ https://www.avozdocidadao.com.br/cultura-iluminista-agora-vejam-o-outro-lado-do-discurso-de-bom-senso-e-prudencia-da-pasta-da-justica-do-novo-governo/#respond Wed, 07 Nov 2018 13:57:45 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br//?p=29697 Para além de um grande economista na pasta da economia, temos um grande magistrado na pasta da justiça. O que se trata da essência do Estado, a espinha dorsal do novo governo, a estrutura fundamental para se nortear as ações políticas da prudência do iluminismo e independente de conchavos e fuxicos da demagogia e corporativismo reinantes até hoje em função da hegemonia barroquista de nossa cultura e mentalidade.

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Cultura iluminista – Conheça a biografia e o pensamento de Paulo Guedes que enriquece de iluminismo o novo governo https://www.avozdocidadao.com.br/cultura-iluminista-conheca-a-biografia-e-o-pensamento-de-paulo-guedes-que-enriquece-de-iluminismo-o-novo-governo/ https://www.avozdocidadao.com.br/cultura-iluminista-conheca-a-biografia-e-o-pensamento-de-paulo-guedes-que-enriquece-de-iluminismo-o-novo-governo/#respond Wed, 07 Nov 2018 12:55:30 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br//?p=29693 Apesar do entretenimento alienante da  TV Globo, a Globo News se transforma no grande espaço de debate público mais sério no Brasil e inaugura a mudança de paradigma cultural brasileiro, cada dia mais largando o barroquismo de que somos cativos há séculos, para, enfim, inaugurarmos uma era iluminista no trato da coisa pública.

Veja aqui uma pequena biografia e o pensamento do futuro ministro da economia do novo governo:

Paulo Guedes

O carioca Paulo Guedes, 69, esteve alijado do centro de poder do país nas últimas quatro décadas e ficou milionário apostando contra ou a favor dos planos econômicos forjados por outros.

A partir de 1º de janeiro, ele finalmente terá a chance de colocar em prática suas ideias liberais de abertura do mercado, redução do tamanho do Estado e privatizações como o “superministro” da Economia de Jair Bolsonaro (PSL).

Quando voltou ao país, em 1978, depois de concluir o doutorado na Universidade de Chicago, Guedes estava ansioso para aplicar o que aprendera. Um dos profissionais mais brilhantes de sua geração, já dominava como poucos os instrumentos da macroeconomia.

Só que, naquela época, o país tinha mentalidade estatizante e havia pouco espaço para suas ideias. Acabou também não seguindo carreira acadêmica em razão de brigas entre os grupos da PUC do Rio e da FGV.

Ao contrário do que ele próprio havia imaginado, seu destino foi o mercado financeiro.

“Paulo saiu de Chicago pronto para ajudar a tocar o governo, mas não teve chance. Só por isso consegui levá-lo para o mercado”, relembra o ex-banqueiro Luiz Cesar Fernandes.

De saída do Banco Garantia, que pertencia ao hoje bilionário Jorge Paulo Lemann, Cesar convidou Guedes para se tornar o economista-chefe de sua nova empreitada —a Pactual DTVM, que depois se transformou no Banco Pactual.

Criada em 1983, a corretora ganhou esse nome por causa dos sócios fundadores: P de Paulo Guedes, A de André Jacurski (que era diretor-executivo do Unibanco) e C de Luiz Cesar Fernandes. Havia também um quarto sócio, Renato Bromfman, que presidia a distribuidora do Credibanco.

Em pouco tempo, Jacurski e Guedes se tornariam lendas do mercado. Pessoas que conviveram com eles utilizam uma metáfora futebolística para descrevê-los. Guedes era o “Zico”, o armador do time, e Jacurski, o “Romário”, o goleador.

A função de Guedes era traçar a estratégia de investimentos da corretora, baseada em palpites certeiros dos rumos da economia. Já Jacurski utilizava aquela base para montar as posições na Bolsa. Juntos, ganhariam muito dinheiro.

A primeira goleada do Pactual foi marcada contra o Plano Cruzado, implementado no governo Sarney e que congelou os preços na tentativa de debelar a hiperinflação.

Guedes dizia que aquela aposta heterodoxa não ia dar certo porque deixava “pontas soltas”. Batia duro nos autores do plano —João Sayad, Edmar Bacha, Persio Arida e André Lara Resende, desafetos desde os tempos da academia.

A oposição era tão ferrenha que Guedes ganhou de Luiz Carlos Mendonça de Barros, então diretor do BC, o apelido de Beato Salu, personagem da novela “Roque Santeiro” que anunciava o fim do mundo.

Guedes venceria a disputa do Cruzado. Com as prateleiras dos supermercados vazias, o congelamento de preços foi abandonado. A crise foi tamanha que o Brasil declarou moratória da dívida externa em 1987. Já o Pactual, que ainda era um banco pequeno, quadruplicou seu patrimônio.

O próximo alvo foi o Plano Collor. Eleito em 1989, Fernando Collor de Mello escolheu Zélia Cardoso como ministra da Economia e Ibrahim Eris como presidente do Banco Central. Guedes conhecia bem as ideias de Ibrahim e disse aos seus colegas que não se espantaria se ele fizesse um confisco.

Jacurski então aplicou o capital do banco em títulos de empresas exportadoras, que tinham receita em dólar fora do país. Quando Collor confiscou a poupança, em 16 de março de 1990, os investimentos do Pactual estavam protegidos.

Com a expansão do banco, Guedes assumiu a renda fixa e contratou uma turma jovem para ajudá-lo. Saiu de suas asas boa parte da segunda geração do Pactual, como André Esteves, hoje um dos donos do BTG Pactual, e Gilberto Sayão, sócio da Vinci Partners.

“Desde o Pactual, ele sempre formou times de excelência para a execução dos negócios em cima dos bons fundamentos estratégicos”, diz Daniella Marques, que se tornaria sócia de Guedes décadas depois, na Bozano Investimentos.

As relações entre Guedes e Esteves —ambos de temperamento forte— não são as melhores atualmente, mas o banqueiro já disse a amigos que o futuro ministro é “o melhor economista de farol alto” que conhece. Por “farol alto”, Esteves quer dizer aquele que enxerga longe na economia.

Quando chegou a vez do Plano Real, implementado em 1994 sob Itamar Franco, Guedes inverteu a mão e cravou que iria dar certo.

Os autores eram seus antigos rivais —Arida, Lara Resende e Bacha—, mas mesmo assim ele não se fez de rogado. Guedes entendeu que seria necessário elevar os juros e atrair uma montanha de capitais para estabilizar a moeda.

Com esse diagnóstico, Jacurski de novo entrou em cena. Não só vendeu dólares como fez uma imensa aposta que é conhecida no mercado como “carrego”: pegar dinheiro emprestado lá fora pagando 1% a 2% ao ano de juros e comprar títulos do Tesouro no Brasil, que remuneram à taxa Selic.

Guedes e Jacurski não podiam ter acertado mais —assim como outros bancos de investimento que foram na mesma toada. A Selic bateu em estratosféricos 45% e instalou-se a âncora cambial, que mantinha o real em paridade com o dólar. Foi o maior lucro da história do Pactual.

Guedes enriqueceu, mas nunca gostou de ostentar. Até hoje, não faz questão de relógios caros, helicópteros ou iates. O surrado paletó parece o mesmo há anos.

Ele gosta de exibir sua inteligência, inebriando as audiências de suas palestras, e é também um polemista, que quer vencer todas as discussões. Os inimigos o acusam de arrogante, os mais próximos dizem que ele é veemente.

Os sócios do Pactual se separaram em 1998. Cesar queria que o Pactual entrasse no varejo e fez uma frustrada tentativa de comprar o BCN. Guedes e Jacurski foram contra e preferiram sair. Fundaram então a JGP Investimentos.

E começaram acertando. Ainda na campanha de reeleição de Fernando Henrique Cardoso naquele mesmo ano, Guedes previu uma maxidesvalorização do real.

Depois das crises asiática (1997) e russa (1998), o economista observava a queda das commodities e a redução do fluxo de capitais e percebeu que não dava para continuar queimando reservas para manter a paridade real e dólar.

Na época, Guedes disse à equipe da JGP: Gustavo Franco vai deixar a presidência do BC (ele pediu demissão em 13 de janeiro de 1999), vai haver uma maxidesvalorização do real (o dólar saltou de R$ 1 para R$ 2 dois dias depois), mas o efeito na economia real não será tão grande assim.

E recorreu a uma de suas metáforas: “Vai ser uma bomba, mas no fundo do mar”.

Jacurski e sua equipe então compraram títulos de empresas exportadoras e papéis atrelados ao dólar e, de novo, ganharam dinheiro.

Mas a trajetória de Guedes como financista não é feita só de vitórias. Foi na época da JGP que se agravou um problema que já vinha desde do Pactual: o economista estava apostando uma fatia de sua fortuna num mercado altamente especulativo —o “day-trade” do índice Bovespa— e perdendo muito dinheiro.

Segundo experientes operadores que o conhecem, esse ramo exige qualidades opostas às de Guedes. Não dá para brigar com o mercado e é preciso frieza e humildade para desmontar posições equivocadas. E o futuro ministro é do tipo que vai até as últimas consequências por suas ideias.

Em 2006, Guedes deixou a JGP e encerrou uma sociedade de 23 anos com Jacurski. Eles brigaram feio e mesmo pessoas próximas não revelam o motivo do entrevero. Ambos se recusaram a dar entrevista para esta reportagem.

Foi um período complicado para Guedes, que se reencontraria na fundação da BR Investimentos dois anos depois, em 2008. Nessa fase, ele voltou a fazer o que sabe melhor: prever tendências e aplicá-las à economia real. Nessa época, repetia outra de suas máximas: “O Brasil é o paraíso dos rentistas e o pesadelo dos empreendedores”.

Guedes tinha experiência com investidor na área de educação. Ao mesmo tempo que atuava no Pactual, havia comprado anos antes, com Claudio Haddad (ex-banco Garantia), a marca Ibmec e todas as atividades de ensino do instituto. Em 1984, o Ibmec foi pioneiro em trazer para o Brasil os cursos de MBA que hoje se transformaram numa febre.

Na BR Investimentos, Guedes decidiu apostar de novo em educação. Ele percebeu que as faculdades privadas viveriam um boom no país, impulsionadas pelo ProUni, programa criado pelo governo Lula para subsidiar ensino superior para pessoas de baixa renda.

A BR Investimentos captou R$ 360 milhões para comprar pedaços de empresas de educação e ajudá-las a acelerar seu crescimento e depois abrirem capital na Bolsa. As estrelas do portfólio foram a Abril Educação, em sociedade com a família Civita, e a Anima Educação. O fundo teve taxa de retorno líquida de 30% ao ano.

Depois, Guedes e sua equipe reuniram mais de R$ 520 milhões, dessa vez para apostar em consumo e serviços. Compraram uma fatia da varejista Hortifruti e da rede de estacionamentos Estapar. A taxa de retorno desse fundo, que ainda não foi totalmente desinvestido, está em 20% ao ano.

Em 2013, a empresa mudou de nome para Bozano Investimentos. Sua meta agora é repetir em saúde o que fez na educação. Captou R$ 1 bilhão para fundir hospitais no interior.

Guedes, porém, não estará mais lá para apurar os resultados. Vai vender sua participação na Bozano para comandar a área econômica do governo Bolsonaro.

Para Guilherme Aché, sócio da Squadra Investimentos, que trabalhou com Guedes por mais de 16 anos, “ele é a pessoa certa, no lugar certo, na hora certa”, porque agora o país estaria preparado para o liberalismo.

O futuro ministro, porém, nem assumiu e já acumula polêmica. Disse na semana passada que vai “salvar a indústria, apesar dos industriais”, que vivem “entrincheirados” atrás do protecionismo.

Sob anonimato, pessoas próximas dizem que Guedes está acostumado com o jeito direto dos operadores do mercado financeiro e acreditam que a vivência em Brasília, onde o homem público não pode falar tudo que quer, promete ser um grande aprendizado.

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Artigo – Do Diário de Comércio de São Paulo: “Ao ocaso de nosso barroquismo, a aurora do bom senso”, por Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-diario-de-comercio-de-sao-paulo-ao-ocaso-de-nosso-barroquismo-a-aurora-do-bom-senso-por-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-diario-de-comercio-de-sao-paulo-ao-ocaso-de-nosso-barroquismo-a-aurora-do-bom-senso-por-jorge-maranhao/#respond Sat, 08 Sep 2018 00:13:19 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br//?p=29414 Do Diário de Comércio de São Paulo:

A queima da memória nacional no último dia 2 de setembro foi tão danosa para a civilização ocidental como a derrubada das torres do World Trade Center no dia 11 de setembro de 2001


  Por Jorge Maranhão 06 de Setembro de 2018 às 20:42  | Mestre em filosofia pela UFRJ, dirige o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão


Que falta fazem duas vozes de nossos raros expoentes liberais: José Osvaldo de Meira Penna, o psicólogo social do Brasil, e seu contemporâneo e colega Roberto Campos, o guerreiro do bom senso.

Sobretudo neste grave momento em que temos de decidir de vez os rumos deste imenso e ainda tosco país. Ou retomamos o rumo da sensatez, prudência e responsabilidade ou permaneceremos nesta doença infantil do esquerdismo que nos levará ao mesmo destino do horror bolivariano.

A queima da memória nacional no último dia 2 de setembro foi tão danosa para a civilização ocidental como a derrubada das torres do World Trade Center no dia 11 de setembro de 2001.

Só que fomos atacados por inimigos internos, a esquerdalha que segue a cartilha de Gramsci sobre a destruição da “sociedade burguesa” pela destruição de seus valores constitutivos como a história, as tradições, a família, a religião, a democracia, a justiça e a propriedade privada.

Como circula nas redes sociais, não basta se indignar com a generalização da responsabilidade, típico sofisma esquerdista de diluir a culpa pessoal para toda a sociedade.

Temos a obrigação cívica de questionar o MPF: se em danos ao patrimônio público por gestores privados cabe a denúncia de gestão temerária e negligência, como na tragédia de Mariana, por que a mesma denúncia não cabe quando os gestores são agentes públicos, como no caso agora do Museu Nacional?

Reitores, decanos e diretores de instituições universitárias e de museus públicos estão acima da lei por que se acham monopolistas das virtudes sociais e filiados a partidos de esquerda?

É em seu livro “Em berço esplêndido, ensaios de psicologia coletiva” , reeditado em 1999, que o grande diplomata e pensador José Osvaldo de Meira Penna (1917 – 2017), lançando mão dos instrumentos de análise da psicologia social junguiana, faz uma das melhores e argutas sínteses do caráter do brasileiro, quando o define como “homo eroticus”, ou “homo ludens” da tradição da Europa mediterrânea, em contraposição ao ”homo logicus” ou “homo sapiens” da tradição norte-européia.

Em “Da moral em economia”, reeditado em 2002, o autor explica os impasses de nosso desenvolvimento econômico pela visão moral dominante no país, o esforço catequético jesuíta de idealizar os pobres e condenar os ricos a priori, como a “opção preferencial pela pobreza”, lema romântico esquerdista da CNB do B, como satirizava, e que irá contraditar numa outra obra, a “opção preferencial pela riqueza” da tradição calvinista dos países saxãos.

Meira Penna chega a diagnosticar nossas dificuldades culturais diante de não termos experimentado o Iluminismo do século XVIII europeu nem tampouco a tradição do pensamento utilitarista inglês, barrados pela nossa tradição contra reformista católico-barroca. Mas não aprofunda este componente da determinação barroquista como causa de nossa aversão pelo bom senso e a razoabilidade.

Sabemos que o puritanismo protestante veio prover a sociedade norte americana de valores morais condicionantes do progresso econômico capitalista, como honra a contratos, palavra empenhada, apreço ao trabalho e ao mérito, respeito incondicional às liberdades civis e à propriedade privada, aversão à mentira e à farsa.

Mas não sabemos bem por que, ou mesmo como, o catolicismo jesuíta travou nosso desenvolvimento econômico e social, questão a que me dedico há anos e que chamo de nossa predileção incontida pela farsa e seus sucedâneos: torções, retorções, contorções e distorções barroquistas.

Meira Penna exemplifica nossa atitude diante da vida com o padrão de conduta no trânsito, arguta percepção de nossa psicologia social de trocarmos meio de transporte por meio de armamento. E que sintetizei um dia na legenda: “Diga-me como teu povo se comporta no volante, ao dirigir seus automóveis nas ruas e estradas, e eu te direi a que grau de civilização ele pertence”.

Mais a síntese definitiva que faz de nosso caráter, aquilo que melhor nos caracteriza, é quando compara os quatro padrões culturais mundiais com o modo de o povo se relacionar com as leis.

A mais avançada, segundo o autor é “o padrão inglês, onde tudo é permitido, salvo aquilo que é proibido. Menos perfeito que o inglês, temos o padrão suíço, onde tudo é proibido, menos aquilo que é permitido. O terceiro tipo é dos países totalitários, como Cuba, Coréia do Norte, China, onde tudo é proibido, mesmo aquilo que é especificamente permitido. O quarto padrão é de países anárquicos, carnavalescos e antinômicos como o Brasil, onde tudo é permitido, mesmo aquilo que é proibido”.

Não tenho visto melhor análise psicológica de nosso caráter do que a de nosso grande diplomata, pensador e escritor J.O. de Meira Penna, que tanta falta nos faz, juntamente com seu contemporâneo, nascido no mesmo ano, amigo e confrade liberal, nosso maior economista, Roberto Campos (1917 – 2001).

Nosso guerreiro do bom senso, Roberto Campos escreveu uma coletânea de ensaios na década de 80 que é válida até os dias de hoje. Em Antologia do Bom Senso, reeditada em 1996, retoma o tema da doutrina liberal que não entrou na cabeça de nenhum de nossos governantes socialistas e social democratas dos últimos 30 anos.

Embaixador de carreira como Meira Penna, ensaísta, político e estadista, Roberto Campos se diferenciou do pensamento dominante de esquerda de toda uma geração de intelectuais brasileiros do século XX, pois foi um dos poucos que assumiu na trincheira política uma posição doutrinária francamente liberal. De temperamento menos recatado do que Meira Penna, sacrificou uma obra intelectual tão consistente como a dele para travar os embates mais rudes da política.

Como parlamentar constituinte, foi extremamente crítico em relação à Constituição de 1988, denunciando como demagogia o que deveria ser a consolidação das instituições do Estado democrático de direito e o fortalecimento da cidadania, identificando-a como um perigoso expediente de ingovernabilidade do país, na medida em que oferece inúmeros intitulamentos sem as correspondentes provisões.

Constituição dita “cidadã, onde o termo direitos é citado 76 vezes contra apenas 4 vezes é citado o termo deveres. Defensor de Collor no embate com Lula nas eleições de 1998, ficou emblemática, todavia, no final de sua vida, já em cadeiras de rodas, a sua decisão de comparecer à sessão de votação do impeachment do presidente por corrupção, demonstrando, com seu exemplo, que a cidadania está acima de quaisquer interesses.

Seu diagnóstico sobre nossa patologia cultural enumerava cinco grandes doenças dos “ismos”, como chamava: a degradação do valor do patriotismo pelo nacionalismo; a degradação da democracia pela demagogia, ou populismo; o estruturalismo econômico da teoria da dependência cepalina; o protecionismo tarifário que resulta em ineficiência; e o estatismo que vicia a todos a fugir da concorrência. O que nos leva sempre à “vanguarda do atraso”, mesmo diante de países de nosso porte.

Se passados 30 anos e permanecemos com as mesmas “doenças dos ismos” que atravancam nosso crescimento e nos infelicitam a todos, temos de concluir que é chegado o momento, enfim, de um novo pacto pelo bom senso, pelo equilíbrio e pela prudência.

E entender que, mesmo aos trancos e barrancos, podemos superar estas doenças de tudo carnavalizar, torcer e retorcer, contorcer e distorcer, cuja matriz maior não é outra se não a resiliência de nosso barroquismo no inconsciente coletivo, no imaginário social brasileiro, extrapolado das artes e letras do século XVII para os mais variados campos da nossa expressão cultural, como nossa extravagante política, nossa contorcionista justiça e nossa farsante conduta moral e cívica.

Para mais acesse: https://dcomercio.com.br/categoria/opiniao/ao-ocaso-de-nosso-barroquismo-a-aurora-do-bom-senso

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