Artigo – A Voz do Cidadão https://www.avozdocidadao.com.br Instituto de Cultura de Cidadania Wed, 04 May 2022 19:49:00 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.2.6 163895923 Do DCSP: “Curupira e a nossa dificuldade de apreensão da realidade”, por Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/do-dcsp-curupira-e-a-nossa-dificuldade-de-apreensao-da-realidade-por-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/do-dcsp-curupira-e-a-nossa-dificuldade-de-apreensao-da-realidade-por-jorge-maranhao/#respond Wed, 04 May 2022 10:36:46 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39994

O Congresso Nacional, como nossa maior farsa barroca, disfarça e não cumpre com sua missão essencial, qual seja a de controlar a administração da Justiça


São Paulo, 02 de Maio de 2022 às 15:53


Em que pese as severas críticas que tenho sobre a arquitetura de Brasília, pelo menos a localização central do prédio do Congresso Nacional, face o Executivo e o Judiciário, representa corretamente o peso entre eles. Pois os poderes soberanos pela legitimação do voto dos cidadãos são apenas o Executivo e o Legislativo, sendo o Judiciário um órgão essencial com poder indireto do presidente que indica os ministros e do Legislativo que os sabatina. Ou seja, um poder por deferência metafórica e não por fundamento de soberania, como definido no parágrafo único do Art. 1: “todo poder emana do povo.”

Só que, enfim, começa a cair a ficha do alegado sentido das duas conchas, côncava do Senado e convexa da Câmara. Para além da côncava estar a ouvir as aspirações das unidades da federação – se é que de fato ela existe ou é mera ficção barroquista – e a convexa as demandas plurais dos cidadãos, são a representação e o motor das duas fontes de poder, da soberania individual e comunitária dos cidadãos. Como elementos complementares e alados, ao lado do duplo edifício do Congresso, resulta no esboço plástico do maior de nossos dragões da maldade, diria o Curupira, símbolo maior de nossa farsa barroquista que a todos engana e descaminha.

Pois o Congresso Nacional, como nossa maior farsa barroca, disfarça e não cumpre com sua missão essencial, qual seja a de controlar a administração da Justiça, instrumento de seus abundantes recursos processuais, contra a associação criminosa com executivos corruptos, fontes de acesso a outro tipo de recursos, desta feita, os financeiros do tesouro nacional.

A nação inteira tem sido vítima do atraso de mentalidade, da reputação duvidosa e notória ignorância jurídica de alguns dos supremos togados. Sobretudo uma meia dúzia deles que padecem da mais aguda síndrome da retórica barroquista. Não no quesito da oratória da qual são até mesmo medíocres, mas no de seus torcidos, contorcidos e distorcidos raciocínios que os levam a uma total dissonância cognitiva na apreensão da realidade.

Como demonstro no meu recém-lançado livro “Curupira”, o barroquismo mental de três séculos nos fazendo ver e crer no imaginário assimétrico, obscuro, unívoco, pictórico e de forma aberta das artes barrocas acabou por nos levar a uma apreensão torcida, contorcida e distorcida da realidade. As artes e as letras barrocas, como sempre digo, são uma das máximas expressões da humanidade, mas quando transbordadas para outros campos da expressão cultural, como a moral, a justiça e a política, é um desastre, nosso grande impasse civilizatório.

Pois uma apreensão da realidade através de figuras retóricas como metáforas, metonímias, hipérboles, ironias e paradoxos resulta sempre em torções, contorções e distorções da realidade. Como se elas existissem na realidade objetiva e não fossem apenas figuras ou meios de expressão.

E a expressão máxima de nosso barroquismo mental é a enrolada, tortuosa, cara, nepotista, ineficiente, paradoxal, tardia, processualística e farsante Justiça nacional. Uma máquina de oprimir cidadãos indefesos por omissão ou ativismo em excesso e de procrastinar sentenças e favorecer poderosos.

Não é à toa que mais da metade dos supremos togados são objetos de pedidos de impeachment no Congresso, como: Gilmar Mendes, nosso garantista-mor em favor de políticos condenados por corrupção e em desfavor de centenas milhares de cidadãos presos arbitrariamente por pequenos crimes e sem o devido processo legal. Puro paradoxo.

Alexandre de Moraes, nosso inquisidor-mor, vítima, promotor, investigador, relator e juiz do conhecido “Inquérito do Fim do Mundo”. Uma hipérbole ambulante, descomedido e juris-imprudente.

Dias Toffoli, o defensor-mor do poder moderador do Esseteefe que não consta na Constituição Federal. E, portanto, pura ficção barroquista.

Fachin, defensor-mor do ex-presidiário ex-presidente, que criou a figura esdrúxula da descondenação judicial por confundir sentença condenatória com adereço processual. Como manda a boa retórica metonímica, troca o essencial pelo acessório.

Lewandovsky, inventor-mor da meia-pena do impeachment ou do supremo jeitinho de cassar o mandato mas poupar os direitos políticos de sua companheira ideológica. Mera ironia se não fosse também descabida hermenêutica.

E o iluminado Barroso, ativista-mor das pautas esquerdistas identitárias, da caixa-preta das urnas eletrônicas a abusador-mor de parlamentares com rabo-preso no Esseteefe.

A esses seis casos de extravagância jurídica e transbordamento retórico se juntam mais seis episódios de nossa tradição barroquista de torcer, retorcer, contorcer e distorcer a realidade, como narra Curupira e seus, não por acaso, doze dragões da maldade.

O paradoxo barroquista do ativismo judicial compulsivo de sinistros togados expressamente impedidos de fazer política partidária, além de fazer letra morta do art. 95 da Constituição, uma vez os compulsórios atributos de passividade, imparcialidade e insuspeição do ato judicatório.

A extravagância da existência de justiças ditas especializadas como as jabuticabas justiças trabalhista e eleitoral, fonte de empreguismo, opressão e abuso de tutela sobre os cidadãos.

A desrepresentação parlamentar que mais representa os interesses corporativos de seus representantes do que os dos cidadãos que finge barrocamente representar. Caso modelar de retórica da ironia de trocar o ser representado do cidadão eleitor pelo parecer ser representante de seus próprios interesses.

O conluio dantesco dos SS – Senadeiros do Senado e supremo sinistros que encenam a farsa de não tramitar processos de impeachment contra membros do Esseteefe, em troca de os mesmos não tramitarem denúncias de corrupção de senadeiros portadores de mandatos comprados.

A contabilidade criativa dos membros dos tribunais de faz-de-contas que faz vista grossa com pedaladas da execução orçamentária aprovadas pelos seus patrões no Congresso e práticas de criativas exportações de serviços por mega empreiteiras que só por acaso financiam campanhas eleitorais.

Tais são nossas doze quedas para o mais abissal fosso de nossa barroquista cultura política, onde os atores da alta magistratura nunca foram tão medíocres quantos os indicados pelos governos esquerdistas nas últimas décadas. O que nos tomará uma geração para substituí-los por ministros efetivamente ilibados e de notório saber jurídico.

Por isso a narrativa romanceada de Curupira, pronta para ser lançada também em língua inglesa, como Kurupira, para que o mundo saiba do que está realmente ocorrendo nesta sua periferia.

Não obstante grande parte dos países ocidentais também estejam a padecer da mesma pandemia do supervírus resiliente do barroquismo mental, quem sabe esta original interpretação do Brasil não acabe por ser útil também para a apreensão da realidade de outros países e culturas ditas mais civilizadas.

Porque o chiaroscuro barroco, como as espirais e volutas do côncavo-convexo, não nega a premissa de discernimento do preto e branco, da noite e dia ou do quente e frio. Uma vez que terceira via política, terceiro sexo ou terceira margem do rio, como o raro momento entre a alvorada e o pleno dia ou entre o crepúsculo e a plena noite, não são a regra celebrada pelo Barroco, mas a exceção que confirma a regra, uma vez que não seria sequer percebido o fenômeno sem as premissas conceituais que nos permite discernir a verdade, não apenas da mentira, mas sobretudo da meia-verdade.

Jorge Maranhão é mestre em filosofia pela UFRJ, dirige o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão e autor de “Destorcer o Brasil. De sua cultura de torções, contorções e distorções barroquistas”. Acaba de lançar “Curupira, o enganador do mundo e os doze dragões da maldade”.
Email: jorge@avozdocidadao.com.br

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Do DCSP: “O país visto das redes”, por Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/do-dcsp-o-pais-visto-das-redes-por-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/do-dcsp-o-pais-visto-das-redes-por-jorge-maranhao/#respond Sat, 24 Apr 2021 22:36:27 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39929 O país visto das redes

Aos amigos das redes sociais, que insistem na insana busca de uma terceira via, tento explicar no privado que, lamentavelmente, não existe esta opção 


  Por Jorge Maranhão23 de Abril de 2021 às 15:07

  | Mestre em filosofia pela UFRJ, dirige o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão e autor de “Destorcer o Brasil. De sua cultura de torções, contorções e distorções barroquistas”. Email: jorge@avozdocidadao.com.br


A terceira via

Diante da crescente campanha de uma “terceira via”, depois que nossos supremos torceram e contorceram as leis para transformar um presidiário em presidenciável, se avizinha a maior farsa de nossa pestilenta política esquerdista: regressar à cultura barroquista de todo poder ao establishment das bancadas de corruptos políticos fisiológicos, aliados às privilegiaturas da alta burocracia e da burritziaesquerdopata de artistas, jornalistas e acadêmicos parasitas do Estado.

Será que acham que é mesmo viável tertius do naipe de humoristas, animadores de auditório, governadores investigados e operadores de retroescavadeiras? Acham mesmo que somos imbecis?

O pior é a enorme massa de manobra, que acredita piamente nos aparelhos ideológicos do barroquismo esquerdista nacional contra a chamada “extrema direita”. Pois simplesmente está equivocada quando acha que existe a tal da terceira via, que não existe só dois lados, mas algo além da verdade e da falsidade. Chama-se a isto “relativismo moral”, arma canalha do gramscismo torcendo e distorcendo a tradição barroca da farsa.

Aos amigos das redes sociais, que insistem na insana busca de uma terceira via, tento explicar no privado que lamentavelmente não existe esta opção na verdade, mas apenas na enganação da estratégia das tesouras da hegemonia de esquerdas, ditas carnívoras e veganas, se alternando no poder para tentar impedir a direita de chegar ao governo. E, se chegar, usar de todos os meios para impedi-la de governar.

Pois a cultura política dominante no país e a da obstrução de pauta!

Exatamente a intolerância das esquerdas em seus vários matizes tenta se passar por tolerante, ao falsear o debate dito democrático, desde que excluída a direita – a que chamam sempre de extrema e reacionária.

Toda a tradição dos valores morais judaico-cristãos, veio da crença, da fé, e não da razão cientificista. As fake news que tanto denunciam nada mais são do que uma retórica eufemística do velho boato, ou rumor da tradição política ocidental. Pois o problema não é o rumor, o boato ou a farsa, mas o uso político que se faz dos mesmos.

O problema é que a retórica barroquista, que pode ser de sentido extremamente moral no campo das letras (a moral da história das fábulas, contos de fadas, das farsas e burlas do teatro), não pode ser transposta para o campo da política e da justiça, sob pena de virar simplesmente engodo e trapaça.

A maior parte do que os profetas afirmaram desde o Velho Testamento jamais foi provada pelo cientificismo. No entanto, têm um sentido paradigmático para o legado moral do Ocidente. Se as esquerdas querem se travestir de modernas e progressistas e não reconhecem isto, é porque na verdade não têm consciência da maior virulência que se abateu na modernidade, que é legado barroco do esquerdismo.

A música barroca, por exemplo, não deixa de ser a catedral estética da beleza musical pelo fato de servir à reforma protestante. Pois pode servir também à contrarreforma católica! Se não tem este discernimento, é por que os ditos ponderados da esquerda light são na verdade os piores esquerdistas, que juram que não são, apenas porque não apresentam os sintomas explícitos.

Isentolândia

Nestes tempos de troca de generais isentões e de culhões, vale refrescar os que questionam o “golpe” de 64 que fez aniversário neste mês. Estão fartamente documentadas em fotos e filmes “as marchas da família por Deus e pela liberdade”. Negar isto ou questionar sobre percentuais de aprovação da população ao movimento militar não é absolutamente um debate honesto.

Por favor! Sobretudo aqueles que foram lobotomizados pela propaganda socialista da imprensa, universidades e artistas ativistas a partir da nefasta barganha da “lei da anistia” de 79, e a entrega do aparelho ideológico da sociedade à esquerda contra a desmobilização das guerrilhas revolucionárias. Vejam vídeo insuspeito da própria USP, que até hoje é um antro de esquerdistas.

Sobre o quadro do processo de subversão socialista: o que não avisaram aos russos foi a retorção barroquista da Justiça brasileira. O Brasil estava no auge da fase de implantação socialista do início da década de 2010, com a hegemonia petista aliada ao centrão, quando começaram as sucessivas megamanifestações contra o mensalão. O que resultou na operação Lava-Jato, e no desmonte da corrupção esquerdista com o petrolão.

O que falta neste quadro é exatamente o papel da justiça, de um novo judiciário, e a mudança de posição da quadrilha do Supremo diante da ameaça da Lava-toga. Este é o ponto de inflexão que acabou por extinguir a Lava-jato: a trincheira decisiva da quebra da hegemonia esquerdista e da consolidação, ou não, da união da centro-direita que ascendeu com Bolsonaro – o que eu chamo da retorção de nossa tradição cultural barroquista, de quatro séculos de corrupção dos valores morais.

Para os que insistem em chamar de golpe militar e ditadura o movimento de 64, fica a questão: ditadura como, se houve eleições indiretas e sucessivas para 5 presidentes militares? Ditadura teria havido se fosse apenas um ditador por período superior a um mandato presidencial, e sem congresso aberto que validasse – como no caso de Pinochet, Videla etc.

Democracia é um conceito discutidíssimo na história das ideias políticas desde Platão. Uma vez que, não raramente, descamba para demagogia e oclocracia. Liberdade dos grupos esquerdistas que tramavam revoluções, guerrilhas, atos e atentados terroristas realmente não houve, mas a repressão/distensão foi equivocadamente “negociada” em troca do aparelhamento esquerdista dos meios de reprodução ideológicos, como academia, imprensa e justiça.

Gerações inteiras a partir das décadas de 60 até 90 sofreram lavagem cerebral. Não reconhecer isto é falsear o debate desonestamente, e permanecer no obscuro e tortuoso túnel barroquista sem vislumbrar a razão iluminista que estávamos a perseguir desde o golpe da república.

República do blefe

Senadores blefam contra ministros do supremo de frango quanto à eventualidade de botar para tramitar os vários pedidos de impeachment protocolados na casa. Por sua vez, os sinistros do supremo tirano federal blefam contra suas excrescências quanto à pauta de julgamento de crimes senatoriais de corrupção e lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e outros mimosos tipos penais.

E se desenha o Oroboro barroquista da serpente abocanhando o próprio rabo, instituições que cuidam apenas de promover ações umas contra as outras e não cumprem mais sua missão constitucional em prol dos cidadãos que lhe pagam as mordomias. Como já se levantou e denunciou: mais de 2/3 da ação estatal cuida da própria ação estatal, e não dos interesses dos cidadãos. A república do blefe de se fazer passar exatamente pelo que se não é, ou do que se não é pelo que de fato é!

Jogos nas redes

Por que será que as pessoas postam tantas fotos de si nas redes sociais? Ou citações de outros, para disfarçar que não são de “auto-ajuda”? E continuam sozinhas na vã expectativa de um mísero like? Pois, nas redes, não se encontram amigos de fato. Apenas a farsa de amigos, a ironia, o paradoxo, os eufemismos e hipérboles: o barroquismo do jeu de mots, jeux d’images, jeux d’idées das artes e letras.

Das artimanhas da pobreza de espírito humana de transformar palavras em trocadilhos que, por sua vez, remetem à jogos de imagens ilusórias. Mas que, quando no campo do pensamento, se tornam ideias enganosas da realidade.

Como diria o grande T. S. Eliot, estamos diante de homens ocos, a enganarem-se uns aos outros nesta Terra desolada de ideias, valores e princípios. Uma modernidade que, na ânsia do novo pelo novo, inspira na verdade o Barroco que, em priscas eras, já foi rico quando se curvava ante divinas imagens. E hoje nada mais é do que o barroquismo da soberba esquerdista que quer que os homens se curvem diante de outros homens.

Educação da ‘psico-política’

A fábrica de antifas em massa da educação pública brasileira, depois de mais de 20 anos de governos esquerdistas, consiste na introdução na base curricular dos temas transversos da ideologia de gênero, do ambientalismo, do globalismo, do abortismo, do relativismo moral, do novo paganismo contra as religiões tradicionais, do imanentismo, da anti-arte, da transgressão da norma gramatical, do ativismo judicial, desarmamentismo, liberação das drogas etc. Em suma, pura militância cultural gramsciana!

Persisto na tese de que o esquerdismo é a última expressão da resiliência barroquista desde que Cervantes prenunciou Gramsci, quando denunciou a intoxicação de Don Quixote pelos romances de cavalaria – da mesma forma como fazem hoje nas escolas públicas os militantes esquerdistas, antifas travestidos de professores, com os temas transversos e tóxicos acima descritos.

Rock ’n’ roll

Um amigo me envia vídeos nostálgicos dos primórdios do rock’n’roll dos anos 50, antes da escalada das revoluções de costumes a partir dos anos 60, entre os quais o famoso “Rock around the world” com Elvis Presley, numa sugestiva coreografia de um bando de jovens revoltados numa prisão.

Lembro a ele que já nos anos 70/80, reagíamos contra os “anos rebeldes” com a onda de canções líricas de B. J. Thomas e até mesmo os maiores sucessos dos Beatles, como “Yesterday”, “Hey Jude”, “Imagine” e outros.

Participávamos da desconstrução dos valores da tradição ocidental judaico-cristã, sem nos darmos conta do tamanho do estrago da “contracultura”. Em “Rock’n’roll lullaby”, B.J. Thomas nos dá um comovente exemplo de como ainda “somos os mesmos e vivemos como nossos pais”, no incondicionado amor de uma mãe pelo seu filho. Reveja o clipe na internet e me contem depois.

Culture de merde

A que nível chegou a torção barroquista de nossa baixa cultura com a decisão esdrúxula do militante Faquinha, acompanhada depois pelo pleno de equívocos… Que decepção esta Carmem Lúcifer, lamentam os incontáveis memes! Viva o resiliente barroquismo da cultura brasileira!

Trocar o mérito de uma sentença pelo detalhe do processo, e conspurcá-lo com falsas provas. Trocar a pintura pela moldura. Trocar a essência pelo efeito. A substância pelo adereço. O mote pela glosa. O efêmero pelo duradouro. O fato pela versão. Torção, retorção, contorção, distorção. Trocar a realidade pela ficção! Culture de merde, comme on diraient les français, resistente a qualquer tentativa de Iluminismo, e já se vão mais de dois séculos atrasados no Brasil!

A ironia

A ironia é um dos mais frequentes recursos para miríades de memes satíricas que viralizam nas redes sociais. No entanto, seus autores talvez desconheçam de que se trata de uma das mais antigas e perversas figuras retóricas barroquistas, pois tomam o que é pelo que não é, e vice-versa, abandonando a alma humana à sua total perdição!

Se nas fábulas e contos de fadas infantis, como bem observou o grande crítico inglês Chesterton, ensejam a educação moral dos jovens, no aprendizado do discernimento e do juízo, nas relações jurídico-políticas da sociedade, são a expressão da própria desordem moral.

Enquanto não entendermos isto, sobretudo os formadores de opinião como os produtores de conteúdo das redes sociais, estaremos retardando nossa entrada na cultura iluminista do bom senso e da plena razoabilidade. 

Basílica de Santa Maria della Salute

Nestes tempos de pandemônio, estamos todos saudosos de nossas viagens de férias. Angustiados mesmo se e quando poderemos retomá-las, sobretudo para os países do primeiro mundo e de alta cultura. E eis que alguém me envia fotos de suas férias passadas em Veneza.

Por trás da pose sorridente de turista feliz, está a Basilica de Santa Maria della Salute, que tem as maiores volutas barrocas entre todas as igrejas e catedrais da Renascença. Estas volutas, e não o alegado chiaroscuro, é que demonstram a maior característica do Barroco e marco da “grande confusão”, como diria Eric Voegelin, que se seguiu à modernidade.

Comecei a estudar este símbolo maior da retórica barroca e seu transbordamento por todas as áreas da expressão cultural ocidental no meu livro “Destorcer o Brasil”. Mas será que a face-amiga quer mesmo saber o que foi fazer em Veneza, para além de passear nas gôndolas?

Creia, amiga, que nunca achei nenhuma reflexão consistente, mesmo entre os conservadores da mais alta estirpe sobre a influência da cultura barroca no pensamento progressista. Por isso, escrevi este livro e estudo o fenômeno da resiliência barroquista em nosso imaginário ocidental. O que cheguei a pensar que se tratasse de fenômeno exclusivo da cultura latina, mas hoje vejo que penetrou também na modelar cultura da anglosfera.

CNM e o tratamento preventivo da covid

Diante da sensatez das declarações positivas do presidente do Conselho Federal de Medicina, temos de dar nomes aos bois e não generalizar a responsabilidade para toda a sociedade. Trata-se de típica artimanha retórica barroquista, herdada pelos esquerdopatas fratricidas da extrema imprensa que perderam gordas verbas de publicidade estatal, acadêmicos ociosos parasitas de universidades públicas, magistrados ativistas judiciais, alta burocracia da privilegiatura nacional, partidecos esquerdistas sem eleitores.

Buscam culpados no governo para se isentarem de qualquer responsabilidade cívica, culpam os outros antes de que possam vir a ser culpados. O fenômeno é antigo, vem da inquisição. Diante da inescapável condenação à fogueira, generalize a culpa, dilua a responsabilidade de suas escolhas para a comunidade, renegue valores da tradição, promova a farsa, finja arrependimento, mude de confissão. Resiliente barroquismo que nos retarda há dois séculos aceder ao Iluminismo!

Nelson Freitas

Respondendo ao vídeo viralizado nas redes do ator Nelson Freitas: – Nosso problema não é o povo nem as riquezas naturais que são abundantes! Mas, exatamente por este transbordamento natural, o desleixo para com os valores da tradição ocidental que nos legou uma orfandade cívica de verdadeiras elites.

Pois não existem elites desprovidas de alta cultura, sem ideal de nação, sequer de pátria; apenas saqueadoras de riquezas desde sempre. Incapazes de enxergar a luz do Iluminismo no fim do obscuro e retorcido túnel do barroquismo, onde empacamos desde o golpe da República.

Faz parte substancial e frequente da retórica barroquista a ironia que, se nas letras é notável, no debate público é imoral! O esquerdismo não tem apreço pelos valores morais da tradição, sobretudo pela vida. Basta ver o genocídio comunista russo, chinês e cubano.

E ainda têm a desfaçatez de chamar de genocida o atual presidente, numa descabida figura de hipérbole que só evidencia a falta de razoabilidade e honestidade argumentativa. Aliás, a hipérbole é outra arma retórica da farsa barroquista que, se nas letras é inigualável, transbordada para o debate público é simplesmente desprezível e estéril.

– O problema, Janaína, da Lava-jato sem a Lava-toga!

Todavia podemos acreditar que evoluímos muito desde 2013 para cá, com as grandes manifestações e a exposição da Lava-Jato. O que antes acontecia sem transparência, hoje é notório. O ponto de inflexão foi a ameaça que não se concretizou da Lava-Toga, onde reinou e reina a corrupção mais perversa.

Mas estamos caminhando. Precisamos de mais uma década da direita iluminista nos governos, e na chegada de uma maioria conservadora e liberal nos legislativos para tirar de nosso caminho a grande pedra que entrava o país, e para vislumbrarmos a luz da sensatez no final deste longo e tortuoso túnel barroquista de nossa história, Pois, como não avançamos na Lava-toga, eis que a Lava-toga avançou sobre a Lava-jato.

O comentarista Rodrigo Constantino reclama de falta de coragem moral, e pergunta até quando deixaremos o Supremo rasgar a Constituição.

Simples. Sabemos muito bem que, até quando não ocuparmos o Senado para exigir a tramitação dos pedidos de impeachment da quadrilha suprema, ao mesmo tempo em que devemos ocupar o Supremo para exigir a pauta de julgamento da quadrilha do senado. Com ou sem apoio das FFAA. Apenas com coragem moral, virtude iluminista.

Enquanto isto não ocorre, nosso SSTF, que não pode se meter em demanda política de hipótese alguma, sob pena de abuso de poder e desvio de função, infelicita toda uma nação. Quando deveria rejeitar tão simplesmente qualquer demanda de procedência e inspiração política para a real independência dos poderes e felicidade geral da nação.

Chega de barroquismos! Janaína Paschoal, que vive denunciando manobras processualísticas dos supremos desmandos, precisa ler minha tese e entender que o buraco é mais embaixo, a questão é cultural, da artimanha barroquista de trocar a pintura pela moldura, o mote pela glosa, a essência pelo acessório, o juízo, enfim, pelo processo.

E volta a circular o vídeo do general Mourão avisando que o exército não vai bater continência ao Lularápio. Foi dada a senha? Enquanto isso, nossos sinistros “executam” o plano de combate à covid. E o Brasil regride mais uma vez ao barroquismo anterior ao século 17, quando o estado tutelava a liberdade religiosa. Porque, de nada adianta as esquerdas serem minoritárias nos executivos e legislativos nacionais se, tendo aparelhado os judiciários, sobretudo as cortes superiores, acabam por impor sua vontade por sucessivos e indevidos recursos aos tribunais superiores. E este tem sido o nó que temos de desatar urgentemente, senão nada vai andar.

o nó do borogodó.

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Do DCSP: “Fachin, as ruas e a faxina do STF”, por Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/do-dcsp-fachin-as-ruas-e-a-faxina-do-stf-por-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/do-dcsp-fachin-as-ruas-e-a-faxina-do-stf-por-jorge-maranhao/#respond Sat, 20 Mar 2021 11:15:48 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39925

O fato é que o Brasil já não aguenta este Supremo Tirano. Não a instituição, se preciso me explicar para não ser preso. Mas a sua composição atual


  Por Jorge Maranhão19 de Março de 2021


Como todo militante esquerdista, Fachin acabará por destruir por dentro a instituição do STF, assim como já forneceu a centelha para os cidadãos tocarem fogo em seus sinistros no ato mais simbólico das manifestações deste último domingo. Vejam aqui o vídeo que registrou o ato.  

Mas veja também dois outros vídeos importantíssimos para entender a urgência do impasse cultural em que o Brasil está metido: aqui a aula 432 do Curso Online de Filosofia do Olavo de Carvalho sobre a urgente intervenção nos desmandos de alguns ministros do STF e aqui a entrevista de Paulo Guedes dando um panorama completo sobre a verdadeira situação político-econômica nacional e seus prognósticos.

Se por conveniência ou interesses escusos de alguns de seus membros, o Senado ou MPF, que são as únicas instituições que podem enquadrar alguns tresloucados atos do Supremo Tirano Federal, não cumprem com seu dever, começa a ganhar força o alerta do General Mourão garantindo que as FFAA não voltarão a bater continência a Lula, por mais que se anulem suas condenações de corrupção e tentem viabilizá-lo como   candidato à presidência. Vejam aqui o tamanho do impasse.

Mas o poder moderador das FFAA hesita e, se demorar muito, acabará por esvaziar sua credibilidade tão duramente resgatada e, o que é pior, cair no perigo de prevaricar por descumprimento de sua missão constitucional. Tudo por que o país passou a crer na lenda que não pode haver mais nada acima da autoridade dos sinistros supremos dentro da ordem democrática.

Esquecem-se que o primeiro parágrafo introdutório da Constituição invoca exatamente a proteção de Deus, este que ainda há de ser a mais alta autoridade acima dos sinistros ativistas metidos a supremos.

E aí, nos vem a questão urgente: onde estão as mais altas autoridades eclesiásticas brasileiras, para quem a lei divina está acima das leis dos homens, para vir a público exigir que, em virtude da conduta demoníaca de alguns dos supremos sinistros, no mínimo se retire a Santa Imagem do Cristo crucificado do sacrílego recinto do Supremo Tirano Federal, por absoluta profanação e heresia?

Como já dizia Erasmo de Roterdã, no belo apólogo “A Educação do Príncipe Cristão“, quase ao mesmo tempo em que os portugueses chegavam às nossas costas, no início do século XVI, “impõem-se ao governante os mandamentos da conduta cristã de amar o povo, não agir com soberba, não mentir ou enganar o próximo, não usar de seu poder para humilhar, ameaçar e tampouco restringir a liberdade de seu semelhante!

Tenho certeza que para a grande maioria dos cidadãos brasileiros tais sinistros estão mais de parte com o demo do que com a democracia. Pois toda semana veem a público desafiar a paciência do nosso povo com uma gracinha nova. Soltam bandidos de organizações criminosas do tráfico e da política, mas prendem jornalistas e um deputado que não pode citar o AI-5 do regime militar, quando eles mesmos podem recorrer à lei de segurança nacional criada pelo mesmo regime.

Barroquistas insuperáveis com suas torções, retorções, contorções e distorções da realidade, chafurdando no lamaçal da retórica de transbordamento, ironias, paradoxos, contradições, hipérboles, eufemismos sem fim de sua linguagem canhestra e arrogante.  

O fato é que o Brasil já não aguenta este Supremo Tirano. Não a instituição, se preciso me explicar para não ser preso. Mas a sua composição atual, feita a base de politicagem e não de meritocracia, sobretudo alguns de seus supremos sinistros ativistas político-partidários sob a toga preta de ministros.

Uns quatro com pedidos de impeachment já arquivados por iniciativa do Batoré, como Toffoli, Gilmar Mendes, Lewandovski e o próprio Fachin, e outro mais recente protocolado ainda nesta primeira semana de marco, tendo o Seu Alexandre de Morais como alvo, por iniciativa de quatro senadores e da Coalizão Convergência, que congrega mais de sessenta entidades da sociedade civil. Com a palavra, o Sr Rodrigo Pacheco.

Até pelo medo da pandemia e do terror de tranca ruas que espalham no povo governadores e prefeitos respaldados pelo mesmo Supremo Tirano, evidente que as megamanifestações ocorridas desde 2013 não se repetirão com milhões de cidadãos indo às ruas. Mas milhares já deram sinal de que pretendem ocupar espaços mais efetivos como as portas dos quarteis, numa clara alusão à urgente participação das Forças Armadas.

E também já se conclama a ocupação mais efetiva dos salões do Senado até que suas excelências se dignem a desafiar a chantagem dos meritíssimos sinistros e botem seus pedidos de impeachment para tramitar.

Garanto que não teriam a desfaçatez de retaliar. Pois o povo ameaçaria mudar a ocupação para as calçadas do próprio Supremo, o que daria margem para as FFAA intervirem para botar ordem na casa. O Supremo perderia alguns de seus anéis para não perder os dedos. E os senhores senadores resgatariam a respeitabilidade da opinião pública neste ano pré-eleitoral. Pois quem não deve, não teme.

Com a garantia das FFAA, em missão constitucional, e a inevitável tomada do noticiário, pelo menos parte da bancada dos 365 deputados sem-culhões de enfrentar a arbitrariedade do mandado de prisão de um de seus pares pelo Seu Alexandre de Moraes,  ao arrepio da Constituição, acabaria se juntando aos bons para destravar as pautas mínimas de interesse da nação: reforma tributária, administrativa, eleitoral e federativa, prisão em segunda instância, voto impresso e auditável, fim de foro privilegiado e sobretudo uma nova lei para nomeação de supremos.

Bastariam estas para o país destravar a economia e restabelecer o fluxo de investimentos nacionais e internacionais, voltar a crescer, criar empregos e distribuir renda. E, evidentemente, como já fizemos no passado recente, quando cassamos de fato o mandato da Dilma, mesmo depois de mais um contorcionismo barroquista de exegese teratológica do Lewandovsky do artigo constitucional que manda cassar expressamente os direitos políticos de presidentes depostos.

O que evitaria a radicalização eleitoral, a divisão do país e a necessidade de termos de cassar nas ruas a elegibilidade do chefe da maior Orcrim da história pátria.

 * Mestre em filosofia pela UFRJ, dirige o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão e autor de “Destorcer o Brasil. De sua cultura de torções, contorções e distorções barroquistas”. Email: jorge@avozdocidadao.com.br

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Artigo do DCSP – “O Brasil que nos querem fazer acreditar”, por Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-dcsp-o-brasil-que-nos-querem-fazer-acreditar-por-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-dcsp-o-brasil-que-nos-querem-fazer-acreditar-por-jorge-maranhao/#respond Wed, 03 Feb 2021 20:49:24 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39915 O Brasil se encontra há mais de um século numa encruzilhada cultural entre avançar para o iluminismo ou permanecer no barroquismo. Para ser preciso, com o golpe da República, passamos a achar que golpes valiam a pena, e nos persuadimos por décadas seguidas em seus correlatos jeitinhos, manobras, pastiches, puxadinhos e acochambramentos que caracterizam a retórica barroquista.

Entre seguir no caminho do discernimento, último fim do iluminismo que marcou a Monarquia Constitucional brasileira, e permanecer no registro cultural dominante da farsa e do fingimento, último fim do barroquismo, escolhemos chafurdar nesse lodo!

Infeliz escolha entre as excludentes opções da razão e do bom senso iluministas, contra a paixão e insensatez barroquistas!

Passamos a confundir arte com ciência, ideologia com filosofia. Conservadorismo com reacionarismo. Progressismo com voluntarismo. Temperança com soberba!

Três décadas depois do golpe da República, sob a vil desculpa do nacionalismo, da busca pela identidade nacional, começamos a inventar e cultuar várias jabuticabas no âmbito da vida política, judicial e moral do país, como federalismo centrífugo, moeda sem lastro, milagres econômicos, democracia racial, cunhadismo e bacharelismo burocráticos, sincretismo religioso, teologia da libertação e antropofagia cultural, entre outros fenômenos.

Assim como nossas narrativas históricas e literárias começaram a se povoar de místicos religiosos, coronéis de engenhos, barões de café, heróis da jagunçagem, juízes de fora e de paz, altos burocratas servidores de si mesmos, engenheiros de obras feitas, médicos de mezinhas, curandeiros de espíritos, santos de pau-oco, moças meio-virgens, santos milagreiros, pescadores de almas, mulas sem cabeça, bois de piranha, vacas de brejo, e tantas e mais tantas fantasias e lusco-fuscos semânticos. Mas nada como a mítica figura do Curupira de pés invertidos, nossa legenda maior, a nos desviar nos caminhos da razão e do bom senso.

E nos lançamos, enfim, na Semana de Arte Moderna em 1922, que no ano que vem completa mais outro século de confusão entre arte e ciência, paixão e sensatez, conchavo e política. Pois as artes podem tudo, sobretudo transbordar de sua competência imaginária para a distorção da realidade. De torções, retorções, contorções e distorções da realidade.

Sobretudo o modernismo que, no Brasil, nunca foi tão barroquista exatamente por querer escamotear o seu solene desprezo pela nossa origem barroca, sua arrogante ignorância esquerdista porque progressista e de raiz romântica. Pois, se o modernismo europeu é o último grito de estertor romântico, o modernismo brasileiro é o chafurdar na pocilga retórica barroquista pesando a mão nas hipérboles, nas metáforas, nas ironias e, sobretudo, nos paradoxos, nossa mania visceral e nacional de ver o mundo.

Salvo algumas exceções de sempre que me veem de memória, e que vieram mais para sublimar nosso barroquismo do que propriamente para superá-lo, como os grandes Machado de Assis, Joaquim Nabuco, Euclides da Cunha, Mario de Andrade, Sergio Buarque de Holanda, Gilberto Freire, Mario Ferreira dos Santos, Villa-Lobos, Manuel Bandeira, Guimarães Rosa, Portinari, Burle Marx, Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Dorival Caymmi, Tom Jobim, Glauber Rocha, e tantos outros, que nos fizeram acreditar na transcendência de nossa miserável condição barroquista, e resgataram a alta cultura promovida durante o Império.

Mais trinta anos depois do surto modernista, vivemos uma verdadeira renascença cultural com os movimentos da Bossanova, Cinema Novo, arquitetura e literatura Modernas, quando Brasília esqueceu-se de sua missão política e virou uma Versailles distante do povo, museu a céu aberto.

Mas, desde a década de sessenta, perdemos outra vez o rumo do iluminismo brasileiro. Por viés esquerdista, a doença senil do barroquismo retornou, e achamos que, depois da transição do regime militar para a democracia, viveríamos um outro apogeu cultural.

Ledo engano barroquista, mais uma senda equivocada indicada por Curupira para a perda da razão iluminista. Meio a trinta anos de governos socialdemocratas e socialistas, eis que chegamos a uma vexaminosa estagnação cultural – para não falar mesmo em baixa cultura marginal de massa e de barbárie, especialidade da demagogia esquerdista.

A alta cultura que nos inseria na cadeia da tradição clássica do Ocidente se reduziu a arte de rua, pichação, funk music, batidão e demais acrobacias.

Porque digo isto? Por que falta a mínima união, o mínimo consenso entre brilhantes conservadores e egocêntricos liberais, sobre a melhor estratégia de argumentação para enfrentar o dragão de mil faces do esquerdismo mundial, e os estragos que deixou no Brasil carente de resistência cultural em suas elites. Malgrado as evidências históricas do fracasso socialista, na distribuição de pobreza e na crueldade ímpar na condução dos governos de inúmeras nações, estamos sempre confundindo, pelas manhas e diatribes de Curupira, a democracia com demagogia, a vilania com cidadania, a justiça plena com a justiça social, a vida com condições de vida, a liberdade como libertinagem.

Porque atacar a esquerda com argumentos racionais singulares não adianta! É mero barroquismo. Somente no atacado, no seu fundamento ético, como provou o fracasso recente da retórica trumpista. Somente em suas raízes culturais barroquistas podemos quebrar a hipocrisia e denunciar que o rei está nu! Retórica feita de farsa, paradoxo, hipérbole e transbordamento das artes para o campo da política, da justiça e da moral! Não adianta argumentar com a razão e o bom senso, pois o esquerdismo irá sempre invocar a beleza das artes!

Paulo Guedes, por exemplo, embora a razão maior entre os ministros, não soube ganhar o dispositivo militar que, por sua vez, anda sempre às turras com a ala ideológica do primeiro governo eleito por uma aliança entre conservadores e liberais. Só formando uma nova mentalidade na oficialidade podemos equilibrar as forças de doutrinação esquerdista largamente disseminadas na academia, na justiça, na imprensa, na política e nas artes e espetáculos! O professor Olavo tem razão. Mas não adianta xingar. Temos de incluir a academia militar na argumentação conservadora-liberal! Levar a sério o programa de educação cívico-militar.

Os ativistas pró-vida, anti-desarmamentistas, pró-família, da ortodoxia católica de um Bernardo Kunster, Pe. Paulo Ricardo e Bene Barbosa, os comentaristas do bom senso, ímpares destruidores de mitos, como Percival Puggina, Leandro Ruschel, Rodrigo Constantino, Caio Coppola, Ana Paula Henkel, os juristas contra a corrupção e o ativismo judicial esquerdista como Modesto Carvalhosa, Evandro Pontes, Felipe Gimenez, Ives Gandra Martins, Janaína Pascoal, Ludmila Grillo, etc.

Sobretudo os jornalistas demolidores de farsas dos poucos veículos imparciais e canais noticiosos mais influentes, como Alexandre Garcia, Augusto Nunes e Guilherme Fiúza, Claudio Lessa, Luis Ernesto Lacombe, José Luiz Datena, JR Guzzo, José Nêumane Pinto, Diego Casagrande, Diogo Mainardi, Felipe Moura Brasil, Silvio Grimaldo, Alan dos Santos, Leda Nagle, Karina Michelin, Fabiana Barbosa, Paula Marisa etc.

Os humoristas Danilo Gentili, os Hipócritas, Porta dos Fundos, Te Atualizei, Embrulha para Levar. Os canais conservadores de educação e cultura como Brasil Paralelo, Instituto Mises, Instituto Borborema, Instituto Burke, Rodrigo Gurgel, Senso Incomum, Mauro Ventura, e das editoras Vide, É Realizações, LVM, Resistência Cultural, Ecclesia e outras.

Todos unidos ainda serão poucos diante das mentalidades tomadas pela retórica esquerdista! Que joga em peso pelo #foraBolsonaro, mesmo quando quer aparentar bom senso, isenção e imparcialidade.

Veja a CNN que se diz “campeã de imparcialidade”! Evidente que não é uma #Globolixo que resolveu jogar no lixo décadas de jornalismo dito imparcial na sua campanha suicida pelo impeachment do presidente, o qual não perde uma chance em desmascará-la!

Basta ligar em qualquer telejornal, em qualquer hora do dia, e logo-logo constataremos sua rendição à retórica esquerdista. Noutro dia, e a título de mero exemplo, presenciei a âncora da CNN, Monaliza Perrone, disparar que o ministro Lewandovsky acabara de determinar que o ministro Pazuello seria “totalmente” investigado pela Polícia Federal, e ele seria “mais um dos generais investigados” no governo Bolsonaro. Fica no ar a dúvida se alguém pode ser parcialmente investigado, se na verdade é ou não é simplesmente investigado – o que deixa em aberto a parcialidade de crença da própria jornalista.

Fora o uso indiscriminado do advérbio de lugar “ali” a cada frase enunciada, como se pudesse ser “aqui” ou em qualquer outro lugar o relato, não importa do que está sendo relatado.

Aliás, esta mania de “ali” virou uma febre viral no jornalismo tupiniquim. Um verdadeiro cacoete narrativo. Repare você mesmo que, qualquer repórter ou mesmo cidadão das redes sociais, na função de narrar um acontecimento, relatar um evento qualquer, acaba lançando mão desta irritante bengala do “ali” no meio da fala. O que demonstra, como manda o bom modelo barroquista, a repetição ad nauseam e a sobrevalorização de advérbios e adjetivos sobre quaisquer substantivos, e até mesmo sobre as ações verbais.

Poderia dar mais outros infindáveis exemplos, mas nossos agentes de reprodução da cultura, repórteres da suposta realidade em cruzada mitológica contra os dragões das fake news, não demonstram sequer apreço pelo idioma, sequer dedicação à verdade dos fatos, ao menos pela reputação dos veículos de mídia através dos quais desfiam suas retrógadas retóricas.

Como disse, a Globolixo não tem mais jeito por que se trata de uma ação deliberada de campanha difamatória para além da parcialidade jornalística. Mas a CNN, soi disant “líder em imparcialidade”, precisava ter mais juízo e recorrer a alguém de fora para exercer a função de contrarregra e dar retorno aos seus jornalistas de seus atos falhos narrativos. Fica a sugestão.


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Artigo do Estado de São Paulo: “Supremo dá as ordens”, por J. R. Guzzo https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-estado-de-sao-paulo-supremo-da-as-ordens-por-j-r-guzzo/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-estado-de-sao-paulo-supremo-da-as-ordens-por-j-r-guzzo/#respond Mon, 04 Jan 2021 12:01:15 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39911

Talvez pela ruindade sem limites dos políticos brasileiros, talvez por causa da falência geral de órgãos que vai degenerando cada vez mais a vida pública nacional, talvez porque os poderes Legislativo e Executivo raramente foram habitados por gente tão frouxa quanto hoje, tanto nas ideias como na conduta, ou talvez por tudo isso ao mesmo tempo, o fato é o seguinte: os ministros do Supremo Tribunal Federal decidiram que não há mais ninguém no governo da República, e que cabe a eles mandar no Brasil. Comparando uns com os outros, dá provavelmente na mesma. Mas, com certeza, um país está com problemas sérios de funcionamento quando começa a ser governado “por default”, como se diz hoje. Na falta de outra coisa, entra automaticamente em ação um mecanismo que passa a operar o aparelho por sua própria conta, e sem nenhuma consulta ao usuário.
A dificuldade, no caso, é que o STF está operando mal. Como poderia ser diferente? Os onze ministros não apenas governam o Brasil sem serem eleitos, mas sem terem nenhuma das responsabilidades que vêm junto com a tarefa de governar – e, obviamente, com risco zero de responder pelas consequências das decisões que tomam. Não pode dar certo. Na prática, isso significa que eles mandam em tudo mas não se obrigam a pagar por nada – a começar pelo pagamento propriamente dito das despesas que criam ou ajudam a criar. O STF dá ordens, apenas isso, e só dá ordens sobre o que lhe interessa – o Brasil que se vire para cumprir. É onde estamos.
Não há nenhuma lei que esse novo governo se sinta obrigado a obedecer; quem obedece, em sua visão das coisas, são sempre os outros. Como durante o AI-5, quando o regime deu a si próprio o direito de não submeter à Justiça nenhuma das suas decisões, o STF de hoje não responde a ninguém. Ainda outro dia, e mais uma vez, o ministro Alexandre Moraes prendeu um jornalista no inquérito abertamente ilegal que conduz sem nenhum controle há mais de um ano, como se o STF fosse uma delegacia de polícia da ditadura. O ministro Lewandovski decide o que você tem de fazer, e o que não pode fazer, em todas e quaisquer questões relativas à vacina; deu à sua palavra o status de verdade cientifica.
O ministro Fachin proibiu a polícia de sobrevoar com helicópteros as favelas do Rio de Janeiro, e decidiu que a revista íntima às visitas feitas a presidiários é “inconstitucional” – os visitantes estão liberados para levar drogas aos presos, por exemplo, e não podem ser condenados por isso. O ministro Marco Aurélio solta criminosos condenados a 25 anos. O Supremo decide sobre a nomeação do diretor da Polícia Federal, a eleição das mesas do Congresso e as fases da Lua.
O publico é obrigado, além disso tudo, a ouvir lições de filosofia, de moral e de ciência política dos onze ministros – e ouvir o tempo todo. Todos eles estão convencidos de que têm o direito de pensar por você, e escolher o que é melhor para cada cidadão brasileiro – independente da opinião pessoal que o próprio cidadão possa ter. O último palpite sobre o bem comum foi dado pelo ministro Barroso, um dos que mais se encanta com a própria voz. Segundo ele, “o País” precisa do voto obrigatório; não se deve deixar as pessoas livres para exercerem o direito de votar, pois a seu ver isso leva ao “radicalismo”. E por aí vamos.
Juízes, em qualquer país decente, têm a obrigação de ser imparciais, sobretudo se estão no topo do Poder Judiciário. No Brasil é exatamente o oposto: O STF se transformou num partido político, com militantes, facções internas e todo o resto – um partido que não recebe um único voto. Dá nisso que se vê.

O Estado de S. Paulo3 de janeiro de 2021E-MAIL: JRGUZZO43@GMAIL.COM ✽ JORNALISTA

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Artigo do DCSP: “Os votos de que o Brasil precisa para um próspero ano novo”, por Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-dcsp-os-votos-de-que-o-brasil-precisa-para-um-prospero-ano-novo-por-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-dcsp-os-votos-de-que-o-brasil-precisa-para-um-prospero-ano-novo-por-jorge-maranhao/#respond Wed, 30 Dec 2020 07:48:42 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39909

                                                                                                       Passou “desapercebida” pela nossa facciosa mídia barroquista a nota de repúdio do Movimento Federalista contra a manutenção em cárcere do jornalista Osvaldo Eustáquio,

“Vítima de arbitrariedade da atual composição do Supremo Tribunal Federal, e da ilegalidade de sua prisão promovida por agentes do próprio Estado Brasileiro, notadamente o Poder Judiciário, pelas razões que seguem:

Inexiste no ordenamento jurídico brasileiro prisão de cunho político de cidadãos, bem como, prisão por opinião.

Inexiste no ordenamento jurídico brasileiro prisão de pessoas sem o devido processo legal e sem o direito ao contraditório, fatos que se verificam no caso do Jornalista Osvaldo Eustáquio;

A soma dos fatos dos itens anteriores caracteriza ato ditatorial incompatível com a República. No caso em tela, é claramente compreensível pelo mais simples dos cidadãos que o Supremo Tribunal Federal, bem como parcela expressiva do Poder Judiciário brasileiro, que deveriam ser a garantia dos preceitos constitucionais, tornaram-se insurgentes contra a Carta Magna do Povo Brasileiro, ao estabelecer um verdadeiro “Estado Nacional Paralelo”, uma espécie de “República Unitária do STF”, ao, gradativamente, escreverem uma nova e própria constituição, baseada no terror, na arbitrariedade, subvertendo as normas legais vigentes e destruindo o Estado de Direito.

A omissão continuada dos outros poderes da Nação em relação à essa escalada autoritária conduzirá o País à completa insegurança jurídica e institucional, que, em conjunto com as medidas restritivas decorrentes, uma pandemia, de todo suspeita, e a ameaça da obrigatoriedade de aplicação de vacinas com efeitos incertos, poderá resultar em graves conflitos civis internos, quiçá uma guerra civil de enormes proporções.

Por tais razões, exigimos:

Que o poder Executivo e o Legislativo Federal, intervenham imediatamente no STF, no sentido de sustar, enquanto ainda há tempo hábil, a deterioração da instituição judiciária.

Que o Sr. Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, lembre-se do seu juramento como militar e como Chefe da Nação, com a mão direita sobre a nossa Constituição, quando no momento de sua posse jurou defender o Povo Brasileiro e a Pátria, e para tanto, com vistas a restaurar a Ordem legal e institucional, o respeito ao ordenamento jurídico e à democracia, adote imediatamente as medidas constitucionais protetivas da Nação e da República acionando as Forças Armadas do Brasil, instituição fundamental da Nação e pertencente ao Povo Brasileiro, por meio do Artigo 142 da própria Constituição Federal.

Brasília, DF 22 de dezembro de 2020

(Ato praticado sob o Direito Constitucional de Livre Expressão – Art. 5º e incisos correspondentes).

Movimento Federalista.

Há dois anos que circula nas redes sociais uma preciosa análise de nossa miséria política feita por um de nossos maiores juristas, Dr. Ives Gandra Martins, sobre a usurpação de competências levada a cabo diuturnamente pelo nosso Supremo em desfavor dos demais poderes, notadamente o Poder Executivo, eleito majoritariamente pelos cidadãos brasileiros. O vídeo pode ser conferido aqui e o leitor pode tirar suas próprias conclusões com o bom senso que se exige. 

Bom senso e prudência de que carecem as torcionistas exegeses de nossa Lei Maior e resumem de maneira clara e objetiva o que o país precisa para superar, não apenas um ano de involuntárias dificuldades em escala mundial, mas décadas de más escolhas e consequências fatais geradas por certos ministros, com a cumplicidade do pleno de nossa Suprema Corte, e que tem condenado o país a um grande impasse civilizatório.  

Em breves palavras nosso grande jurista explana o verdadeiro sentido do Artigo 142 que titula as FFAA como o poder moderador no caso de desordem institucional, exatamente para restabelecer a ordem constitucional que versa sobre a harmonia e independência dos poderes. Pois são as FFAA que têm como comandante o chefe do Estado brasileiro, para além de sua função de chefe de governo.

Nunca é demais termos consciência de que elegemos duas funções na mesma pessoa do Presidente da República, como manda a Constituição. Tanto o chefe de governo quanto o chefe de Estado, mas parece que só o primeiro está cumprindo o mandato. 

Por conta disso, começo a me convencer de que trinta anos de hegemonia socialista e socialdemocrata no Brasil condicionaram turmas e turmas de militares de patente superior, não apenas a se omitir do dever de intervenção cívica na degradação de nossas instituições jurídicas e políticas, mas a serem cúmplices mesmo dos desmandos e abusos de seus malfadados representantes, de resto, os de nível mais baixo da história do país!

Pois foram trinta anos da mais sórdida campanha de demonização institucional levada a cabo pelas mesmas forças de esquerda que dominaram os aparelhos ideológicos do Estado, a imprensa falada e escrita e os estamentos burocráticos da academia e da justiça. Sim, pois quem tem realmente mandado no país tem sido a alta burocracia estatal esquerdista, civil e militar, exatamente para lhe eternizar a odiosa privilegiatura de um Estado cativo de seus interesses corporativos e não servidor do cidadão que lhe sustenta. 

No entanto chega a ser um prodígio hoje em dia as FFAA serem reconhecidas pela opinião pública como uma das instituições de maior credibilidade nacional. O que, aliás, nossos historiadores ainda nos devem esclarecer: que “entendimento” teria havido entre a inteligência esquerdista e militar de outrora no sentido de trocar o prosseguimento da guerrilha comunista pela sua ocupação “pacifica” dos aparelhos ideológicos do Estado? 

Na sua última entrevista nas redes sociais, a raposa felpuda de Bob Jefferson afirma que as FFAA não tomarão a iniciativa de intervenção no nosso degenerado Supremo. Mas, se insistirem em legislar como puxadinho de partidecos esquerdistas em minoria perdedora de votações nas casas legislativas, e o Senado de rabo preso não cumprir sua função de julgar os pedidos de impeachments de alguns de nossos sinistros, a iniciativa de enxotá-los de suas enlameadas togas terá de partir dos movimentos sociais, cabendo as FFAA apartar o impasse institucional e botar ordem na casa.

Pois o país não aguenta mais a sabotagem da autoridade do Poder Executivo pelo Judiciário, que custa a todos ficar à mercê de executivos mini ditadores municipais, promovendo a ruína da economia, a irresponsabilidade maníaca dos chefes de bancadas parlamentares que boicotam as reformas condenando a crescimento pífio toda uma nação.

Pois, os votos de prosperidade de um ano vindouro para toda a nação brasileira, passa necessariamente pelos votos de consciência cívica de cada uma das lideranças nacionais, sobretudo das FFAA, sobre o seu indelegável dever de agir contra a alta e sibilina delinquência e dos abusos de poderes do Legislativo e Judiciário nacionais. 

Jorge Maranhão, mestre em filosofia pela UFRJ, dirige o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão e é autor de “Destorcer o Brasil. De sua cultura de torções, contorções e distorções barroquistas“. Email: jorge@avozdocidadao.com.br

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Artigo – Do Estadão: “O naufrágio”, por J. R. Guzzo https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-estadao-o-naufragio-por-j-r-guzzo/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-estadao-o-naufragio-por-j-r-guzzo/#respond Sun, 06 Dec 2020 16:42:31 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39906
DECEMBER 06, 2020
Diante da comédia de circo montada em torno da “reeleição” do senador Davi Alcolumbre e do deputado Rodrigo Maia para os cargos que ocupam como presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, vale a pena sair um pouco da neura cultivada pelo noticiário político e pelas mesas-redondas na televisão e fazer algumas perguntas bem fáceis de responder. A primeira é: “Existe uma única pessoa, no Brasil e no mundo, que esteja pedindo a reeleição de qualquer dos dois – salvo eles próprios, suas famílias e seus amigos?” A resposta – não, não há ninguém pedindo nada – já resolve 90% da questão, não é mesmo? Se toda essa novela de terceira categoria se resume a atender aos interesses pessoais dos envolvidos, não faz o menor nexo violar abertamente a Constituição, em parceria com o STF, só para deixar contentes o senador e o deputado.

As outras perguntas possíveis são igualmente elementares. O que a população brasileira teria a ganhar na prática com a permanência, até o momento ilegal, de Alcolumbre e de Maia nos seus empregos atuais? Nada, outra vez. Qual a grande emergência nacional que poderia recomendar uma mudança na Constituição para legalizar os desejos desses dois cidadãos? Nenhuma. Enfim: qual seria o motivo de interesse público, mesmo teórico, para justificar essa “reeleição”? Nenhum. Conclusão: a história toda deveria ser encaminhada para o arquivo morto, e não sair mais de lá. Só que não: os presidentes atuais do Senado e Câmara continuam sendo tratados pela mídia, pelo mundo político e pelas elites como dois imensos estadistas empenhados no melhor desfecho de uma grave questão nacional. Não há questão nacional nenhuma. Há apenas uma tentativa de atender a interesses individuais.

Nenhum dos dois, pelo que está escrito na lei, tem o direito de continuar no cargo. Alcolumbre, pelo menos, teve a sinceridade de admitir que está interessado no que é melhor para ele. Maia tem feito de conta que é apenas um patriota à espera de decisões superiores; tudo o que deseja é “cumprir a lei”, na condição de defensor número um do “estado de direito” que atribui a si mesmo. Assim sendo, o presidente do Senado pediu que o STF tomasse essa extraordinária decisão que frequentou as manchetes nos últimos dias: declarar que um artigo da Constituição é inconstitucional. O artigo em causa proíbe a reeleição dos presidentes das duas Casas do Congresso, nas condições em que estão os mandatos de ambos.

Mesmo deixando de lado a questão central – a absoluta falta de sentido da reeleição –, deveria estar claro, de qualquer forma, que uma mudança na Constituição só poderia ser feita por emenda constitucional, e só os 513 deputados federais e 81 senadores têm o direito de aprovar emendas constitucionais. Mas não é desse jeito que as coisas funcionam no Brasil de hoje. O Poder Legislativo aceita, com perfeita passividade, a sua submissão ao Poder Judiciário; em consequência, faz o que o STF manda.

Os atuais presidentes do Senado e da Câmara, quando se esquece a conversa fiada, estão em busca de uma coisa só: a manutenção dos poderes, dos privilégios e da vida de sultão à custa de dinheiro público que a Constituição Cidadã lhes garante – vantagens turbinadas pelas constantes “releituras” da lei que os membros do Congresso vivem fazendo em seu próprio favor. O STF, naturalmente, não vai decretar a reeleição dos dois – ou pelo menos não se sugeriu essa saída até agora. Mas é um atestado do naufrágio do Congresso brasileiro que seus comandantes peçam que a lei seja violada – e entreguem o futuro do Poder Legislativo a onze cidadãos que nunca tiveram um voto na vida.

*JORNALISTA

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Artigo do DCSP: “Pior a emenda do que o soneto”, por Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-dcsp-pior-a-emenda-do-que-o-soneto-por-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-dcsp-pior-a-emenda-do-que-o-soneto-por-jorge-maranhao/#respond Fri, 27 Nov 2020 18:05:38 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39903 O grande problema do Brasil é que as soluções para os problemas criados pela alta burocracia estatal são sempre parte desse problema, e jamais uma solução.

E antes que algum de nossos supremos togados resolva me processar por ataque à “honra institucional” do Supremo Jeitinho, vou logo adiantando que minha livre expressão de opinião é garantida na Constituição que eles dizem defender e lhes é integralmente negativa. 

Lamento, mas se dirige às pessoas de seus atuais ministros, mais conhecidos como ‘sinistros’ no território livre das redes sociais, e ocupantes temporários do Egrégio Pretório, e não contra a instituição em si que, de resto, estou para saber se pode mesmo merecer os atributos de alguma forma de honorabilidade, salvo por via de barrocas metonímias, figuras retóricas de duvidoso gosto e cabimento. 

Pois o que define o capítulo V do Código Penal são os crimes contra a honra da pessoa tout court e, não por metonímico puxadinho, para entes inanimados e abstratos como quer o barroquista vício de transbordamento hiperbólico da retórica coletivista. 

Pois coletivistas e socialistas, sejam carnívoros petistas ou vegetarianos peessedebistas, são a maioria dos supremos togados, indicados por escusos interesses politiqueiros de nossos últimos governantes esquerdopatas, passando longe de quaisquer resquícios de reputação ilibada ou notório saber jurídico. 

Nomearam apenas os compadres de confiança. E aí, deu no que deu. A atual composição de nosso Supremo de Frango tem sido a mais desmoralizada da história em miríades de posts das redes sociais. Não fosse também o plenário de composição o mais medíocre da história da instituição, desde o Império. 

Vide, a título de mero exemplo, a composição dos ministros da Casa de Suplicação, antecessora do atual Supremo, no período imperial de nossa história – para não falar do Senado Federal ou do Conselho de Ministros, com estadistas do porte de um José Bonifácio de Andrada e Silva, cientista-membro das academias de ciências da Alemanha, Inglaterra e Áustria. 

Ou Joaquim Nabuco, fundador da Academia Brasileira de Letras, correspondente na Inglaterra e embaixador dos Estados Unidos. Ou mesmo José da Silva Lisboa, o Visconde de Cairu, economista introdutor do pensamento de Adam Smith no Brasil e, como jurista, primeiro tradutor da obra de Edmund Burke para o português. 

Um dos mais evidentes sinais da decadência cultural que trinta anos de ocupação de poder nos legou às hostes governantes esquerdistas brasileiras é a tentativa de explicação do atual encarregado das eleições municipais sobre ataques cibernéticos, justificando mais um inquérito aberto pela Policia Federal – uma vez que a explicação para a lambança da totalização centralizada e travada das eleições municipais deste ano não convenceu ninguém, provocando apenas memes de chacotas das mais risíveis nas redes sociais. 

Uma das mais sagazes explica a diferença entre a fraude eleitoral americana e a fraude eleitoral brasileira. A primeira, termina na Suprema Corte americana, enquanto a daqui do Brasil começa na Suprema Corte. Assinado, o cidadão curitibano Roberto Legey, conhecido ativista com milhares de seguidores nas redes sociais. 

O que nos leva ao senso comum de que o grande problema do Brasil é que as soluções para os problemas criados pela obesa alta burocracia estatal são sempre parte do problema, e jamais uma solução. Ou, como no dito popular, pior a emenda que o soneto.

E o circo deve continuar mais animado ainda para este segundo turno no que tange a acirrada disputa, sobretudo nas capitais do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Pernambuco.

A esquerda prometendo mundos e fundos na maior cara de pau, apostando na memória curta do eleitorado e na falta de cobrança de promessas ocas no decorrer dos mandatos por uma criminosa parcialidade da grande mídia profissional, e dos deformadores de opinião da academia infiltrada de ativistas progressistas. 

Segundo a economista Zeina Latif, no Estadão, as promessas de Guilherme Boulos, por exemplo, são inexequíveis. O jovem demagogo, tido como o novo Lula da atual geração, reproduz o discurso da velha esquerda que não acredita em restrição orçamentária e acha que tudo se resolve com mais recursos caídos dos céus.

 A lista de promessas de campanha é inexequível, pela escassez dos orçamentos públicos e, acima de tudo, por contemplar medidas tecnicamente equivocadas. Para cobrar a dívida ativa, em boa medida irrecuperável neste país de crises frequentes, Boulos promete contratar mais procuradores.

Para reduzir a população de rua, propõe usar a rede hoteleira e contratar mais agentes de assistência social. Para a segurança pública, mais policiais. Para a saúde, mais médicos. E por aí vai. Soluções de aparelhamento da máquina pública, jamais inovadoras.

UQuando a direita não cumpre com seu dever de explicitar a verdade dos números, a esquerda vence com a farsa retórica barroquista! Ou aprendemos esta amarga lição da história das democracias, ou continuaremos a marchar um passo à frente e dois outros atrás. 

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Artigo – O que é o conservadorismo, por Mario Guerreiro https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-o-que-e-o-conservadorismo-por-mario-guerreiro/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-o-que-e-o-conservadorismo-por-mario-guerreiro/#respond Tue, 24 Nov 2020 16:46:58 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39901

                                                         

Apesar este termo ter entrado na teoria e na prática política há três séculos, ainda hoje tem gerado uma série de mal-entendidos. Tentaremos fazer um breve esclarecimento e chegar a um conceito de conservadorismo o mais preciso possível.

Na sua acepção popular, um conservador é um sujeito antiquado, apegado ao passado, avesso às mudanças sociais e políticas, aos novos costumes, etc. Em resumo: um sujeito, na melhor das hipóteses, “quadrado” e na pior, “reacionário”.

No jargão esquerdista, conservador é pejorativamente chamado de “conserva”, contrastando com “progressista”. E o conservadorismo visto como um “retrocesso” em relação às “grandes conquistas sociais” das esquerdas “progressistas”.

Conservador e conservadorismo são termos que tiveram sua origem na linguagem política e não devem ser usados inapropriadamente fora da mesma, a menos que se queira gerar uma grande confusão conceitual.

Tenho razões para pensar que esses termos surgiram na segunda metade do século XVIII, por volta da ebulição de ideias que resultaram na Revolução Francesa (1789).

Isto não subentende que o conservadorismo tenha sido uma dessas ideias fomentadoras dessa Revolução. Ao contrário, geralmente o conservadorismo é contrário a toda e qualquer revolução e, por conseguinte, um crítico acerbo de duas grandes delas: a Revolução Francesa (1789) e a Revolução Russa (1917).

Mas por que é contrário a essas “grandes transformações sociais pelas armas”? Primeiro, porque há outra forma de grande transformação social pacífica levada a cabo por meio de reformas, e esta se mostra mais oportuna. Ser um “reformista” só é motivo de forte reprovação na linguagem dos revolucionários marxistas-leninistas-stalinistas.

Em segundo lugar, porque reformas são coisas planejadas cujas finalidades são conhecidas e aprovadas democraticamente por um Parlamento. Podem cometer erros, mas nada impede que estes sejam corrigidos por outras reformas melhores.

 Já foi dito por alguém, cujo nome não me lembro, que todo mundo sabe como começa uma revolução, mas ninguém sabe como acaba. Daí ela ser considerada um investimento de alto risco, coisa historicamente comprovada pelo fracasso da maioria delas.

Isto não significa dizer que os líderes das revoluções não tenham finalidades a serem alcançadas, mas sim que no curso de uma revolução podem ocorrer fatores imprevistos e mesmo indesejados capazes de desviar a revolução das suas metas.

A Revolução Francesa, por exemplo, tinha em seu lema três ideais:  Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Seus líderes tinham como finalidade instaurar essas três coisas valiosas e admiráveis. Na realidade, um lema maçônico.

Ocorre, no entanto, que determinados fatores imprevistos pelos seus líderes modificaram inteiramente seus propósitos iniciais. Veio a contrarrevolução dos jacobinos e foi implantado O Reino do Terror de Robespierre – o “Rousseau com a guilhotina”, segundo o oportuno epíteto do saudoso embaixador J.O. de Meira Penna.

Apesar de ser muito difícil prever os rumos e o desfecho de uma revolução, um filósofo e político da Casa dos Comuns, Edmund Burke (1729-1797) foi capaz de prever as mazelas e os horrores da Revolução Francesa.

Um ano após a Revolução, quando ela ainda estava na sua primeira fase, Burke publicou um valioso livro: Reflexões sobre A Revolução na França (1790). Nesta obra, ele fez um trabalho semelhante ao de Alvin Toffler em O Choque do Futuro, e de outros analistas de tendências contemporâneos.

Não se trata de dispor de uma bola de cristal, nem de arriscar ousadas previsões históricas, mas sim de avaliar cuidadosamente os fatores mais relevantes de uma particular conjuntura e lançar hipóteses sobre seus prováveis desdobramentos.

E foi exatamente isto que E. Burke fez, como podemos surpreender numa das melhores passagens da referida obra:

 “Posso felicitar esta mesma nação pela sua liberdade? Pelo fato de a liberdade, no seu sentido abstrato, dever ser incluída entre os bens do gênero humano, deverei seriamente cumprimentar um louco furioso, que tivesse escapado da protetora e salutar obscuridade do seu cárcere, pelo fato de ele ter recuperado  a luz e a liberdade? Deverei cumprimentar   um salteador ou um assassino, que tivessem rompido seus grilhões, pelo fato de um ou outro ter recuperado seu direito natural? Isto seria renovar a cena dos remadores das galés e do seu heroico libertador: o metafísico cavaleiro da triste figura. (Reflexões sobre A Revolução na França).

“O cavaleiro da triste figura” é Dom Quixote de La Mancha, tal como ele se autodenominou. Após ter libertado os remadores prisioneiros de uma galé, eles não o agradeceram como ele esperava: queriam comer seu fígado!

E. Burke tem sido considerado o pai do conservadorismo e, por isso mesmo, não podia aprovar uma revolução desejosa de virar o mundo de ponta à cabeça. Como todo bom conservador, ele preconizava reformas mediante uma ação gradualista.

Como membro da Casa dos Comuns e do Partido Whig, ele seria incoerente se fosse contra o regime monárquico constitucional vigente na Inglaterra desde 1690, um ano após a Revolução Gloriosa.

Mas ele não foi incoerente colocando-se contra uma revolução que queria derrubar uma monarquia absolutista, a da Luís XVI, em nome de um regime que não se sabia exatamente qual, e que após infindáveis atritos entre seus líderes, acabou gerando o contragolpe dos jacobinos, o Reino do Terror de Robespierre cujo lamentável desfecho foi o Diretório e em seguida a tirania de Napoleão Bonaparte.

Burke não podia ser a favor da Revolução Americana de 1776, como foi de fato seu compatriota Tomas Paine (1737-1809), que participou ativamente da mesma. Como membro da Casa dos Comuns, isto seria considerado um crime de traição, mas Burke foi o político britânico mais sensato ao ouvir as reivindicações de Benjamin Franklin, como representante diplomático das Treze Colônias.

 Como todos os Founding Fathers, em princípio, Franklin não desejava a independência dos Estados Unidos. Queria permanecer como colônia do Império Britânico, pedia apenas maior autonomia das Treze Colônias, a revogação de impostos injustos e outras coisas da mesma natureza.

Se, mais tarde, no Segundo Congresso Continental – assim se chamava a assembleia dos representantes das colônias americanas – ele aderiu à guerra de independência, foi somente após tentar três vezes uma conciliação com a Inglaterra e não conseguir.

Embora não apoiasse abertamente a independência dos Estados Unidos, Burke não só ouviu com atenção as reivindicações de Franklin, como também enviou para a Casa dos Comuns um projeto que elevava as Treze Colônias ao status de Vice-Reino, tendo representantes americanos no Parlamento britânico,  coisa que teria provavelmente sido aceita pelos americanos,

O trágico episódio da Revolução Francesa não são ensejou o crescimento do conservadorismo, como também foi motivo de duas reações contrárias à Revolução, que resultaram em dois tipos de conservadorismo.

Montesquieu, Voltaire, Condorcet e outros pensadores nunca foram contra a monarquia em si mesma, mas sim contra a monarquia absolutista francesa de Luís XV e Luís XVI. Nunca pensaram em fazer uma revolução para depor o monarca, mas sim em reformas, tais como a que revogasse uma monarquia absolutista e instaurasse uma monarquia constitucional, como tinha feito a Inglaterra um século antes da Revolução Francesa com a promulgação da Bill of Rights em 1689.

Burke, por sua vez, pensava o mesmo que os supramencionados iluministas franceses e, por isso mesmo, colocou-se contra a Revolução, mas a favor de uma reforma do trono francês no sentido de uma monarquia constitucional.

No entanto, após a Revolução, pensadores como Joseph De Maistre (1753-1821) queriam uma restauração do trono absolutista. Ele, De Bonald e outros eram conservadores retrógrados, pois queriam o retorno de uma forma monárquica absolutista destruída pela Revolução Francesa.

Mas Burke era conservador do status quo vigente há um século na Inglaterra e vigente até hoje. Neste sentido, Burke rejeitava a Revolução Francesa assim como rejeitava também a restauração proposta por De Maistre e De Bonald. E caso estivesse vivo, certamente rejeitaria a revolução da Comuna de Paris de 1871 e sua netinha o golpe bolchevista que sucedeu a Revolução Russa (1917).

Ambos os conservadorismos, o inglês e o francês, tinham um ponto em comum: a conservação do status quo, com a diferença de que o primeiro queria conservar um  status quo de um estado de direito democrático – o parlamentarismo britânico – mas o segundo queria conservar um status quo tirânico – o absolutismo do ancien régime.

Creio que o conservadorismo francês é que foi o responsável por essa caricatura do conservador como alguém retrógrado, antiquado, avesso às mudanças de costumes e políticas.

E embora o conservadorismo de Burke tenha se disseminado por monarquias constitucionais posteriores – a da Holanda, da Bélgica, dos países escandinavos – à exceção da Finlândia, que é uma república parlamentarista – ambos os conservadorismos continuaram tendo seus adeptos ao longo da História.

Em Portugal, por exemplo, após o fim da Revolução dos Cravos (e Espinhos), de 1974, havia dois partidos monarquistas: um monárquico-constitucional e outro monárquico-absolutista, e isto, pasmem!, em  pleno século XX! Só pode ser um dos ecos da maligna influência francesa,                                   

Mas o conservadorismo, embora tenha nascido na monarquia constitucional britânica, não é uma concepção atrelada à monarquia constitucional, pois nada impede que ele exista numa forma republicana, como de fato existe, não como um partido, como o Conservative Party (Tory) do Reino Unido, mas como uma facção política bastante influente, como por exemplo o Tea Party americano.

[A palavra “party” é ambígua, pois tanto pode significar “partido” como pode significar “festa”, mas no caso do Tea Party, trata-se da Festa do Chá em alusão a um episódio marcante ocorrido em Boston, pouco antes da Revolução Americana e que influenciou os revolucionários da guerra de independência].

Além da preferência pelas reformas e pelo gradualismo, em vez de mudanças bruscas e radicais como são as revoluções, o conservadorismo se caracteriza grande apreço pela experiência histórica e pelas tradições de um povo, pela cautela e moderação na atividade política. Pode-se dizer que Sir Winston Churchill foi a encarnação do conservadorismo britânico.

É mais uma postura ética diante da política do que uma filosofia política, mas carece de uma posição própria em relação à Economia Política, o que leva alguns conservadores a adotar o liberalismo, como são os casos de Churchill e da grande líder pós-guerra do Partido Conservador (Tory): Margaret Thatcher – The Iron Lady, como costumava chamá-la Leônid Brejnev, o Primeiro-Ministro da extinta URSS.

Além disso, o conservadorismo considera algo impensável a dissociação de ética e política ocorrida na História graças a influência de Maquiavel. Até a publicação de O Príncipe em 1532, o pensamento dominante na civilização ocidental era a visão aristotélica, segundo a qual a política era uma extensão da ética no domínio público.

Não só o caso de Thatcher, mas também do atual Primeiro-Ministro Boris Johnson (Tory), que governa o Reino Unido numa coligação com o Partido Liberal.

Coisa surpreendente é que encontramos a melhor caracterização do conservadorismo num indivíduo não voltado para a vida e/ou a teoria política: “Senhor, dai-me forças para modificar o que deve ser modificado, aceitar o que não pode ser modificado, e saber reconhecer a diferença entre ambos” (São Francisco de Assis).

 Não é preciso ser católico, nem mesmo cristão, nem mesmo religioso, para reconhecer a grande sensatez dessas palavras.

  • Mario Guerreiro, doutor em filosofia pela UFRJ
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Artigo – da Gazeta do Povo: “Gigante é a sociedade!” por Thomas Korontai* https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-da-gazeta-do-povo-gigante-e-a-sociedade-por-thomas-korontai/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-da-gazeta-do-povo-gigante-e-a-sociedade-por-thomas-korontai/#respond Sat, 21 Nov 2020 11:34:19 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39899

Cada vez mais, estranhas situações vistas em nossa Sociedade, fazem-me lembrar daqueles filhos que criam problemas demais quando já adultos, ou ainda adultecentes, por falta de educação correta, demonstração dos limites necessários para a convivência social, excesso de mimos e falta de autoridade.

Nenhuma Sociedade vive sem uma ordem estabelecida pela própria Sociedade, por meio de uma Constituição e de leis que a regem. O surgimento do Estado tem exatamente essa gênese. Mas quando essa ordem social é rompida, seja por crimes não resolvidos, por desvios de interpretação de provas cabais, por deformação da lei e da própria ordem, sem que se faça o necessário para restabelecê-la, ainda que a própria Sociedade, assustada e escandalizada, assim o exija, vamos observando o avanço da desordem. O clima de “mais direitos” e nenhum dever, gerou, além da impunidade, comportamentos estranhos, birrentos, querendo impor no grito, uma espécie de nova sociedade mi-mi-mi, fraca, covarde e com cada vez mais sérios problemas de cognição, na qual, todos passam a se sentir ofendidos com tudo. Mal sabem que, ao invés de “conquistarem mais direitos” chegarão mesmo à anarquia, ante sala do totalitarismo, seja da cor ideológica que for.

Atacar a imprensa e seus anunciantes, como vem fazendo um movimento alienígena denominado Sleeping Giants, é parte desse nefasto processo. Cabe investigar se suas ações são espontâneas, quanto isso custa, quem está pagando, e por que. Rodrigo Constantino, colunista da Gazeta do Povo, foi o escolhido da vez por algo que tenha dito, com ou sem razão. Foi demitido de outros órgãos de imprensa. Impediu-se, pela pressão, o debate na busca da verdade sobre o ocorrido com a citada moça. Estão impondo um clima de “terrorismo politicamente correto” para que todos tenham receio de expor suas opiniões. Ou até mesmo buscar a verdade, se for o caso. Fizeram, não importa a denominação do grupo, o mesmo no caso George Floyd nos EUA, à custa da vida de dezenas de pessoas e muito em incontáveis prejuízos materiais, em estúpidas “manifestações”.

Fez muito bem a Gazeta do Povo em manter o colunista. Fazem muito bem as empresas que decidiram manterem-se como anunciantes. Não à intimidação! A liberdade exige mais do que eterna vigilância. Exige atitude objetiva de enfrentamento dos inimigos da Liberdade, em todos os sentidos indo, além das palavras, caso não cessem as agressões sofridas, à polícia, ao Ministério Público e à Justiça. Tudo que estão fazendo contra a liberdade de expressão, contra a livre iniciativa, contra a geração de empregos, contra a geração de riquezas, por meio de ataques às reputações, terrorismo psicológico, intimidação, é passível de enquadrado criminal.

Conclamo a Sociedade para enfrentar o avanço disso tudo! Temos de nos unir para defender o nosso modo de vida! Este é o nosso normal, não a anormalidade com a qual nos intimidam. Tais pessoas não tem nada de gigantes, têm de zumbis; praticam terrorismo, passaram de todos os limites, não sabem discutir ideias; são portadoras dos discursos de ódio, acusando a Sociedade exatamente do que fazem. A civilização que eles combatem, é a que tem instrumentos adequados para tratar até mesmo de ofensas morais, nunca com a barbárie.

Tal conclamação é, portanto, para o enfrentamento desta e de tantas outra situações semelhantes. Intimidação não é exercício da liberdade de expressão. Que a Gazeta do Povo, as empresas atingidas, a Associação Comercial do Paraná e todas as entidades classistas dos produtores, empresas e trabalhadores, se organizem, se unam, na defesa dos ideais civilizatórios que nos trouxeram até aqui e que constituíram um Estado de Direito. Denunciem esses agressores, para que se tomem todas as providências investigativas de maneira a identificar os responsáveis, incluindo os mandantes, e puni-los na forma da Lei.

É a Sociedade a gigante e, de fato, nós é que temos de acordar. Unam-se compatriotas, vamos pôr um fim a todas as ameaças contra as nossas liberdades! Chega de mi-mi-mi! Vamos agir!

Thomas Korontai é empresário, autor de livros, fundador e presidente do Movimento Federalista.

Publicado originalmente em:
https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/gigante-e-a-sociedade/

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