Manifestos contra Renan ganham força na internet
Manifestos contra Renan ganham força na internet
Em nosso comentário na semana passada divulgamos o abaixo-assinado criado na internet pelo movimento Rio de Paz, pedindo que nossos nobres senadores elegessem um ficha limpa para a presidência da casa. Mais uma vez dando as costas para a sociedade, os senadores escolheram o caminho mais arriscado e agora são dirigidos por um presidente que a qualquer momento pode virar réu num processo no Supremo Tribunal Federal. Afinal, com exceção de uma minoria como Pedro Simon, Cristóvam Buarque, Jarbas Vasconcelos, Pedro Taques e Randolfe Rodrigues, que ouviram o clamor público, a maioria preferiu o gesto olimpicamente condenável de descaso e cinismo.
Pois aquele manifesto do Rio de Paz continua, desta vez em repúdio à decisão dos senadores. Para quem não lembra, quando falamos do abaixo-assinado semana passada, ele contabilizava pouco mais de 20 mil assinaturas e, em dez dias, já conta com 400 mil. Uma firme demonstração de indignação da sociedade, que acaba de ser superada esta manhã.
Temos agora um outro manifesto, criado logo que foi proferida a decisão sobre Renan na última sexta-feira. Com a sociedade mais articulada e informada sobre a situação, este agora é mais direto e pede nada menos que o impeachment do senador, por falta de condições éticas enquanto não tiver sua situação decidida no STF. O resultado é que em apenas 6 dias, este novo manifesto já alcançou perto de 550 mil assinaturas. Não custa lembrar que o caso não é de devido processo legal apenas, e sim de moralidade pública. Ou seja, não tem que ser apenas legal, tem que ser sobretudo moral.
No momento, são dois os objetivos das organizações que estão divulgando esses manifestos. O primeiro é criar um grupo de trabalho para acompanhar bem de perto todos os desdobramentos do processo do senador Renan no Supremo, de modo que ele não fique convenientemente “esquecido” por lá. O segundo é levar esse abaixo-assinado a um grupo de senadores independentes e compromissados com a ética na política para que eles sintam que têm o apoio de milhares de cidadãos conscientes e atuantes para entrarem com um processo no Conselho de Ética da casa contra Renan na presidência.
Aproveitamos para recomendar aqui o recente artigo do filósofo Roberto DaMatta, “Eu não aceito!”, sobre a atual ética – ou a aguda falta dela – na política atual. Vale terminar nosso comentário de hoje com um pequeno trecho: “Articula-se objetivamente, com uma desfaçatez alarmante, uma crise entre poderes exatamente pela mais absoluta falta de ética, esse espírito de limite ausente dos donos do poder neste Brasil de conchavos vergonhosos e inaceitáveis. Você, leitor, pode aceitar e até considerar normal. Eu não aceito!”.
Ou como disse o humorista Beto Silva nas redes sociais: “Renan discursou dizendo que a ética não é fim, é meio. Senador, a ética é princípio!”