A Voz do Cidadão https://www.avozdocidadao.com.br Instituto de Cultura de Cidadania Sun, 01 Oct 2023 21:25:22 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.2.6 163895923 Da Revista Oeste: “Como fazer os cidadãos voltarem às ruas”, por Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-da-oeste-como-fazer-os-cidadaos-voltarem-as-ruas-por-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-da-oeste-como-fazer-os-cidadaos-voltarem-as-ruas-por-jorge-maranhao/#respond Sun, 01 Oct 2023 20:53:05 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=40035 Procuro entender por que, sobretudo nossas “elites”, são tão alienadas do perigo de nossa deterioração moral e da ditadura política que nos vem sendo imposta pela esquerda cleptocrata. Mas, vendo que o povo virou as costas para a farsa cívica do desfile de 7 de setembro, continuo a propor trocarmos a perplexidade do golpe sofrido em 8 de janeiro pela complexidade do entendimento de nossa cultura barroquista que nos leva sempre à fuga da realidade.

Fugimos da realidade, esta tem sido nossa sina, pela nossa insistente preferência pelo transbordamento ficcional de nossas emoções, pela expansão da cordialidade sem a qual nossos antepassados não teriam se lançado às grandes navegações, e se entregue ao pecado rasgado bem abaixo da linha do Equador. 

Enfim, pela ruptura dos valores morais da ordem cristã, desprezados sobretudo pelas nossas “elites” tão soberbas quanto omissas e ignorantes.

Para que recuperemos a democracia perdida e retomemos o curso de uma prosperidade decantada, penso que se faz necessário o exame de algumas premissas em torno das quais um manifesto para despertar a cidadania entorpecida poderia ter algum sucesso.

  1. Não há a meu ver qualquer esperança de o povo voltar às ruas como fazia desde a época do impeachment da Dilma, das campanhas contra a corrupção, do mensalão ao petrolão e da explosão do verde-e-amarelo da aliança de conservadores e liberais contra os abusos imorais da aliança de petistas com os escroques do centrão. Pois vivemos num terrorismo de estado, com um grande arco de aliança de mamadores do tesouro que resolveram ressuscitar o apedeuta: os militantes de redação da grande mídia, os sinistros infiltrados nas altas cortes, os políticos corruptos de sempre, a alta burocracia da privilegiatura, os ativistas ambientais e identitários, os artistas engajados da Rouanet, os acadêmicos enviesados dos departamentos de humanas das universidades públicas, “empresários” viciados em contratos públicos, financistas da dívida pública, narcotraficantes, sindicalistas e pelegos proxenetas. O povo está com medo porque não tem quem o defenda e um exército de melancias o traiu com perfídia;
  2. Insisto e persisto no diagnóstico da questão cultural que embota nossa capacidade cognitiva com um imaginário fantástico de torções e retorções, contorções e distorções mentais, vindas de nossas mais profundas raízes barroquistas que nos impelem a trocar conceitos e princípios lógicos de apreensão da realidade por figuras retóricas de expressão da linguagem. Não há notícia na história do Brasil do transbordamento barroquista das artes e letras barrocas para os demais campos da nossa expressão cultural, sobretudo no crucial âmbito da moral, da política e da justiça, para além de nosso natural encantamento mais estético do que ético;
  3. E é significativo o silêncio de nossos maiores intérpretes: de Joaquim Nabuco, Euclides da Cunha, Mario de Andrade, até Sérgio Buarque e Gilberto Freire, passando por Monteiro Lobato, Viana Moog, Mário Ferreira dos Santos, Darcy Ribeiro e Caio Prado Junior e, mais recentemente, Raimundo Faoro, Meira Pena, Roberto Campos, Olavo de Carvalho e José Murilo de Carvalho; 
  4. É este resiliente imaginário barroquista que tanto amamos que explica nosso famoso jeitinho de não cumprir a lei, nossa malandragem embusteira que nos leva a nos enganar a nós mesmos de tanto tentar enganar a todos a todo tempo e abusar, não apenas das hipérboles, paradoxos, ironias e metáforas, mas sobretudo da metonímia que é uma espécie de metáfora mal-intencionada, pois se a metáfora é apenas uma comparação poética, a metonímia é a troca mal intencionada de alhos por bugalhos, sobretudo do essencial pelo acessório;  
  5. O jogo de imagens da Renascença italiana (tematizado no símbolo da voluta) se desdobra em jogo de palavras (jeu des mots, trocadilho) que se desdobra em mais jogos de imagens (rocailles trompe l’oeil), que se desdobram, por fim, em jogo de ideias na farsa ibérica, no cultismo de Góngora e conceptualismo de Quevedo, Gil Vicente, Pe. Antonio Vieira e Gregório de Matos, em Portugal e Brasil, seja na igreja ou no lupanar; 
  6. O Barroco que é puro deleite estético nas artes e nas letras é um desastre, um impasse civilizatório se levado à conduta moral (do jeitinho), política (do conchavo) e jurídica (do quiproquó e da chicana); 
  7. Vide o desmonte da Lava-Jato, a prescrição penal da condenação não aplicada na segunda instância, o malogro da redução do foro privilegiado e a desonestidade da confusão criada pelo sistema político-eleitoral vigente, entre voto impresso e contagem pública de votos. Outra vez a imoral metonímia de trocar os fins pelos meios, o sufrágio público pela urna caixa-preta de contagem secreta; 
  8. Os países mais desenvolvidos são aqueles em que predominou o Iluminismo, com a razoabilidade e a prudência na gestão pública, sobre o barroquismo da digestão extrativista da coisa pública;
  9. Como se a própria Inquisição ibérica voltasse a se repetir com este petismo e repetismo dementes, do julgamento sumário, sem defesa nem contradito, da censura e banimento, dos cancelamentos de posts, sites e perfis nas redes sociais, como na queima de livros medieval, terror dos poderosos, contra o qual só restava o disfarce dos mouriscos e cristãos novos;
  10. Vide as torções, retorções, contorções e distorções do STF: solta bandidos e prende cidadãos, resolve liquidar com a Lava-Jato quando ela perigava se desdobrar em Lava-Toga, legislando ao invés de julgar, fazendo política quando aceita julgar recursos de partidos políticos nanicos de oposição, solapando a independência e autonomia dos demais poderes;
  11. Só um poder hoje pode evitar este impasse: a mesa diretora do Senado que, em respeito à soberania popular dos cidadãos, coloque em pauta as ações contra os abusos dos demais poderes. Mas como levar os cidadãos às ruas para pressionar o Congresso a enfrentar um arco tão extenso de inimigos infiltrados nas instituições públicas?; 
  12. Desta vez a intervenção não deverá ser para exercer o poder, mas para retomá-lo de quantos o tomaram por golpes e fraudes. Como numa cirurgia de um tumor, tão pontual quanto precisa. Tumor que está localizado sobretudo nas Altas Cortes com militantes nomeados por e para servir a esquerda petista com seu delírio repetista de se perpetuar no poder; 
  13. Pois para defender o Brasil, temos de compreender como o barroquismo está resiliente no esquerdismo contumaz deste último século, seja na versão carnívora ou vegana. Parodiando Karl Marx, que nunca provou a realidade da luta de classes, que nada mais é do que outra metáfora mal-intencionada: pior do que o esquerdismo como doença infantil do comunismo é o barroquismo como doença senil do esquerdismo! A troca metonímica da luta de classe operária pela luta identitária, da hipérbole globalista do ambientalismo; do paradoxo da destruição nacional do metacapitalismo, da corrupção dos valores da tradição judaico-cristã do Ocidente: vida, que não é “condição” de vida; liberdade, que não pode ser de arbítrio próprio, mas de alteridade; propriedade, que não é coletiva antes de ser individual; e justiça, que não pode ser “social” se antes não for justiça em si; 
  14. Temos de compreender a mais diabólica figura da metonímia barroquista: trocar o todo pela parte e vice-versa, mas também o essencial pelo acessório, o mote pela glosa, o verso pelo anverso, a substantivo pelo adjetivo, o quadro pela moldura, a figura pelo ornamento, a causa pelo efeito, a justiça pelo processo, a política pelo poder, a lei pelo privilégio, a história pela farsa, o objeto pela função, a ética pela estética etc. Em suma: trocar o tosco capitão pelo pérfido ex-presidiário;
  15. Pois nossa maior metonímia de trocar a justiça pelo processo foi a desmesura da descondenacão do “pai dos pobres” quando o militante Faquin, infiltrado pelo PT na Suprema Torção Federal, trocou os termos essenciais do sujeito e predicado da oração (Lula condenado) pelos termos acessórios do adjunto adverbial de lugar: o cep do tribunal que não poderia ser o de Curitiba; 
  16. Ou seja, Curupira como nossa alma e caráter, de modo mais insidioso do que Macunaíma ou Jeca Tatu, não vive no mundo do autoengano poético das metáforas, que são apenas termos de comparação. Mas, com a troca de direção dos próprios pés, como já prenunciava Jânio Quadros, nos leva a viver num mundo de metonímias, a variante imoral da metáfora, porque aspira enganar a todos, trocando o todo pela parte, mas não apenas em quantidades, mas sobretudo em qualidades, o essencial pelo acessório, o gênero pela espécie, o fato pela narrativa, a verdade, enfim, pelo sofisma; 
  17. Daí minha tese de que a modernidade trouxe o velho sofisma de volta travestido de arte barroca, o que chamo de barroquismo, pois os mesmos artifícios das letras e das artes transbordados para a moral, a política e a justiça. Na moral, quando troca a exegese da lei pelo jeitinho da aplicação da pena com agravante ou atenuante, na justiça pela troca dos fins pelos meios, da efetivação da justiça pelas filigranas processuais, e na política quando troca o voto e a vontade do cidadão representado, como a própria finalidade da democracia, pelo arbítrio do meio da máquina de contar votos secreta dos representantes que não nos representam;
  18. Assim, convoco alguns dos cidadãos de maior qualidade cívica atuando no Brasil ou exterior para se reunirem para trabalharmos na redação coletiva de um manifesto de volta às ruas. Não para milhões ocuparem as ruas, mas para apenas algumas dezenas com o fim de ocupar a mesa diretora do Senado até que coloquem em pauta os projetos de reforma política e do judiciário que limitam seus poderes em prol do voto do cidadão. Milhões serão apenas os assinantes manifestantes das dezenas de redatores.

Aliás, lhes dou aqui três exemplos. Fernão Lara Mesquita continua pregando quase sozinho sobre suas quatro propostas de reforma política para destorcer o Brasil e recolocá-lo outra vez sob o império da lei e da democracia: o voto distrital, o recall, a lei de iniciativa popular, o referendo e a avaliação do eleitor sobre a atuação dos magistrados. Thomas Korontai, nosso líder federalista, vai aos EUA explicar por que vivemos numa farsa de federação, equivalente, inclusive, à farsa da democracia “relativa”, como se refere o apedeuta. 

Felipe Gimenez, nosso procurador ativista da contagem pública de votos, continua pregando no deserto sobre o que é a verdadeira democracia, quando o cidadão eleitor, além de votar, tem o direito de participar na contagem pública de seu voto. Três cidadãos atuantes que acompanho de perto. Mas poderia listar aqui dezenas que acompanho esporadicamente, pois todos são o que chamo de verdadeiros agentes de cidadania preocupados com a alienação política cada vez maior que os poderosos impõem aos cidadãos de bem.

Enfrentar a mesa diretora do Senado, ocupada por senadeiros omissos e pusilânimes, com um manifesto assinado aí, sim, por milhões de brasileiros e brasileiras, despertaria na certa o ânimo de mais de trinta senadores que dizem estar do lado dos cidadãos. Se não conseguimos milhões nas ruas fisicamente para empurrar o Congresso contra os infiltrados no STF pelo PT, precisamos de pelos menos uma centúria de guardiões da república (Livro III da República, de Platão) com coragem cívica suficiente para ocupar a mesa diretora do Senado até que seus membros tomem uma atitude efetiva contra os abusos do STF e da esquerda infiltrada nas instituições. 

O que poderá ser feito através de um manifesto cujas cem primeiras assinaturas, a partir de um milhão coletadas nas redes sociais, se comprometerão a pôr em prática a ocupação pacífica. A convite, inclusive, desses trinta senadores ditos de oposição a este governo ilegítimo e demente.

https://revistaoeste.com/brasil/como-fazer-os-cidadaos-voltarem-as-ruas/

(*) Jorge Maranhão é conselheiro consultivo do Instituto Liberal, mestre em filosofia pela UFRJ, e dirige o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão. É autor de “Destorcer o Brasil: de sua cultura de torções, contorções e distorções barroquistas”, e acaba de lançar “Curupira, o enganador do mundo e os doze dragões da maldade”

Email: jorge@avozdocidadao.com.br

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Entrevista: “Destorcer o Brasil”, de Jorge Maranhão, no programa Quinta de Ouro de Bruna Torlay https://www.avozdocidadao.com.br/entrevista-destorcer-o-brasil-de-jorge-maranhao-no-programa-quinta-de-ouro-de-bruna-torlay/ https://www.avozdocidadao.com.br/entrevista-destorcer-o-brasil-de-jorge-maranhao-no-programa-quinta-de-ouro-de-bruna-torlay/#respond Tue, 04 Jul 2023 16:34:09 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=40030 Assista na íntegra a entrevista que Bruna Torlay fez com Jorge Maranhão sobre “Destorcer o Brasil”.

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Palestra: Filosofia na praia: Curupira, o enganador do mundo e os doze dragões da maldade! https://www.avozdocidadao.com.br/palestra-filosofia-na-praia-curupira-o-enganador-do-mundo-e-os-doze-dragoes-da-maldade/ https://www.avozdocidadao.com.br/palestra-filosofia-na-praia-curupira-o-enganador-do-mundo-e-os-doze-dragoes-da-maldade/#respond Sat, 24 Jun 2023 20:52:01 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=40021 Para quem não pode comparecer ao vivo e prefere assistir pelo YouTube

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Do DCSP: “E o repetismo, meu caro Rachewsky?” https://www.avozdocidadao.com.br/e-o-repetismo-meu-caro-rachewsky/ https://www.avozdocidadao.com.br/e-o-repetismo-meu-caro-rachewsky/#respond Sat, 17 Jun 2023 16:51:36 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=40016 ‘A vida é luta renhida; viver é lutar.’
Gonçalves Dias

Jorge Maranhão

16/Jun/2023

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Estava eu no meu canto cabisbaixo quando me chega a notícia de um livro recém-publicado por um empresário gaúcho que acompanho de vez em quando nas redes sociais.

Coisa rara nas terras de Curupira, que é como resolvi apelidar Pindorama na perspectiva de nosso arraigado barroquismo mental. Um ousado ensaio de filosofia de um não menos ousado empresário: de Roberto Rachewsky, “O grego, o frade e a heroína”.

Antes de qualquer crítica a questões filosóficas, que me sinto no dever ético de externar, deixo claro que a atitude do autor é sobejamente mais louvável e decisiva para o trágico momento em que se encontra o país do que eventuais percalços de pensamento. Afinal, um empresário que pensa o estado da cultura de seu país para além das situações vantajosas de mercado, não é comum por estas bandas, uma vez que a omissão por ignorância ou escusos interesses corporativos por alguma teta do estado é seguramente uma das razões de nosso impasse civilizatório.

Caído na tentação de enaltecer ao máximo a obra de sua heroína, a ensaísta e ficcionista russo-americana Ayn Rand, Rachewsky endossa sua linhagem filosófica como herdeira e soi-disante sucessora de pensadores do vulto de Aristóteles e São Tomás de Aquino. Afinal, não há como nenhum pensador moderno ou contemporâneo achar que escapou da tradição da filosofia clássica antiga, como já asseverou Whitehead: “toda a filosofia ocidental não passa de notas de pé de página da obra de Platão.”

Mas no que concerne a Aristóteles, a autora o leu na perspectiva de uma tradição iluminista que o opunha ao idealismo platônico em defesa de um empirismo realista. O que hoje é bastante discutível, sobretudo na sua tese sobre o egoísmo versus o altruísmo cristão, uma vez que uma nova interpretação, particularmente da Ética, quando não de toda a obra aristotélica, elabora o discernimento entre o vício de um egoísmo inferior que instrumentaliza o outro e a virtude de um egoísmo como a busca de seu próprio bem, sem a exclusão do outro.

E aqui, não quero crer que tenha sido apenas uma trouvaille quando a autora destaca o triplo A dos nomes de Aristóteles, Aquino e o seu próprio, Ayn Rand. Sem falar no excesso de autoestima, irmão siamês do egoísmo, que ela enaltecia exclusivamente como virtude, não seria uma infração mesma do princípio da mediania aristotélica, um mero preciosismo formalista em contradição com o seu próprio pensamento objetivista?

O fato é que nosso bravo Rachewsky dedica três vezes menos espaço no seu livro para Aristóteles e Aquino do que dedica à obra de sua heroína. Daí, o grego ficar mal compreendido, o frade subestimado e a heroína superestimada. E, mais uma vez, cai numa contradictio in terminis o nosso autor quando subintitula seu livro como “A revolução pacífica e civilizatória”. Ele, como eu, sabemos por conta dos três princípios da lógica aristotélica que na história não há a menor chance de revoluções serem pacíficas.

Por outro lado, por se dedicar com tanto afinco à divulgação do pensamento de Ayn Rand no Brasil, Roberto Rachewsky, mais do que ninguém, deve saber de nossa atávica resistência a qualquer coisa que de longe se pareça com a tradição racionalista que, para além do objetivismo, se espalhou por todo o Ocidente desde a proeza da descoberta da filosofia clássica pelos gregos há mais de vinte e cinco séculos. O que talvez não saiba é que, dentro do cavalo de Troia da “razão tupiniquim”, no auge do Renascimento europeu, trouxemos o vírus latino do barroquismo mental transbordado para além do campo das artes e das letras. E nele nos atolamos pelo menos nos três primeiros séculos de nossa formação cultural. E insisto: não estou aqui a falar do barroco artístico de Aleijadinho e mestre Athaíde, ou das letras sarcásticas de Gregório de Matos e das prédicas de Antonio Vieira. Mas de seu transbordamento barroquista em campos onde absolutamente não deveria prevalecer como a justiça, a política e a moral.

Não, caro Roberto, não há esta questão central do antagonismo entre as escolas platônica e aristotélica, na supremacia da consciência sobre a realidade ou vice-versa. Esta versão foi uma pirueta da retórica barroquista, engendrada no próprio ventre da Renascença e bem ao gosto e apego pelas antíteses, paradoxos, ambivalências e outras figuras de linguagem. Daí, a minha tese sobre o barroquismo como a sofística moderna. Sobretudo nas periféricas terras de Curupira.

Aliás, se você me permite uma sugestão, veja que desde a segunda metade do século passado, esta tem sido a proposta fundamental do erudito pensador Giovanni Reale, que defende o consenso e não o dissenso entre os dois filósofos seminais, com a teoria das doutrinas não-escritas de Platão e da recuperação dos textos exotéricos de Aristóteles.

Mas voltando ao seu livro, o que mais me impressionou é a sua fé, mesmo que seja a fé na razão. Apesar do iluminismo tardio a que você se refere, com o resgate das ideias liberais no Brasil a partir do século passado, ter sido na verdade inaugurado no século XIX durante o Segundo Império de nosso maior estadista D. Pedro II.

Seu relato pessoal sobre sua luta pela liberdade é um exemplo a ser seguido por qualquer empresário brasileiro que tenha um pingo de decência diante da farsa irresponsável de nossas elites ao se omitirem e permitirem a volta fraudulenta desse esquerdismo que, na sua versão petista, nada mais é do que a doença senil do barroquismo, se me permite a paródia com a afirmação de Lenin sobre o esquerdismo como doença infantil do comunismo. Pois, se o petismo é em si mesmo uma fraude, o repetismo da cultura barroquista que ora vivemos é pura farsa.

Só sei que temos falhado em nossas estratégias de argumentação que não nos une num manifesto convincente, liberais e conservadores de todos os matizes, contra a prometida e iminente ameaça repetista de nos transformar numa Brazuela. Quando nossas elites, sobretudo empresariais, são o verdadeiro repeteco dos bestializados, a que José Murilo de Carvalho se referia por ocasião do golpe da república positivista. Quando vemos se repetir na nossa cara sucessões de torções e retorções barroquistas, como esta nova metonímia de trocar uma alegada ameaça bolsonarista à democracia por uma ameaça concreta às liberdades civis e aos direitos fundamentais dos cidadãos. O mesmo recurso retórico da metonímia que trocou o ato tramitado em julgado da condenação do presidiário por um detalhe de circunstância processual. Por boçais sinistros que não sabem sintaxe elementar e trocam o sujeito como termo essencial da oração pelo termo acessório do adjunto adverbial de lugar.

Para além da ignorância, é ato orquestrado das esquerdas infiltrarem nas instituições políticas e jurídicas ditas burguesas o que há de pior na sociedade a fim de apodrecê-las por dentro. Vide a decadência de nossas atuais instituições culturais, acadêmicas, jurídicas, politicas, militares, religiosas, empresariais etc.  

O que urge é fazer do limão da ditatoga que amadura vermelho uma limonada antes que o próprio Brasil apodreça de verde e amarelo. Mais do que livros e artigos, tenho defendido um manifesto aberto às corporações, associações, federações, sindicatos patronais e de profissionais liberais. Pois não basta defender seus interesses setoriais, por mais legítimos que sejam. Cedo ou tarde eles serão assacados pelo poder destrutivo das esquerdas que tomaram o poder por sua própria conivência ou erro de avaliação. Quando seu programa de trocar o capitalismo malvadão pelo socialismo envergonhado da social-democracia é tão claro quanto inviável como já por três vezes demonstrado em nossa história recente. A questão é a tentação totalitária em curso.

Urge que nossas elites compreendam de uma vez por todas que a direita é um discurso passivo essencialmente de defesa dos valores morais da tradição ocidental judaico-cristã. Sobretudo a defesa das liberdades, não apenas de mercado, mas as próprias liberdades civis. Enquanto a esquerda é sempre uma estratégia de ataque a esses mesmos valores, pois na retórica revolucionária sempre serão sacrificados os meios em benefício dos fins. E valores morais serão sempre uma besteira burguesa.

O equívoco de trocar a ética pela estética custará ainda muito, não só para essas mesmas elites, como para todo o país. Uma vez que não pode haver sucesso empresarial privado dentro de um contexto social fracassado de toda uma nação.

A maior evidência de nossa mentalidade barroquista é trocar conceitos racionais e argumentos lógicos por meras figuras de retórica barroquista como meios de apreensão da realidade. Dentro delas a deletéria figura da metáfora, sobretudo a metonímia, que sempre troca o essencial pelo acessório, o todo pela parte, o tema pela glosa, o fato pela versão, a apreensão do real pelo efeito ficcional, enfim, a justiça pelo processo.

Pois a mais diabólica esperteza barroco-esquerdista, comprometida sempre com a farsa e jamais com a verdade, é destruir o sistema jurídico para que possa tomar o poder, a despeito dessas “bobagens” da democracia eleitoral burguesa. E tomar o poder para destruir o sistema econômico e submeter os cidadãos à condição de vilões igualados pela pobreza e pela dependência das esmolas do estado totalitário.

É o que pregou Gramsci com a revolução cultural marxista que dispensa enfrentamentos físicos da metafórica “luta de classes”. É o que prega os adeptos da Escola de Frankfurt ao trocar o embate de capitalistas e rentistas burgueses contra trabalhadores e proletários pela luta identitária sexista, de gênero, de raça, e das mais esdrúxulas figuras do politicamente correto. Trocar a cena revolucionária imaginária para que seja eficaz o resultado da destruição de valores morais de toda uma tradição.

Parabéns pelo livro e, sobretudo, pela biografia, Roberto, que me fez lembrar da Canção do Tamoio.Mas temos que transformar nossos livros, discursos, artigos, propostas e demais lauréis, por mais brilhantes que sejam, numa iniciativa mais do que objetiva, realista, contra a demagogia dos milhares de petistas infiltrados nas instituições do estado há mais de três décadas. Pois todos sabemos que não foi pelos milhões de miseráveis “invisíveis” até o governo passado, mas sim pelos privilégios e boquinhas dos companheiros militantes.

Não é hora de conclamar milhões de patriotas outra vez às ruas. Temos de nos unir numa ampla frente anti-repetista para recrutar uma centena de ilustres cidadãos para ocupar a mesa diretora do Senado até que seus membros nos convençam de que não prevaricam e cumprem objetivamente com seu dever institucional de tramitar as ações de impeachments contra os abusos policialescos dos sinistros supremos e as propostas de reforma política e jurídica de que o país tanto precisa.   

Com certeza estaremos juntos na assinatura desse manifesto.

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Do DCSP: “Os auto-enganos do Curupira”, por Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/do-dcsp-os-auto-enganos-do-curupira-por-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/do-dcsp-os-auto-enganos-do-curupira-por-jorge-maranhao/#respond Fri, 16 Sep 2022 19:48:43 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=40004 No Brasil, nunca houve oposição verdadeira entre as esquerdas veganas e carnívoras que devoravam os governos e desgovernos

Jorge Maranhão14/Set/2022

Não sei o que é pior, se a esquerdalha ensandecida ou os socialdemocratas ditos de centro, coniventes e omissos diante das esquerdas e seus desvarios! Portanto, paremos de nos enganar como o país dos curupiras de pés retorcidos que, de tanto enganarem os outros, acabam por enganar a si mesmos.

No Brasil, nunca houve oposição verdadeira entre as esquerdas veganas e carnívoras que devoravam os governos e desgovernos, aparelhando empresas e instituições desta incauta e infelicitada nação.

A verdadeira oposição entre a recente aliança de conservadores e liberais liderada pelo atual presidente e o rodízio das carcomidas esquerdas fingindo-se de oposição no teatro das tesouras nacional é a grande e verdadeira novidade de nossa cultura política barroquista, a verdadeira terceira via contra a curupiragem geral de nossa subcultura política.

Eis a causa desse mal-estar entre os participantes do grande e silencioso conluio de agentes mamadores das tetas do tesouro, desmamados pelo atual presidente. E nunca é demais listá-los:

  1. Políticos corruptos intermediadores de verbas públicas;
  2. Grandes grupos de mídia da extrema imprensa viciados em gordas verbas publicitárias estatais;
  3. Reitores e diretores de departamentos das universidades públicas com autonomia de gestão e desperdício dos recursos da educação devolvendo para a sociedade um dos piores índice de qualidade do mundo;
  4. Artistas pejotizados da Globolixo viciados em subsídios da lei Rouanet;
  5. Alta burocracia das autarquias federais, da alta magistratura e do Parquet viciadas em penduricalhos e que não prestam contas de desempenho a ninguém;
  6. Ativistas de viés esquerdista da alta magistratura e do ministério público fazendo “justiça social” com as próprias sentenças e denúncias;
  7. Grandes banqueiros rentistas da dívida pública e oligopolistas na extorsão do crédito privado dos segmentos de baixa renda;
  8. Grandes empresas campeãs-nacionais, fornecedoras de serviços públicos e frequentadoras dos subsídios do BNDES;
  9. Ongs nacionais e internacionais exploradoras políticas de ambientalismo, globalismo e tuteladoras dos povos indígenas;
  10. Ongs de direitos humanos ativistas da desconstrução dos valores da família, ativistas de ideologias de gênero, abortistas e relativistas morais.

Por isto é que já é corrente nas redes sociais a reflexão de que a polarização não é apenas político-eleitoral, mas político-cultural. Civilizacional até! Pois, se trata de definir de uma vez por todas o caráter nacional, o que a maioria quer ser em face do pior legado possível dos sucessivos mitos de vagabundagem, malandragem, engodo e engano de Macunaíma, Jeca Tatu e de Curupira, respectivamente.

E para refletir sobre a ironia barroquista de nossa subcultura política ter chegado ao ápice de uma história em quadrinhos, com todas as farsas, ciladas e armadilhas dos bandidos contra o mocinho, temos até um Capitão para nos liderar nesta batalha.

Trata-se de uma inflexão cultural nunca vista na história brasileira, desde que fingiram trocar um imperador por um dito republicano. Deu no que deu: o imperador era mais republicano do que o próprio republicano de araque! Agora, acordamos para trocar os mitos e lendas da esperteza, da farsa e da fraude, pelo ideal da correção e disciplina! Um vagabundo por um Capitão! A maior inflexão do incipiente Iluminismo do Império brasileiro carcomido pelo cupim do ancestral e resiliente barroquismo colonial!

E tudo isto pelo orgulho ferido de lideranças empresariais, artistas globais, acadêmicos esquerdistas e jornalistas militantes, lagostíssimos sinistros e operadores da justiça parciais, mínima parcela da população, mas com o poder de repercutir seu puro preconceito social contra a larga maioria de cidadãos de fé apoiadores do Capitão, sem acesso à mídia e aos aparelhos do Estado ainda dominados pelos desmamados das tetas do tesouro nacional!

Todavia, duas insignes mulheres brasileiras, que não se omitem do debate público, mataram essa charada. Janaína Paschoal e Bruna Torlay. A primeira, professora de direito, atual deputada estadual por São Paulo, quando denuncia a manobra barroquista do sinistro Fachin na descondenação do Lularápio por não ver qualquer outro político com chances reais de se defrontar contra a popularidade do Capitão.

A segunda, professora de filosofia clássica, quando denuncia o orgulho ferido da social-democracia de punho-de-rendas, viciada nos recursos do tesouro nacional e nos recursos retóricos do “centro democrático”, a posar de isentona diante dos “extremos”, dona da “razão de Estado”, por não ter previsto, enfim, a sede de participação política dos conservadores em aliança com os liberais, todos recém-saídos do armário. E neste caso, também podemos listar quem são:

  1. Profissionais liberais, pequenos comerciantes e pequenos industriais cansados de arcar com uma carga fiscal pesada e injusta para alimentar a corrupção dos políticos;
  2. Produtores rurais desde a pequena empresa da agricultura familiar até as grandes corporações multinacionais do agrobusiness frequentemente invadidas pelo MST;
  3. Pais de família que repudiam a doutrinação ideológica de gênero, raça e credo dos estabelecimentos educacionais controlados por esquerdistas;
  4. Cidadãos dedicados à sua fé religiosa e à conservação dos valores morais da tradição judaico-cristã;
  5. Ativistas sociais dos direitos fundamentais dos cidadãos como liberdade de ir e vir, de expressão e opinião;
  6. Intelectuais independentes e críticos da dominação dos cargos das universidades públicas por militantes da esquerda hard ou soft;
  7. Militares e agentes de segurança pública preocupados com a destruição dos valores morais praticadas por organizações políticas de esquerda em aliança com as organizações do narcotráfico;
  8. Juristas, advogados e membros do poder judiciário preocupados com a perenidade e o desgaste da credibilidade pública das instituições da justiça;
  9. Novos políticos lutadores pela reforma política e pela mudança da cultura política brasileira para que mais representem os interesses dos cidadãos eleitores do que os seus próprios;
  10. Jornalistas e artistas independentes operadores de uma mídia alternativa e das redes sociais, críticos do enviesamento ideológico da informação pública e das artes em geral.

Desta feita, os dados estão lançados: mais do que uma eleição, estamos a escolher o próprio caráter nacional pelo qual queremos ser reconhecidos, a própria cultura dominante sob a qual queremos viver, se da razoabilidade e prudência iluministas na condução do interesse público ou da cultura barroquista de enganação e curupiragem geral que já estamos fartos de conhecer.

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Do DCSP: “Curupira e a nossa dificuldade de apreensão da realidade”, por Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/do-dcsp-curupira-e-a-nossa-dificuldade-de-apreensao-da-realidade-por-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/do-dcsp-curupira-e-a-nossa-dificuldade-de-apreensao-da-realidade-por-jorge-maranhao/#respond Wed, 04 May 2022 10:36:46 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39994

O Congresso Nacional, como nossa maior farsa barroca, disfarça e não cumpre com sua missão essencial, qual seja a de controlar a administração da Justiça


São Paulo, 02 de Maio de 2022 às 15:53


Em que pese as severas críticas que tenho sobre a arquitetura de Brasília, pelo menos a localização central do prédio do Congresso Nacional, face o Executivo e o Judiciário, representa corretamente o peso entre eles. Pois os poderes soberanos pela legitimação do voto dos cidadãos são apenas o Executivo e o Legislativo, sendo o Judiciário um órgão essencial com poder indireto do presidente que indica os ministros e do Legislativo que os sabatina. Ou seja, um poder por deferência metafórica e não por fundamento de soberania, como definido no parágrafo único do Art. 1: “todo poder emana do povo.”

Só que, enfim, começa a cair a ficha do alegado sentido das duas conchas, côncava do Senado e convexa da Câmara. Para além da côncava estar a ouvir as aspirações das unidades da federação – se é que de fato ela existe ou é mera ficção barroquista – e a convexa as demandas plurais dos cidadãos, são a representação e o motor das duas fontes de poder, da soberania individual e comunitária dos cidadãos. Como elementos complementares e alados, ao lado do duplo edifício do Congresso, resulta no esboço plástico do maior de nossos dragões da maldade, diria o Curupira, símbolo maior de nossa farsa barroquista que a todos engana e descaminha.

Pois o Congresso Nacional, como nossa maior farsa barroca, disfarça e não cumpre com sua missão essencial, qual seja a de controlar a administração da Justiça, instrumento de seus abundantes recursos processuais, contra a associação criminosa com executivos corruptos, fontes de acesso a outro tipo de recursos, desta feita, os financeiros do tesouro nacional.

A nação inteira tem sido vítima do atraso de mentalidade, da reputação duvidosa e notória ignorância jurídica de alguns dos supremos togados. Sobretudo uma meia dúzia deles que padecem da mais aguda síndrome da retórica barroquista. Não no quesito da oratória da qual são até mesmo medíocres, mas no de seus torcidos, contorcidos e distorcidos raciocínios que os levam a uma total dissonância cognitiva na apreensão da realidade.

Como demonstro no meu recém-lançado livro “Curupira”, o barroquismo mental de três séculos nos fazendo ver e crer no imaginário assimétrico, obscuro, unívoco, pictórico e de forma aberta das artes barrocas acabou por nos levar a uma apreensão torcida, contorcida e distorcida da realidade. As artes e as letras barrocas, como sempre digo, são uma das máximas expressões da humanidade, mas quando transbordadas para outros campos da expressão cultural, como a moral, a justiça e a política, é um desastre, nosso grande impasse civilizatório.

Pois uma apreensão da realidade através de figuras retóricas como metáforas, metonímias, hipérboles, ironias e paradoxos resulta sempre em torções, contorções e distorções da realidade. Como se elas existissem na realidade objetiva e não fossem apenas figuras ou meios de expressão.

E a expressão máxima de nosso barroquismo mental é a enrolada, tortuosa, cara, nepotista, ineficiente, paradoxal, tardia, processualística e farsante Justiça nacional. Uma máquina de oprimir cidadãos indefesos por omissão ou ativismo em excesso e de procrastinar sentenças e favorecer poderosos.

Não é à toa que mais da metade dos supremos togados são objetos de pedidos de impeachment no Congresso, como: Gilmar Mendes, nosso garantista-mor em favor de políticos condenados por corrupção e em desfavor de centenas milhares de cidadãos presos arbitrariamente por pequenos crimes e sem o devido processo legal. Puro paradoxo.

Alexandre de Moraes, nosso inquisidor-mor, vítima, promotor, investigador, relator e juiz do conhecido “Inquérito do Fim do Mundo”. Uma hipérbole ambulante, descomedido e juris-imprudente.

Dias Toffoli, o defensor-mor do poder moderador do Esseteefe que não consta na Constituição Federal. E, portanto, pura ficção barroquista.

Fachin, defensor-mor do ex-presidiário ex-presidente, que criou a figura esdrúxula da descondenação judicial por confundir sentença condenatória com adereço processual. Como manda a boa retórica metonímica, troca o essencial pelo acessório.

Lewandovsky, inventor-mor da meia-pena do impeachment ou do supremo jeitinho de cassar o mandato mas poupar os direitos políticos de sua companheira ideológica. Mera ironia se não fosse também descabida hermenêutica.

E o iluminado Barroso, ativista-mor das pautas esquerdistas identitárias, da caixa-preta das urnas eletrônicas a abusador-mor de parlamentares com rabo-preso no Esseteefe.

A esses seis casos de extravagância jurídica e transbordamento retórico se juntam mais seis episódios de nossa tradição barroquista de torcer, retorcer, contorcer e distorcer a realidade, como narra Curupira e seus, não por acaso, doze dragões da maldade.

O paradoxo barroquista do ativismo judicial compulsivo de sinistros togados expressamente impedidos de fazer política partidária, além de fazer letra morta do art. 95 da Constituição, uma vez os compulsórios atributos de passividade, imparcialidade e insuspeição do ato judicatório.

A extravagância da existência de justiças ditas especializadas como as jabuticabas justiças trabalhista e eleitoral, fonte de empreguismo, opressão e abuso de tutela sobre os cidadãos.

A desrepresentação parlamentar que mais representa os interesses corporativos de seus representantes do que os dos cidadãos que finge barrocamente representar. Caso modelar de retórica da ironia de trocar o ser representado do cidadão eleitor pelo parecer ser representante de seus próprios interesses.

O conluio dantesco dos SS – Senadeiros do Senado e supremo sinistros que encenam a farsa de não tramitar processos de impeachment contra membros do Esseteefe, em troca de os mesmos não tramitarem denúncias de corrupção de senadeiros portadores de mandatos comprados.

A contabilidade criativa dos membros dos tribunais de faz-de-contas que faz vista grossa com pedaladas da execução orçamentária aprovadas pelos seus patrões no Congresso e práticas de criativas exportações de serviços por mega empreiteiras que só por acaso financiam campanhas eleitorais.

Tais são nossas doze quedas para o mais abissal fosso de nossa barroquista cultura política, onde os atores da alta magistratura nunca foram tão medíocres quantos os indicados pelos governos esquerdistas nas últimas décadas. O que nos tomará uma geração para substituí-los por ministros efetivamente ilibados e de notório saber jurídico.

Por isso a narrativa romanceada de Curupira, pronta para ser lançada também em língua inglesa, como Kurupira, para que o mundo saiba do que está realmente ocorrendo nesta sua periferia.

Não obstante grande parte dos países ocidentais também estejam a padecer da mesma pandemia do supervírus resiliente do barroquismo mental, quem sabe esta original interpretação do Brasil não acabe por ser útil também para a apreensão da realidade de outros países e culturas ditas mais civilizadas.

Porque o chiaroscuro barroco, como as espirais e volutas do côncavo-convexo, não nega a premissa de discernimento do preto e branco, da noite e dia ou do quente e frio. Uma vez que terceira via política, terceiro sexo ou terceira margem do rio, como o raro momento entre a alvorada e o pleno dia ou entre o crepúsculo e a plena noite, não são a regra celebrada pelo Barroco, mas a exceção que confirma a regra, uma vez que não seria sequer percebido o fenômeno sem as premissas conceituais que nos permite discernir a verdade, não apenas da mentira, mas sobretudo da meia-verdade.

Jorge Maranhão é mestre em filosofia pela UFRJ, dirige o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão e autor de “Destorcer o Brasil. De sua cultura de torções, contorções e distorções barroquistas”. Acaba de lançar “Curupira, o enganador do mundo e os doze dragões da maldade”.
Email: jorge@avozdocidadao.com.br

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Curupira na Travessa do Leblon em 19/5 https://www.avozdocidadao.com.br/curupira-na-travessa-do-leblon-em-19-5/ https://www.avozdocidadao.com.br/curupira-na-travessa-do-leblon-em-19-5/#respond Tue, 19 Apr 2022 16:42:51 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39974 Confirmado para dia 19 de maio o lançamento da edição portuguesa do “Curupira”, na livraria da Travessa do Shopping Leblon, no Rio, a partir das 19h, onde daremos sequência ao tema da resiliência barroquista da cultura brasileira. O que explica o contexto das eleições que vão determinar o destino do país nos próximos anos!

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Novos vídeos sobre nossa cultura barroquista https://www.avozdocidadao.com.br/novos-videos-sobre-nossa-cultura-barroquista/ https://www.avozdocidadao.com.br/novos-videos-sobre-nossa-cultura-barroquista/#respond Tue, 15 Feb 2022 16:40:54 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39966 Acesse nosso canal do YouTube, se inscreva e marque no sino para receber as notificações. https://www.youtube.com/jorgemaranhao

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Artigo do DCSP: “Um consenso para o Brasil 2022”, de Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-dcsp-um-consenso-para-o-brasil-2022-de-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-dcsp-um-consenso-para-o-brasil-2022-de-jorge-maranhao/#respond Thu, 14 Oct 2021 11:40:31 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39958


O que começávamos a construir de autoestima nacional no final do império se perdeu com o positivismo démodé da república



Em 2022, por conta do bicentenário da nossa independência política mas também de nossa dependência cultural barroquista, temos a oportunidade única de superar nossa encruzilhada civilizatória. Ou seguimos o rumo iluminista da direita, recentemente iniciado, em sua missão de temperar a paixão esquerdista, ou permanecemos no já conhecido caminho dos soi-disant “progressistas”, da soberba e da enganação geral, que já vivemos desde os idos coloniais até as últimas décadas de governos socialistas e socialdemocratas.

Sincronicamente, a humanidade tem sido dividida entre a razão lógica dos economistas posta em voga nos últimos dois séculos e a persuasão retórica dos políticos que nos enganam desde há dois milênios. E, assim como diacronicamente o mundo é dividido entre períodos clássicos iluministas e períodos retóricos de sofistas, o Brasil, que não viveu o iluminismo inaugural da Renascença, tem estado imerso nos labirintos barroquistas desde há quatro séculos.

E porque, desta feita, a tese de meu livro “Destorcer o Brasil” lançada em 2018, de que vivemos no Brasil uma transmutação da resiliente cultura barroquista sobre nossa incipiente experiência iluminista, deve ser retomada em 2022, desta feita sob o gênero mais abrangente da ficção, dirigida para fora do país e veiculada em inglês?

Porque, no ano de nosso bicentenário de independência política, mas de forma alguma de independência cultural, precisamos parar para refletir nossos verdadeiros progressos e nossos persistentes impasses civilizatórios, pautas obrigatórias da mídia internacional, sempre sedenta do original, ainda mais vindo dos trópicos. Quando original se refere não apenas ao extraordinário como também ao que é de origem. Porque marcamos passo numa economia que não passa de um quinto da economia de nossos contemporâneos Estados Unidos, nas últimas décadas, quando já fomos uma economia maior do que a norte-americana na fase imperial? O que nos trava, bloqueia e inibe o recurso do consenso da tradição política de verdadeiras elites?

Participo de vários grupos de discussão de notáveis cidadãos em suas áreas de atuação profissional, mas quando se trata de sua capacidade de estabelecer um mínimo consenso, a coisa degringola em discordâncias ornamentais infindas e querelas sebastianas. Com quatro séculos de hegemonia barroquista sabemos como nenhum outro povo como trocar a lógica de apreensão da realidade pelos golpes sentimentais da retórica barroca. Torcer, retorcer, contorcer e distorcer o real pelo imaginário, a verdade pelo sofisma, a democracia concreta como criação de um povo pela demagogia do governo global imaginário dos organismos multilaterais, identidade nacional por estatuto multicultural, identidade de sexo por identidade de gênero, defesa da vida por condições de vida, justiça por processo e ativismo social, cidadania por vilania, e, sobretudo, cultura por entretenimento.

Retóricas não apenas genuinamente brasileiras como de vários países do ocidente, alguns deles até mesmo insuspeitos pela suas ditas tradições iluministas.

Como nossas elites têm se comportado na república com complexo de vira-lata, como dizia o saudoso Nelson Rodrigues, o que começávamos a construir de autoestima nacional no final do império se perdeu com o positivismo démodé da república. Mas temos como resgatar uma urgente coragem cívica exatamente agora em que o debate público tem sido o mais franco de nossa história. Quando, enfim, podemos cotejar os argumentos conservadores e liberais contra os socialistas e socialdemocratas de que temos sido intoxicados e experimentado nas últimas décadas. Uma oportunidade que não podemos perder.

E me perguntam o que fazer de concreto. Enquanto não juntarmos uma verdadeira elite que condicione apoio, influência e votos a políticos à adesão de uma agenda mínima de reformas institucionais, não mudaremos a hegemonia de uma resiliente mentalidade barroquista sobre nossa incipiente experiência iluminista. Listo aqui dez pontos que podem ser outros desde que haja um mínimo de consenso.

  1. Como por exemplo o consenso sobre a lei de incentivo à cultura que tem sido torcida e distorcida para a concessão de benefícios a artistas do showbiz. Cultura no sentido de alta cultura, de preservação de patrimônio material e imaterial da tradição nacional que não pode ser confundida com mero entretenimento ou artes & espetáculos. Há ou não há um consenso sobre uma mais fina triagem sobre este desvario barroco-esquerdista de compra de consciências de artistas de aluguel por políticos demagogos?
  2. Como por exemplo o consenso sobre o peso paquidérmico da máquina estatal que o corporativismo sindicalista da burocracia pública só fez inchar nas últimas décadas de governos esquerdistas, estendendo o conceito de carreiras típicas de estado, originariamente as forças armadas, a magistratura, promotoria, carreiras da segurança e funcões de controle, fiscalização e gestão, para carreiras típicas liberais como médicos, professores, engenheiros e advogados. Há ou não há consenso sobre a irracionalidade da metonímica retórica barroquista de troca do essencial pelo acessório?
  3. Como por exemplo o consenso de que nossos mandatários fazem o que querem depois de eleitos sem prestar a mínima satisfação a nós, seus mandantes eleitores. Há ou não há consenso sobre a necessidade de limitar poderes, com ampla reforma político-eleitoral, como medidas de adoção de voto livre, voto distrital, cláusula de barreira, revogação de mandatos (recall), entre outras.E efetivá-los sob o mando da cidadania em sua troca barroquista pela distribuição de bolsas disso e daquilo para a narco-dependente vilania brasileira?
  1. Há ou não há consenso sobre a reforma do judiciário brasileiro que torce e distorce a autoridade do mando da lei e troca prerrogativas funcionais por privilegiaturas descabidas, ou o fim da justiça pela exegese teratológica, pelo meio do processo e da chicana garantista, da própria eficácia da lei pelo abuso da lei?
  2. Há ou não há consenso sobre a reforma educacional brasileira que torce e distorce as prioridades de trocar a maior parte do investimento público em educação de base, no ensino fundamental e técnico-profissionalizante, pelo abuso corporativista de mais de 300 universidades públicas, antro de um professorado esquerdista que, em sua grande maioria, prega doutrinação ideológica e revoluções de costumes?
  3. Há ou não há consenso sobre o enviesamento esquerdista da grande parte da mídia de massa, que trocou a imparcialidade da informação, o dever da comunicação pública isenta, como contrapartida essencial da própria concessão pública, pelo ativismo político de um jornalismo militante?
  4. Há ou não consenso sobre o excesso de intervencionismo da política econômica, sob o disfarce de batalhões de agentes reguladores, controladores de qualidade e fiscalizadores de tributos e posturas, sobretudo nas costas dos micro e pequenos empreendedores que simplesmente os exterminam ou limitam em demasia sua capacidade de crescimento e geração de riqueza e empregos?
  5. Há ou não há consenso sobre a troca de políticas efetivas de proteção do meio ambiente, em parceria com nossos agentes econômicos de produtores rurais, artesanais e população indígena, por ações de ativismo ideológico e de caráter deletério com destruição proposital de florestas e extração ilegal de minérios, por interesses mercantis estrangeiros?
  6. Há ou não há consenso sobre políticas nacionais de prevenção primária à saúde pública, sobretudo de ordem sanitária, que deveriam ser objeto de maior parte do orçamento da área, do que a de tratamentos onerosos por força de ações judiciais promovidas por agentes privados de má-fé e por desvios ideológicos de promotores, advogados e juízes contra o interesse público mais abrangente dos cidadãos?
  7. Há ou não há consenso, enfim, de que a infiltração ideológica de modernosas concepções anti-penalistas no meio jurídico nacional vem favorecendo enormemente uma das maiores chagas da doença cultural brasileira, a certeza da impunidade generalizada, sobretudo dos crimes de colarinho branco, e a de que a reincidente prática delituosa compensa o risco dos tortuosos processos judiciais?

Estes são dez pontos que julgo haver um grande consenso nacional por parte de uma verdadeira elite que se proponha a detalhá-los visando uma carta-compromisso por parte de todos os cargos da disputa eleitoral de 2022. Para que realmente venhamos a superar nossa cultura barroquista de transbordamento retórico, para uma cultura de razoabilidade e bom senso iluminista, de deputados estaduais e federais, senadores, governadores e presidente desta, até agora, barroquista, boquirrota e farsante república.

Mestre em filosofia pela UFRJ, dirige o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão e autor de “Destorcer o Brasil. De sua cultura de torções, contorções e distorções barroquistas”. Email: jorge@avozdocidadao.com.br




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Do DCSP: “Independência, intervenção e perplexidade”, por Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/do-dcsp-independencia-intervencao-e-perplexidade-por-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/do-dcsp-independencia-intervencao-e-perplexidade-por-jorge-maranhao/#respond Tue, 07 Sep 2021 11:54:09 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39939

O que se cogita seria a intervenção pontual para a destituição de alguns membros do Supremo que flagrantemente afrontam a dignidade da cidadania brasileira


  Por Jorge Maranhão06 de Setembro de 2021 às 16:40

  | Mestre em filosofia pela UFRJ, dirige o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão e autor de “Destorcer o Brasil. De sua cultura de torções, contorções e distorções barroquistas”. Email: jorge@avozdocidadao.com.br


As redes sociais têm clamado pela adoção do Artigo 142 da Constituição como se estivéssemos repetindo a intervenção militar de 64, quando a situação é totalmente diferente. Senão por inúmeras razões, pela essencial diferença entre o objeto da intervenção.

Em 64 tratou-se de uma intervenção no poder executivo visando a destituição do chefe de governo cuja vacância já havia sido declarada pelo próprio Congresso. Hoje, o que se cogita seria a intervenção pontual para a destituição de alguns membros do Supremo que flagrantemente afrontam a dignidade da cidadania brasileira e rasgam a Constituição que juraram defender. Destituição que caberia ao Senado, não fosse sua deliberada omissão por interesses os mais escusos.

Não reconhecer esta substancial diferença é erro de discernimento, discussão inútil, deblateração desrazoada, aspectos centrais de nossa cultura barroquista de enganação geral.

Como ocorre hoje em dia entre alguns juízes e eminentes cidadãos da área jurídica. Uma vez que não cabe a um verdadeiro juiz justificar seus juízos em face do debate político, mas simplesmente julgar. E nos autos! Não pode pretender julgar, por exemplo, entre o que considera forte e o fraco, seus credos ou posições políticas, mas apenas e exclusivamente julgar a conduta de um e de outro. E quando provocado, jamais de ofício.

Quando a maioria dos cidadãos se insurge contra sua Alta Corte, alguma coisa de muito errada deve estar ocorrendo com ela. Como por exemplo a sua intervenção descabida no processo político, exclusivo dos cidadãos eleitos e eleitores. É contra esta ilegítima intervenção da tirania judiciária que se justifica a intervenção soberana da cidadania.

Que tal pensar em sua atual composição, formada nas duas últimas décadas por governos esquerdistas que patrocinaram o maior escândalo de corrupção do planeta? Dos dez sinistros atuais do supremo, nove são da carreira da advocacia. O único juiz de carreira é oriundo da área do direito processual. Não penal ou constitucional que são a substância mesma do direito, pois os demais são direitos acessórios, não essenciais.

E aqui retorno à questão inicial de nossa dificuldade atávica com o discernimento entre essência e aparência, atributo inequívoco da prática política, jurídica e moral.

É indigno aceitar passivamente que um juiz possa fazer o que vier na sua cachola, mesmo que vivamos imersos na resiliente cultura barroquista onde prevalecem as falácias retóricas das hipérboles, paradoxos, ironias e metonímias! O que foi no passado um estilo de linguagem, o barroco das artes e das letras, hoje é pensamento e conduta! Não há como extirpar tamanho mal sem o direito à rebelião consagrado por John Locke desde o século XVII! Substância conceitual de que é feita a própria Constituição americana e a prática política, sobretudo do recall, não apenas de governantes e legisladores, mas também de juízes.

Recall como legítima intervenção da soberania dos cidadãos sobre tutela tirânica de governantes e juízes. Daí a urgência de destituir alguns membros do STF que estão aviltando o Artigo 5º da CF. Pois chegaram lá por vias políticas, sem o indispensável mérito, advogados públicos e privados, de instituições, corporações, partidos políticos, sindicatos e entidades de classe, como Gilmar, Toffoli, Fachin, Weber, Moraes, Lewandowski, Carmem Lúcia, Barroso, nenhum deles juízes de carreira. Senão, vejam-se os resultados de pesquisa recente sobre sua aprovação.

Pois vamos a cada qual e suas mais insensatas decisões:

  1. Toffoli: advogado privado e da carreira do magistério, soltou Zé Dirceu prestando serviço a quem o nomeou, quando deveria se abster;
  2. Gilmar: da carreira de advocacia pública, do magistério e empresário de educação privada, advoga o garantismo soltando bandidos e corruptos;
  3. Lewandowski: formação originária em ciência política, da carreira do magistério, manteve os direitos políticos de Dilma em teratológica decisão, também prestando serviço a quem o nomeou;
  4. Fachin: da carreira de advocacia privada, advogado de sindicatos e de Orcrim, soltou Lula, trocando a essência da justiça pelo ornamento do processo, prestando também serviço ao partido que o indicou;
  5. Barroso: da carreira de advocacia privada, notório militante das causas identitárias do esquerdismo, chega ao absurdo de despachar com partidos de oposição ao governo, prestando igualmente serviço ao partido que o indicou;
  6. Carmen Lúcia: da carreira do ministério público e do magistério, presta serviço a quem a indicou, votando pela prisão por crime de opinião, quando já declarou que “o cala a boca já morreu”;
  7. Weber: juíza de trabalho que não é magistratura essencial, advoga a causa trabalhista de partidos de esquerda;
  8. Fux: da carreira originária do ministério público, virou juiz de processo, trocando a causa essencial da justiça por expediente acessório do processo, sobretudo de censura à opinião pública;
  9. Morais: advogado de Orcrim, mero sheriff do “poder judiciário”, sem qualquer discernimento entre poder e abuso de poder;
  10. Nunes Marques: da carreira da advocacia privada, muito cedo para ser julgado, tem ainda o benefício da dúvida.

Daí, minha crescente perplexidade pela quase ausência de efetivos juízes de carreira na atual composição da Corte, além de que:

  1. Não há notícia na interpretação da história do Brasil do transbordamento barroquista em quase todos os campos da cultura brasileira. Só o inocente encantamento barroco das artes e das letras;
  2. Mas o silêncio dos maiores intérpretes do Brasil é significativo: Oliveira Viana, Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freire, Joaquim Nabuco, J. O. de Meira Pena, Euclides da Cunha, Mario de Andrade, Viana Moog, Raimundo Faoro, Darcy Ribeiro etc não há quem tenha se dedicado a aprofundar o tema e considerar suas consequências na pobreza de nossa vida política, judicial, social e moral;
  3. E o que caracteriza o barroquismo se não a profusão das figuras retóricas, sobretudo hipérboles, paradoxos, ironias e metonímias, não apenas no ver torcido, mas no relatar retorcido, no sentir contorcido e no pensar distorcido?;
  4. O jogo de imagens da Renascença italiana (o símbolo da voluta) se desdobra em jogos de palavras (trocadilhos, jeux des mots), que se desdobram em mais jogos de imagens (rocailles, trompe l’oeil), que se desdobram, por fim, em jogos de ideias da farsa ibérica, no cultismo de Góngora e no conceptualismo de Quevedo e Gil Vicente, Pe. Antonio Vieira e Gregório de Matos, em Portugal e Brasil;
  5. O que é excelente nas artes e letras é um desastre/impasse civilizatório se levado à conduta moral (pelo jeitinho), à política (pelo conchavo) e à justiça (pelo garantismo, processualismo, quiproquó e chicana). Vide o desmonte da Lava-jato, da condenação em segunda instância, da redução do foro privilegiado e a desonestidade da confusão criada entre voto impresso e contagem pública de votos;
  6. Os países mais desenvolvidos são aqueles em que predominou o iluminismo/razoabilidade sobre o barroquismo/desrazão na gestão da coisa pública;
  7. A Inquisição ibérica da queima de livros e gentes, do disfarce dos mouriscos e cristãos novos, está presente na censura descarada e no terror imposto aos cidadãos pelos poderosos, e que se repete em essência no Brasil de hoje;
  8. Vide as torções, retorções, contorções e distorções do Supremo: solta bandidos e prende cidadãos, acaba com a Lava-Jato quando ela perigou se desdobrar em Lava-Toga, legisla ao invés de julgar, faz política quando aceita julgar recursos de partidos políticos de oposição, advoga quando deveria simplesmente julgar ou se abster.
  9. Só um poder hoje pode evitar este impasse: a soberania popular dos cidadãos, afirmada pela alta credibilidade das FFAA diante do desprezo e repulsa por alguns membros do Supremo e do Senado;
  10. A intervenção, porém, não será desta vez para governar ou exercer o poder. Mas para ser pontual como a cirurgia de um tumor. Este tumor que está localizado sobretudo na maioria dos sinistros nomeados para a Alta Corte para servir à esquerda!
  11. Não para servir e defender o Brasil ou sua Constituição como a maioria dos cidadãos reclamam, mas para traí-la, motivo mais do que suficiente para a intervenção no conluio espúrio da banda podre do Senado e do Supremo;
  12. É uma ilusão barroquista a hipótese da terceira via à polarização política do cenário brasileiro porque não pode aparecer o que não existe. Só no imaginário do jeitinho, onde se afirma o pardo ora como preto, ora como branco, dependendo do interesse de ocasião dos enganadores;
  13. O barroquismo está resiliente no esquerdismo contumaz do brasileiro, seja na versão carnívora ou na vegana. Parodiando Karl Marx que nunca provou a existência da luta de classes: pior do que o esquerdismo como doença infantil do comunismo é o barroquismo como doença senil do esquerdismo;
  14. A troca metonímica da luta de classe operária pela luta identitária de minorias de militância de gênero, abortistas e de pura bandidagem, da hipérbole globalista do ambientalismo contra o direito à vida dos povos indígenas; da destruição das identidades nacionais pelo metacapitalismo, da corrupção dos valores da tradição judaico-cristã do Ocidente: vida, liberdade, propriedade e justiça;
  15. Na mais diabólica figura da metonímia barroquista: trocar o todo pela parte e vice-versa, mas também o essencial pelo acessório, o mote pela glosa, o verso pelo anverso, a substantivo pelo adjetivo, o quadro pela moldura, a figura pelo ornamento, a causa pelo efeito, a justiça pelo processo, a política pelo poder, a lei pelo privilégio, a história pela farsa, o objeto pela função etc.

Em suma: insistir em comparar o tosco Bolsonaro, equívoco de forma e estilo, com o pérfido Luladrão, equívoco de conteúdo e de caráter!

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