Pois o paradoxo é a espiral mais ornamentada de nossa resiliência barroquista. O paradoxo é nosso caráter civilizatório! O entrave maior no nosso processo civilizatório. Ou a figura diabólica da construção em abismo, onde algo deixa de ser o que é de tanto se retorcer no seu sentido oposto. Quando se constrói algo no espaço da impossibilidade da construção. Ou a voluta de nos fazer percorrer o caminho de volta do próprio percurso indefinidamente. O percalço que nos condena a não avançar. Quando o remédio é tanto que agrava a doença ao invés de combatê-la. Quando a hipérbole ou a obsessão pelo ornamento nos leva a perder o assunto. Quando o mal se volta contra o feiticeiro. Pois, quem vai julgar o abuso do juiz? Quem vai denunciar o abuso do promotor? Pois, ao arbítrio do réu, o juiz que deveria julgá-lo acaba sendo julgado. Outra vez, uma lei abusiva contra o abuso da lei. Quando já se disse que todos os abusos já existem no código penal atual e que quaisquer eventuais novas formas de abusos são sanáveis com o simples exercício do direito de recurso. Quando na verdade se trata apenas de tentar burlar a lei penal para que não se aplique a pena. Para que a punição seja impune. O castigo não castigue. O juiz não julgue. E todos tenhamos a certeza de que a justiça jamais se cumpra! Nossa sina barroquista de avançar um passo a frente seguido de dois atrás! Nos afastando cada vez mais da prudência, do bom senso e da boa medida.
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]]>Definitivamente, não dá para se discutir a complexa pauta do aborto sem o entendimento prévio da natureza humana e a falácia argumentativa que desloca sua responsabilidade moral para o abstrato poder público!
No momento em que se completa um ano da audiência pública do Supremo sobre a questão e o Congresso Nacional não enfrenta o tema, vale a reflexão como contraponto à mídia hegemonicamente abortista.
]]>A propósito veja a manifestação de um de nossos maiores editores.
Cartas de amor aos livros
Por Luiz Schwarcz
O livro no Brasil vive seus dias mais difíceis. Nas últimas semanas, as duas principais cadeias de lojas do país entraram em recuperação judicial, deixando um passivo enorme de pagamentos em suspenso. Mesmo com medidas sérias de gestão, elas podem ter dificuldades consideráveis de solução a médio prazo. O efeito cascata dessa crise é ainda incalculável, mas já assustador. O que acontece por aqui vai na maré contrária do mundo. Ninguém mais precisa salvar os livros de seu apocalipse, como se pensava em passado recente. O livro é a única mídia que resistiu globalmente a um processo de disrupção grave. Mas no Brasil de hoje a história é outra. Muitas cidades brasileiras ficarão sem livrarias e as editoras terão dificuldades de escoar seus livros e de fazer frente a um significativo prejuízo acumulado.
As editoras já vêm diminuindo o número de livros lançados, deixando autores de venda mais lenta fora de seus planos imediatos, demitindo funcionários em todas as áreas. Com a recuperação judicial da Cultura e da Saraiva, dezenas de lojas foram fechadas, centenas de livreiros foram despedidos, e as editoras ficaram sem 40% ou mais dos seus recebimentos— gerando um rombo que oferece riscos graves para o mercado editorial no Brasil.
Na Companhia das Letras sentimos tudo isto na pele, já que as maiores editoras são, naturalmente, as grandes credoras das livrarias, e, nesse sentido, foram muito prejudicadas financeiramente. Mas temos como superar a crise: os sócios dessas editoras têm capacidade financeira pessoal de investir em suas empresas, e muitos de nós não só queremos salvar nossos empreendimentos como somos também idealistas e, mais que tudo, guardamos profundo senso de proteção para com nossos autores e leitores.
Passei por um dos piores momentos da minha vida pessoal e profissional quando, pela primeira vez em 32 anos, tive que demitir seis funcionários que faziam parte da Companhia há tempos e contribuíam com sua energia para o que construímos no nosso dia a dia. A editora que sempre foi capaz de entender as pessoas em sua diversidade, olhar para o melhor em cada um e apostar mais no sentimento de harmonia comum que na mensuração da produtividade individual, teve que medir de maneira diversa seus custos, ou simplesmente cortar despesas. Numa reunião para prestar esclarecimentos sobre aquele triste e inédito acontecimento, uma funcionária me perguntou se as demissões se limitariam àquelas seis. Com sinceridade e a voz embargada, disse que não tinha como garantir.
Sem querer julgar publicamente erros de terceiros, mas disposto a uma honesta autocrítica da categoria em geral, escrevo mais esta carta aberta para pedir que todos nós, editores, livreiros e autores, procuremos soluções criativas e idealistas neste momento. As redes de solidariedade que se formaram, de lado a lado, durante a campanha eleitoral talvez sejam um bom exemplo do que se pode fazer pelo livro hoje. Cartas, zaps, e-mails, posts nas mídias sociais e vídeos, feitos de coração aberto, nos quais a sinceridade prevaleça, buscando apoiar os parceiros do livro, com especial atenção a seus protagonistas mais frágeis, são mais que bem-vindos: são necessários. O que precisamos agora, entre outras coisas, é de cartas de amor aos livros.
Aos que, como eu, têm no afeto aos livros sua razão de viver, peço que espalhem mensagens; que espalhem o desejo de comprar livros neste final de ano, livros dos seus autores preferidos, de novos escritores que queiram descobrir, livros comprados em livrarias que sobrevivem heroicamente à crise, cumprindo com seus compromissos, e também nas livrarias que estão em dificuldades, mas que precisam de nossa ajuda para se reerguer. Divulguem livros com especialíssima atenção ao editor pequeno que precisa da venda imediata para continuar existindo, pensem no editor humanista que defende a diversidade, não só entre raças, gêneros, credos e ideais, mas também a diversidade entre os livros de ambição comercial discreta e os de ambição de venda mais ampla. Todos os tipos de livro precisam sobreviver. Pensem em como será nossa vida sem os livros minoritários, não só no número de exemplares, mas nas causas que defendem, tão importantes quanto os de larga divulgação. Pensem nos editores que, com poucos recursos, continuam neste ramo que exige tanto de nós e que podem não estar conosco em breve. Cada editora e livraria que fechar suas portas fechará múltiplas outras em nossa vida intelectual e afetiva.
Presentear com livros hoje representa não só a valorização de um instrumento fundamental da sociedade para lutar por um mundo mais justo como a sobrevivência de um pequeno editor ou o emprego de um bom funcionário em uma editora de porte maior; representa uma grande ajuda à continuidade de muitas livrarias e um pequeno ato de amor a quem tanto nos deu, desde cedo: o livro.
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O STF precisa votar se restringe ou não o escandaloso foro privilegiado — e nosso papel pode ser crucial nessa luta!
Se o Supremo votar contra esse privilégio anti-democrático, abriremos caminho para uma nova era de luta contra a corrupção, na qual mais de 37 mil políticos não vão conseguir mais escapar da ação da Justiça.
O senador Romero Jucá é um entre vários políticos que escaparam de um processo que prescreveu pela demora em ser analisado. Isso é um absurdo! Políticos querem manter essa blindagem judicial mas as vozes de milhares de pessoas agora podem fazer a diferença para dar apoio ao STF. E se mobilizarmos muitas assinaturas agora, podemos convencer os ministros a aprovarem logo o fim do foro privilegiado!
Adicione seu nome e compartilhe com todo mundo — quando chegarmos em 3 milhões de assinaturas entregaremos nossa petição diretamente à presidente do STF Ministra Carmen Lúcia e aos demais ministros:
Clique para participar: https://secure.avaaz.org/campaign/po/brasil_foro_privilegiado_loc/?cVMcWab