Brasil – Em tempos de pandemia e pandemônio, o luto que devemos enfrentar!
Nestes tempos de uma verdadeira guerra mundial contra a pandemia e particularmente contra o pandemônio de oportunismo político instalado no Brasil, não precisamos de inimigo, como alguém já disse. Neste tempo de mais uma aguda crise cultural de nosso país, o general vice-presidente disse quase tudo num artigo polêmico publicado na semana passada no Estadão, “Limites e responsabilidades”, no qual afirma que nenhum país do mundo tem causado mais mal a si mesmo do que o Brasil.
Não bastasse a luta no front da saúde pública, e seu efeito desastroso na economia por total irresponsabilidade política de nossos representantes, podemos enfrentar um impasse muito maior com uma possível crise institucional e de segurança pública.
Pois temos registros históricos eloquentes que, mesmo povos de alta cultura como a Alemanha, mergulharam em guerra insana e barbárie civilizatória pela tentação ideológica e o acirramento da luta política.
Pois neste momento de ameaça e apreensão geral é que conheci, por conta de minhas leituras sobre arte e política, uma peça surpreendente de Richard Strauss, Metamorphosen, composta em 1945 como expressão de luto pela destruição da civilização alemã na Segunda Grande Guerra, com o bombardeio do München Theater, onde o compositor havia começado a sua brilhante carreira. A propósito, vale acompanhar aqui o ensaio do pensador inglês Roger Scruton sobre o luto de nossas perdas e sua reflexão sobre o sentido da música de Schöenberg que pretendeu destruir a tradição da tonalidade musical e a obra moderna mas dentro da tonalidade de Richard Strauss.
Compartilho com vocês a beleza sublime da música de Strauss na esperança de que possamos nos redimir enquanto brasileiros desta grande perda de mais uma oportunidade de resgate de nosso endógeno atraso civilizatório. Ouçam e reflitam se não precisamos de redenção por mais esta oportunidade perdida pelo “nosso país eternamente do futuro”. E se não estamos a experimentar o mesmo luto que Strauss amargamente experimentou. Veja em https://youtu.be/MlpNB0WeQaQ