Artigo – Bravo Zulo. Nós quem, mesmo? por Gen. Gilberto Rodrigues Pimentel

 

“Nós vencemos a ditadura!”, disse um ministro do Superior Tribunal Federal em recente entrevista a um canal televisivo. De passagem, foi falado, também, dos Poderes da República, da normalidade constitucional em que vivemos e da democracia brasileira.

Entretanto, ficamos sem saber bem a que democracia se referem, não só o ministro, mas igualmente, quase sem exceção, toda a elite hoje no Poder. Se é da democracia que desfrutam, a do mundo particular e dourado em que eles vivem, coisa quase de autistas, ou se de uma outra, ainda, muito distante de atender minimamente o cidadão comum.

Sim, porque a que eles vivem é perfeita!

A Justiça e magistrados têm independência plena para emitir suas sentenças, como tanto valorizam. Por outro lado, processos e mais processos, envolvendo graves crimes e criminosos, se acumulam durante anos e anos nas gavetas de muitos deles, sem que haja explicação convincente. A despeito disso, gozam de privilégios funcionais e pessoais injustificáveis, muito, mas muito mesmo, além do que lhes poderia oferecer um país carente do fundamental em quase todos os setores da atividade econômica e social.

Políticos, da mesma forma, legislando em causa própria, usufruem não só dos mesmos privilégios escorchantes do Judiciário, como também de uma vergonhosa imunidade parlamentar que lhes assegura quase que total impunidade para a prática de todo o tipo de crime, inclusive os comuns. Aí está a causa primeira de há anos predominar no País a corrupção e o assalto aos cofres públicos, determinante para a miséria econômica em que nos encontramos.

Pior, por inércia do Judiciário, corremos o risco de ver perdido o trabalho saneador realizado pela Operação Lava Jato, que já foi para nós uma esperança bem mais concreta de limpeza, sobretudo, na atividade pública.

Estamos muito longe de viver numa democracia, ao menos daquela que imaginam esses senhores. É uma falácia pensar que o simples funcionamento dos Poderes da República garanta isso como gostam de apregoar. Os Poderes precisam funcionar, sim, mas corretamente e tendo à frente homens desprendidos, honestos, dispostos a prestar serviços e não a servirem a si próprios.

Uma democracia que não oferece oportunidades iguais a todos os cidadãos para que desenvolvam suas habilidades e aptidões não tem o direito de ser assim denominada. A todos têm que ser garantidas as condições de, com seu trabalho, usufruir, ao menos, dos direitos básicos da cidadania: saúde, educação, emprego e segurança. O Brasil está a anos-luz desta condição. É só ir às ruas, senhores!

E mais, é pura bravata bradar aos quatro ventos que “nós derrotamos a ditadura”. Até porque não houve ditadura alguma no Brasil. O que houve foi um regime liderado por militares que, no momento certo, livrou nosso País de tornar-se um satélite do comunismo internacional. Regime que devolveu o poder aos civis por vontade própria quando julgou terminada a tarefa de salvação.

Ditadura temos aqui ao lado, bem na nossa fronteira Norte, com suas consequências, agora escancaradas a todo o mundo, com seus muitos milhares de refugiados, invadindo nosso território e o de outros países limítrofes para se protegerem das garras do comunismo.

É por isso mesmo, por serem os tiranos venezuelanos adeptos da foice e do martelo, que boa parte dos seguidores e simpatizantes brasileiros, “sobreviventes” da nossa “ditadura”, há anos no poder, ignoraram todos os alertas recebidos sobre o perigo que morava ao lado e, ainda hoje, relutam em condenar o totalitarismo chavista que chamam de “democracia do povo”.

Esqueçam, jamais aceitaremos.

27 de Fevereiro de 2018

Nota:

NÓS QUEM MESMO? Pelo Gen da reserva Luiz Sérgio Silveira Costa:

Acima, brilhante e irretocável libelo do Gen. Pimentel, Presidente do Clube Militar, duro, como deve ser, mas elegante, firme, sem fulanizar, mas sem deixar, de modo claro e direto, de denunciar os personagens desta lamentável e atual situação política, econômica, fiscal, moral e de defesa pública do Brasil.

Permita-me, general, mas eu acrescentaria, ao final:

“Nós vencemos uma”ditadura” militar, mas, em troca, estamos, agora, em real ditadura, a dos poderosos, das elites, encasteladas nos Poderes, a dos políticos, no Executivo e Legislativo, e dos magistrados, no Judiciário, plenas de corrupção –especialmente pelos políticos- e de privilégios, de ambições financeiras –ilegítimas- e de claro objetivo de perpetuação e vergonhoso impatriotismo, absurdamente desligado dos interesses nacionais”

 

Por oportuno, aqui vai parte da Conclusão do Livro “Assédio Moral, a violência perversa no cotidiano”, de Marie-France Hirigoyen, da Ed. Bertrand Brasil, escrita por uma pesquisadora, psiquiatra e psicanalista francesa, cuja conclusão é o retrato do Brasil, o qual V.Exa tão bem descreveu:

 

“A imaginação humana é ilimitada quando se trata de matar no outro a boa imagem que ele tem de si mesmo; mascaram-se, assim, as próprias fraquezas e pode-se assumir uma posição de superioridade. É a sociedade inteira que está em causa quando se trata de uma questão de poder. Em todos os tempos houve seres desprovidos de escrúpulos, calculadores, manipuladores, para os quais, os fins justificam os meios (aqui, meto a minha colher, é a clara definição do Lula!), mas a multiplicação atual dos atos de perversidade nas famílias e nas empresas é um indicador do individualismo que domina em nossa sociedade (outra colherada: esse individualismo é também coletivista, nos sindicatos e associações de classe, especialmente a OAB e as de juízes, e o corporativismo do Congresso, que só agora, pela grita geral, estão começando a punir os seus).

Em um sistema que funciona na base da lei do mais forte (no caso, a elite e os poderosos nos Poderes – o próprio nome já indica), do mais astucioso, os perversos (e impatriotas) são reis. Quando o sucesso é o valor principal, a honestidade parece fraqueza e a perversidade assume um ar de desenvoltura.

A pretexto de tolerância, as sociedades ocidentais renunciaram pouco a pouco a suas próprias interdições. Mas, aceitando demasiado, como fizeram as vítimas de perversos narcisistas, elas deixam desenvolverem-se, em seu seio, funcionamentos perversos. Inúmeros dirigentes ou homens políticos, apesar de estarem na posição de modelos para os mais jovens, não se embaraçam com a moral para liquidar um rival ou manter-se no poder. Alguns abusam de suas prerrogativas, usam de pressões psicológicas (Geddel e seu apê em construção na Bahia), de razões de Estado ou do “direito de sigilo”  para proteger a sua vida privada (ótimo termo, diz bem o que é a vida deles é…). outros enriquecem graças a uma astuciosa delinquência, feita de usos e abusos e bens sociais, fraudes e sonegação fiscal (Renan). A corrupção tornou-se moeda corrente. Por ora, basta um ou vários indivíduos perversos em um grupo ou uma empresa ou no governo para que todo o sistema se torne perverso (Cabral). Se essa perversão não é denunciada, ela se espalha de forma subterrânea pela intimidação, pelo medo pela manipulação (Petrobras). Na realidade, para atar psicologicamente alguém, basta arrastá-lo a mentiras ou a compromissos que o tornem cúmplice do processo perverso (o petismo). É a própria base do funcionamento da máfia e dos regimes totalitários. Seja nas famílias, nas empresas ou nos estados, os perversos narcisistas arranjam as coisas de modo a creditar a outros o desastre que eles provocam (Lula, Dilma, e seus seguidores), a fim de posarem de salvadores e assumirem o poder. Depois, basta não se deixar embaraçar por escrúpulos para aí se manterem.

A história nos mostra muitos desses homens que se recusam a reconhecer seus erros, que não assumem suas responsabilidades, que manejam a falsificação e manipulam a realidade a fim de apagar os traços de suas más ações (não há melhor descrição de Lula do que este parágrafo!!!)

O Gen Pimentel é Presidente do Clube Militar e o Gen Luiz Sérgio Silva e general da reserva. 

                                                                                 Rio de Janeiro, 28 de fevereiro de 2018

 

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