Artigo – A grande diferença, por Nivaldo Cordeiro

A GRANDE DIFERENÇA

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18/11/2018

Alguns analistas estão tentando compreender o governo do presidente eleito Jair Bolsonaro como antípoda do PT e das esquerdas em geral, exagerando ao procurar semelhanças com sinal trocado. Estão errados. Os candidatos do PT, do PSDB, PSB e assemelhados chegaram ao poder no passado como resultado de um projeto que, simplifico ao chamar de revolução gramsciana, acumulou forças durante décadas tomando os aparelhos de Estado e lá pondo seus militantes. A cada eleição ampliavam seu poderio. Começaram pela imprensa, pela universidade, o sistema escolar, o sistema de saúde e finalmente chegaram ao centro de poder com a eleição de FHC, de onde nunca mais saíram. Sairão agora com Jair Bolsonaro.

O candidato do PSL, ao contrário, não foi resultado de qualquer planejamento ou conspiração e de nenhum projeto. Foi um movimento espontâneo do eleitor que se aproveitou da única arma de que dispunha – o voto – para mudar tudo isso que está aí. Foi uma reação imprevisível e fulminante, pois de outra forma não pegaria os partidos de esquerda tão desprevenidos. Estavam confiantes de que sua fórmula de manter o poder iria funcionar ainda uma vez. Vimos a arrogância de Lula na prisão comandando sua tropa, certo de que derrotaria facilmente Jair Bolsonaro. Vimos Alckmin, no alto de seus minutos de TV, esperando o horário eleitoral para angariar os votos conservadores, que considerava como seus, embora cultivasse sempre o discurso esquerdista. Alckmin terá sido talvez o maior fracasso eleitoral que tivemos conhecimento. De um golpe vimos fracassar a estratégia das tesouras, que vinha funcionando bem desde os anos noventa. Uma derrota memorável.

A derrocada se deu por muitos fatores. Do lado do PT tivemos a sucessão de escândalos como mensalão e petrolão, a publicidade em torno da operação Lava Jato, a prisão de Lula e muitos outros companheiros petistas. O desgaste desacreditou o PT principalmente das parcelas educadas e informadas da população. Do lado do PSDB também tivemos o reflexo dos escândalos. Ambos os partidos, todavia, tiveram a perda desastrosa da hegemonia que tinham da imprensa, com o advento das redes sociais. Os formadores de opinião esquerdistas perderam eficácia. Tanto a TV como a imprensa escrita foram desacreditados aos olhos do eleitor, que passou a se informar por meio de fontes confiáveis da internet, mais das vezes desmentido o jornal do dia. A fórmula esquerdista de chegar ao poder desabou com o fracasso da estratégia das tesouras.

De repente formou-se uma maioria contra as esquerdas, que tinham feito uma reforma política para dar a si próprias recursos milionários de Tesouro para custear as eleições (o critério de partição beneficiava quem estava no poder), proibindo financiamento privado,  e o máximo tempo de televisão. Não adiantou a esperteza. As redes sociais anularam tudo isso e Jair Bolsonaro, sem partido, sem recursos e desacreditado pelos meios de comunicação esquerdizados passou como um trator por sobre os adversários. O processo foi tão rápido que não foi possível reação. O atentado sofrido, fracassado, pelo candidato apenas selou o destino eleitoral. O decisivo, todavia, foi todo o processo e não apenas o atentado em si, que apenas comprovou ao eleitor conservador como o sistema instalado de poder era hostil aos conservadores.

Até agora os meios de comunicação não sabem como tratar Bolsonaro, o eleito. Continuam no discurso de oposição a ele como se a eleição não tivesse acabado. Uma imprensa que depende fortemente de verbas governamentais ainda não percebeu que um novo patrão se instalou e batem nele como se ele não fosse relevante e ainda pudesse ser derrotado.

E teve o fator religião. Os cristãos e outras denominações que adotam a ética cristã passaram a militar abertamente contra os candidatos de esquerda, que estavam implantando a revolução da Escola de Frankfurt sem nenhum pudor, em clara afronta aos valores coletivos consolidados. Agendas como gaysismo, abortismo, feminismo e coisas do tipo estavam sendo implantadas a toque de caixa no Executivo e no Judiciário e, a duras penas, eram seguradas no Legislativo. A população religiosa percebeu os perigos, queriam inverter a moral coletiva. E aqui está a fonte da derrota: os esquerdistas se julgaram tão fortes que acharam que poderiam levar avante essas reformas, ignorando o sentimento coletivo da população. Aceleram o passo, alertando os conservadores da violência a que estavam submetidos. Isso se juntou aos escândalos de corrupção e o fator redes sociais, que neutralizam as mentiras da mídia politicamente correta. A vitória da direita foi escrita assim

Foi tão fulminante que não deu tempo nem de reagir. A esquerda foi derrotada sem um mugido. Ficou todo mundo perplexo diante do acontecido inesperado. Aí todos os grupos conservadores minoritários descobriram sua força de maioria, das Forças Armadas às igrejas. A vitória, podemos dizer, foi o reencontro da Nação com seu governante. Bolsonaro chega ao poder como portador de grande legitimidade. As estatísticas dos gastos eleitorais mostram que sua campanha custou nada diante da do PT e do PSDB.

Alguém poderia arguir que o grande desemprego vigente poderia ser outra causa. Entendo que não. A chaga do desemprego flagela mais fortemente os mais pobres, que não têm meios intelectuais para ligar seu drama pessoal aos desacertos da política governamental. Não identificam facilmente o opressor depois da lavagem esquerdista secular, atribuindo os males ao “capitalismo” e acreditando na mensagem mentirosa dos esquerdistas, que diziam que estavam combatendo o mal enquanto eram governantes. As classes médias perceberam que a fonte do desacerto era o governo e não o “capitalismo” e pularam rapidinho para a candidatura Bolsonaro. Os mais pobres aderiram depois desses formadores de opinião, basicamente porque também perceberam o absurdo da nova moral imposta pelos esquerdistas. Definitivamente, não é a economia o que moveu os eleitores, mas os valores morais.

Os primeiros nomes que formarão o novo governo anunciados deixou o establishment esquerdista da mídia perplexo, especialmente o ministro do Exterior. Essa gente achava que seus preconceitos eram o conhecimento estabelecido e esperavam mais do mesmo. Enganaram-se. Um novo tempo começará em Primeiro de Janeiro.

Quem viver verá.

 

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