Em 20 anos, gastos com campanha à presidência aumentaram 380%
Amigos ouvintes, agora vamos comentar um outro tema ligado às eleições de outubro: o custo exagerado das campanhas políticas, que só faz aumentar a cada período eleitoral.
Este ano, os 11 candidatos à presidência da República registraram na justiça eleitoral uma previsão de despesas de campanha no valor total de quase um bilhão de reais. A maior parte desse custo vai para os programas eleitorais na televisão, cada vez mais sofisticados e caros. Verdadeiros espetáculos televisivos, criados por marqueteiros de publicidade e não jornalistas, com cenas externas, atores contratados e efeitos em computação gráfica.
Segundo um levantamento do Tribunal Superior Eleitoral, o TSE, esse valor é nada menos que 380% maior que o declarado nas eleições presidenciais de 1994, que foi o primeiro pleito em que empresas puderam financiar campanhas eleitorais.
É muito dinheiro, vindo em sua grande parte de doações dessas pessoas jurídicas, sem falar do fundo partidário, que em 2014 distribuiu 365 milhões de reais às agremiações. E o que é pior: o TSE revela que em todas as seis eleições presidenciais desde a redemocratização o candidato que declarou o maior orçamento terminou eleito. Por isso, não é de se espantar que algumas empresas acabem fazendo das eleições um verdadeiro investimento financeiro. Afinal de contas, a tendência é que um representante político acabe atuando mais a favor de quem financiou sua campanha, e não a favor de quem o elegeu.
Esse cenário de virtual toma-lá-dá-cá nos financiamentos eleitorais acabou criando as condições favoráveis para que as campanhas no Brasil sejam das mais caras no mundo. Para o Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro, o Iuperj, aqui o custo per capita de cada voto é de mais de 10 dólares. Na Alemanha, por exemplo, é de pouco mais de dois dólares e vinte centavos. No Reino Unido, apenas 77 centavos de dólar e, na França, míseros 45 centavos.
Vale aqui relembrar uma excelente ideia de Mario Covas, ex-governador de São Paulo falecido em 2001. Para ele, ao invés de se produzir caríssimas propagandas eleitorais para o horário gratuito de televisão, os candidatos ao Executivo que chegassem a um segundo turno deveriam realizar debates ao vivo pela TV. “Olho no olho”, como ele dizia. Seria mais útil, mais barato e envolveria mais a sociedade nas propostas de políticas públicas apresentadas.
Está aí uma ideia simples e que vale a pena cobrar de seu candidato. Aqui na vozdocidadao.com.br vocês podem ler a íntegra do artigo de Mario Covas, publicado originalmente em 1990. Sem dúvida, uma aula de ética na política e cidadania exemplar.
Domingo que vem a gente volta! Até lá!
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