O maior resultado prático da Lei da Ficha Limpa até agora
O maior resultado prático da Lei da Ficha Limpa até agora
Foi o juiz Márlon Reis quem fez a melhor observação sobre o processo de cassação do agora ex-senador Demóstenes Torres, numa entrevista à imprensa publicada hoje.
Para o juiz Márlon, a existência do processo em si já foi uma grande vitória da Lei da Ficha Limpa, aprovada definitivamente pelo STF no primeiro semestre deste ano. Palavras dele: “Sem a Lei da Ficha Limpa, esse caso acabaria em renúncia. Com ela, Demóstenes sabia que, se renunciasse, ficaria inelegível por todo o seu mandato além dos oito anos. Só poderia se recandidatar em 2026”. Quem não se lembra dos casos de Renan Calheiros, Antonio Carlos Magalhães, Jader Barbalho, Roriz e José Roberto Arruda?
Vitória da cidadania e dos quase 5 milhões de cidadãos conscientes e atuantes que pressionaram pela aprovação deste marco de transparência e ética na política.
Agora vamos fazer um desafio aos que nos acompanham neste espaço. Como se sabe, o resultado foi de 56 votos a favor da cassação, 19 contra e 5 abstenções. Pois bem, será que conseguiríamos determinar de quem seriam esses 24 votos corporativos de políticos? A questão é grave, afinal são políticos que demonstram colocar seus interesses corporativos e pouco transparentes acima dos interesses da cidadania. Por mais que a opinião pública já venha manifestando seguidamente que não tolera mais a cultura de jeitinho e da impunidade que nossa classe política insiste em cultuar.
O site Congresso em Foco já deu uma boa partida nessa busca e acaba de publicar uma lista de pelo menos 40 votos que foram favoráveis à cassação. Mais quatro políticos que tristemente preferiram não comentar como votaram. Temos portanto 37 políticos que ainda devem satisfações claras ao seu eleitorado e à sociedade em geral. Para isso, precisamos compilar esta lista dos 24 senadores que se alinharam à “banda ruim” da política. Em vários sítios na internet, já começam a surgir nomes. Vários deles são os próprios senadores que estão divulgando, seja através de entrevistas ou nas redes sociais. Basta chegar aos 56 nomes que aprovaram a cassação. O resto é tristeza, como diria o sambista.
Como bem disse o nosso Merval Pereira, “a cassação de Demóstenes Torres representa apenas um primeiro e tímido passo do Congresso na busca da credibilidade perdida”.
E A Voz do Cidadão complementa, “credibilidade que somente será recuperada com a ação dos cidadãos conscientes e atuantes, através das redes e organizações da sociedade civil”.
É preciso, sempre, valorizar e usar as instituições de Estado, participar, fiscalizar e cobrar dos políticos um atuação transparente, ética e voltada ao bem comum e não a interesses político-partidários de ocasião.