Bolsa Copa, a mais nova bolsa do governo
Aproveitando que hoje temos o início de mais uma Copa do Mundo, vamos hoje falar de mais uma iniciativa do governo que só mostra o quanto se desentende o real papel de um Estado.
Acaba de ter mais um capítulo a polêmica envolvendo o tricampeão Tostão, iniciada dois anos atrás, quando o ex-jogador da seleção brasileira de futebol divulgou um artigo criticando a idéia de se dar um prêmio em dinheiro aos jogadores campeões de Copas do Mundo.
Naquela época o projeto não foi adiante mas, agora, o presidente Lula enviou em caráter de urgência ao Congresso um projeto de lei reeditando a idéia, chamada de Bolsa Copa do Mundo. Se aprovado pela Câmara e pelo Senado, 37 jogadores titulares e reservas das 5 copas conquistadas terão o direito de receber R$ 100 mil, mais uma mesada vitalícia de até R$ 3.400,00. E, caso o atleta já tenha morrido, a esposa tem o direito de receber o benefício.
Infelizmente este é mais um triste capítulo na confusão sobre o real papel do Estado e que temos sempre comentado aqui. A idéia de se dar incentivos na forma de distribuição pura e simples de dinheiro não é nova, mas tem tomado contornos de obsessão nos últimos anos. E, claro, sempre com o dinheiro do contribuinte e por causas altamente questionáveis. Acabaremos transformando o Brasil numa autêntica “boutique de bolsas” como já se está dizendo na internet.
Senão, vejamos o que já temos até agora. Temos a maior de todas, a Bolsa-Família – união de outras duas bolsas anteriores, a Bolsa Escola e a Bolsa Alimentação – e que beneficia mais de 11 milhões de famílias.
Até aí, tudo bem. Mas não podemos nos esquecer da polêmica Bolsa Ditadura, que indenizada torturados pelo regime militar. E agora também teremos uma outra Bolsa Copa aliada a uma Bolsa Olímpica (para policiais que irão trabalhar nos dois eventos). Fora as bolsas que já temos “em estoque”, como a Bolsa Permanência (de 300 reais mensais para alunos do Prouni – Programa Universidade Para Todos), o Bolsa Trabalho, dos governos estaduais, e as famosas Bolsas Sanduíche, para pesquisadores.
Isso tudo sem falar nas tentativas mais “criativas”, digamos assim, como o Bolsa-Tráfico (para jovens em comunidades dominadas por traficantes), o Bolsa-Celular, o Bolsa-Geladeira ou o Bolsa Estupro, que acabaram não passando no Congresso.
Com tanta bolsa assim, que paga a conta mais uma vez é o bolso dos cidadãos pagadores de impostos. Ou seja, nós mesmos.