As janelas quebradas do Congresso
Ainda sobre a repercussão da entrevista do senador Jarbas Vasconcelos para a revista Veja desta semana, hoje vamos falar de uma teoria criada por dois americanos, George Kelling e James Wilson, ainda nos anos oitenta.
É a famosa “Teoria da Janela Quebrada”, que preconiza que um local – qualquer um – que esteja coberto por pichações e cheio de lixo, fará com que os cidadãos se sintam inseguros e acabem por induzir outros a se comportarem mal em relação ao seu entorno. O nome da teoria – “Janela Quebrada” – vem da observação de Kelling de que algumas janelas quebradas em um prédio vazio levam rapidamente a mais vidros quebrados, mais vandalismo, e até roubos. Ano passado, pesquisadores holandeses comprovaram cientificamente a teoria de Kelling, demonstrando que a tendência das pessoas a se comportar de uma determinada forma pode ser estimulada ou enfraquecida, dependendo do comportamento que observam nos outros. A conclusão foi a de que um exemplo de desordem, como pichações ou sujeira, pode realmente estimular outro, até pior, como roubo. Hoje, como medida preventiva contra crimes, várias cidades pelo mundo procuram simplesmente se manter em ordem e limpas, removendo pichações e coletando rapidamente o seu lixo de rua.
Assim, chegamos ao nosso Congresso e ao que o nosso senador Jarbas Vasconcelos vomitou sobre o mesmo. Com a atual cultura de impunidade cada vez mais enraizada, a mensagem que se reforça aos cidadãos é a de que o caos reinante faz parte natural do processo político e que não há nada a ser feito. Dizem que é o “custo da democracia” quando, na verdade, é o custo da demagogia. Nesse sentido, as denúncias do senador são tratadas como um simples desabafo sem maiores consequências; o que, por si só, é grave pois desmobiliza qualquer iniciativa da cidadania.
Por isso, convidamos mais uma vez o nobre senador Jarbas Vasconcelos a efetivamente capitanear um movimento que restaure a dignidade e o senso de bem público que deveriam ser inquestionáveis em nosso sistema político.
Senador, ajude a cidadania e as organizações da sociedade civil a manter limpas e intactas as janelas do seu, do nosso Congresso Nacional. Até porque o senhor ganha para isso e é o cidadão que paga por essa conta!