Tributação regressiva no Brasil pune as classes menos favorecidas
Vamos iniciar este comentário com uma pergunta simples: quem de nós consegue chegar ao final do mês com o salário que ganha? Infelizmente, hoje em dia muito poucos conseguem, não é mesmo?
Muitos culpam genericamente o governo, a empresa onde trabalha, ou até a si mesmo, que não consegue arrumar um emprego para ganhar melhor. O que pouca gente se dá conta é que a maior parte desse problema está em nosso sistema tributário, que é aquela malha complexa de impostos, taxas e contribuições que os governos cobram dos cidadãos.
No Brasil, em qualquer produto ou serviço que consumimos estão embutidos – escondidos mesmo – uma série de impostos que acabam tornando o preço ainda mais caro. Com isso, boa parcela do que ganhamos vai embora para o governo sem que a gente se dê conta.
Esse conjunto de impostos é a chamada “carga tributária” que, aqui, é do tipo “regressiva”, ou seja, ela afeta mais quem ganha menos. Por exemplo, segundo estudos do Sindifisco, o Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal, uma família que ganha hoje dois salários mínimos vê 46% da sua renda se desaparecer por causa dos impostos. No entanto, uma família que ganha 30 salários mínimos, 16% do valor da renda vai para os mais diversos impostos.
E a variedade de impostos sobre produtos e serviços é enorme, e sempre com siglas indecifráveis para o cidadão comum: PIS, COFINS, ISS, IPI, ICMS, e por aí vai. Com isso, a arrecadação do governo é enorme. Segundo o Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo, até esta semana, o governo já tinha arrecadado mais de 735 bilhões de reais em impostos. E onde estão as melhorias em saúde pública e educação básica? É bom pensarmos sobre isso.
Para quem quiser ter uma noção exata do quanto a carga tributária pesa no bolso de cada um de nós, vale a pena conhecer o levantamento completo realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, o IBPT, em valores de 2009. Por exemplo, o arroz da cesta básica seria 15% mais barato sem os impostos. O cimento, 30% e o pão francês, 17%.
Taí um bom tema para debate entre os candidatos a presidente este ano. O que eles pensam da carga tributária brasileira e o que pensam fazer para reduzir esse peso absurdo sobre os que ganham menos?