Generosidade

Revista Época – 28.07.2008

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Escola de cidadania

Um instituto criado por um publicitário ensina a importância de participar
NELITO FERNANDES

O publicitário Jorge Maranhão já perdeu as contas do número de vezes que ouviu frases como “isso não adianta, ninguém está nem aí para o que você está fazendo”. Nunca concordou com elas. Há 20 anos, teve a idéia de fundar um instituto para explicar às pessoas o que é e como se exerce a cidadania. O projeto se concretizou em 2003, quando ele finalmente pôde inaugurar o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão. Hoje, ele mantém um portal na internet, participa em emissoras de rádio, promove cursos de cidadania em empresas e entidades e publica livros sobre o assunto.

“Você só é cidadão quando entende e tem acesso a seus direitos civis e deveres”, diz ele. Duas vezes por semana, Maranhão dá palestras sobre o tema. As Oficinas de Cidadania têm 15 módulos, com 80 horas de duração. Maranhão não cobra pelo trabalho quando fala para entidades, mas as empresas pagam: é daí que vem o dinheiro que sustenta o projeto. “Não somos uma ONG, somos uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). O projeto se sustenta”, diz ele, com orgulho. Além da Oscip, ele dirige uma agência de publicidade.

Dez pessoas trabalham no comitê do instituto organizando o material das palestras e fazendo contato com possíveis interessados. Convencido de que sozinho não vai mudar o mundo, Maranhão aposta que os próprios cidadãos já conscientes ajudem na formação de outros. Para isso, o instituto fez a campanha “Selinho da Cidadania”: todo participante adota dez pessoas, para as quais explica o que é cidadania e como elas podem ajudar no projeto. Assim, forma-se uma corrente. Para simplificar o tema e torná-lo mais compreensível, Maranhão lançou cartilhas lúdicas com paródias de séries conhecidas. Inspirado na coleção de frases “Amar é…”, criou “Cidadania é…”.

O site, que segundo Maranhão recebe cerca de 50 mil visitas por mês, publica artigos, registra problemas enviados pelos leitores e cobra soluções. Na área “Cidadãos Exemplares” aparecem iniciativas originais, como o blog criado por um internauta só com flagrantes de estacionamento irregular de carros na calçada. “Nós destruímos a ditadura, mas não construímos a democracia. Temos de parar com essa história de que o Brasil foi explorado e de que tudo começou errado quando vieram os portugueses condenados para cá. A Austrália era um presídio, veja como está hoje. Cultura se muda, sim. Se a educação vai durar anos e a Justiça é inoperante, só nos resta a mídia para mobilizar e conscientizar os cidadãos”, diz ele.

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