AGU defende nova prova de Enem apenas para os prejudicados
Hoje vamos falar de toda essa confusão que está acontecendo por causa do Enem. Como todo mundo sabe, muitos alunos que prestaram o exame foram prejudicados por erros na montagem e impressão dos cadernos de provas, o que motivou a justiça do Ceará a suspender o exame, inclusive a divulgação dos gabaritos oficiais.
E você aí que está nos ouvindo? Prestou o exame ou conhece quem fez? Diante do clima de confusão que acabou se criando até na internet, gostaríamos de chamar a atenção para dois pontos fundamentais. Em primeiro lugar, dos mais de 3 milhões de estudantes que prestaram as provas, não chegam a 3 mil os que foram prejudicados. Em segundo, o governo federal investiu quase 190 milhões de reais para a realização do exame. Dinheiro público, que é seu, meu, nosso. E que por isso não pode ser jogado fora como se não fosse de ninguém.
Com base nesses dados, a Advocacia-Geral da União já avisou que vai entrar com um recurso contra a decisão da justiça cearense. A instituição acredita que o Enem deva ser validado e que somente os quase 3 mil alunos tenham o direito de fazer uma nova prova. Segundo Luís Inácio Adams, advogado-geral da União, é preciso garantir aos mais de 3 milhões de estudantes que fizeram a prova com cadernos válidos o direito de receber a avaliação, assim como deve-se garantir aos que foram prejudicados uma nova avaliação.
Independente da questão se o atual formato do Enem deve ser mantido, se o exame deve ser abolido ou aperfeiçoado, é fundamental entendermos que esta é uma matéria pública e que será ou não resolvida com recursos igualmente públicos. Se a prova atual já foi toda planejada, preparada e aplicada, que seja aproveitada, sempre respeitando o direito de todos a uma avaliação justa.
Do contrário, mais uma vez corremos o risco de politizar e judicializar todos os fatos que ocorrem no país, e assim tratar a res publica, ou seja, a coisa pública, como algo que não tem nada a ver com a gente e sim com a eterna disputa de políticos por poder de cargos e comissões. Pensem nisso: o direito da minoria jamais pode se sobrepor ao da maioria.